Uma arquiteta que não acreditava no amor e uma CEO que ensinava a amar, um clichê em todas as linhas e em uma língua universal.
Meredith Grey é uma mulher na casa dos trinta anos, completamente bem sucedida e fundadora do blog amor.com, uma rede de...
Meredith colocou o brinco na orelha enquanto olhava-se no espelho e escutou o som do celular, saiu do closet seguindo em direção a cama e o pegou.
Ocupada? 19:45.
Ainda não, algum problema? 19:46. Visto.
Não, aonde vai? 19:47.
Entrevista, lembra? 19:47. Visto.
Agora lembro. 19:48.
Meredith riu nasalado sentando na cama
Você ta bem? Lexie me contou sobre a discussão com meu pai. 19:48. Visto.
Não foi nada demais, apenas um cliente sem senso de humanidade. 19:49.
Ela me falou que isso sempre acontece. 19:49. Visto.
Ela não mentiu. 19:49.
— Meredith você ta pronta? Temos que ir — Callie disse da porta, a loira a olhou.
— Sim.
Preciso ir, nos falamos mais tarde, até mais. 19:50.
Bloqueou a tela do celular colocando-o dentro da bolsa e seguiu Callie até a sala.
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Addison respondeu a última mensagem da loira e deixou o celular de lado, escutou o barulho da porta e seguiu até ela, abrindo e vendo Amélia com uma caixa de pizza nas mãos.
— Qual foi o milagre de você ter batido na porta?
— A Meredith poderia estar aqui — Disse com um sorriso lascivo nos lábios.
— Ela teve uma entrevista agora a noite, só vamos nos ver no final de semana — Dizia enquanto voltava para a varanda.
— Quer conversar?
— Sobre o que?
— Sobre você ta apaixonada.
— Mark foi se queixar com você?
— Não — Disse deixando a caixa sobre a mesa em frente ao sofá onde a ruiva estava sentada e sentou ao seu lado.
— Então?
— Se nota a quilômetros de distância isso.
— Não me parece ser grande coisa.
— Os quilômetros de distância?
— Isso, sentir isso — Deu de ombros encarando a cidade.
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Meredith terminou a entrevista e deu alguns autógrafos, assim que tudo foi finalmente finalizado, ela junto as amigas e a April foram a um restaurante não muito longe da emissora.
A conversa seguia tranquilamente, entre algumas risadas e assuntos sobre o casamento que estava cada segundo mais próximo de acontecer, Cristina e Meredith brigando a todo o tempo e Callie as apartando.
A loira não podia negar que estar com as amigas eram algo crucial em sua vida, desde que as perdas começaram a ocorrer em sua vida, Cristina sempre esteve ali, sendo forte por ela, era a irmã que jamais poderia ter, mesmo tendo Lexie, amava sua irmã, mas Cristina e ela tinham uma ligação diferente.
Callie chegou um pouco tarde em sua vida, mas havia lhe dado tanto apoio quanto a asiática, havia sido sua amiga instantaneamente, lhe arrancando risos fáceis, aceitando sua loucura e sendo louca junto a ela, se tornando uma outra irmã, completando o trio.
Se de uma coisa ela não tinha o que se arrepender era de ter as duas em sua vida, alegrando o que às vezes ela não acreditava que poderia ser alegre, dois portos, os dois colos que ela sempre recorria quando precisava rir ou chorar.
Assim que adentrou o apartamento junto as amigas, separaram-se seguindo para seus quartos, tomou um longo banho e quando saiu viu Lexie sentada em sua cama, deitou batendo na cama fazendo-a deitar também e a abraçou, beijando-a nos cabelos, estava completamente satisfeita com a sua pequena e louca família, não havia porquê pedir mais, na verdade ela nem mesmo sabia se queria mais.
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Addison caminhou pela cozinha buscando por xícaras enquanto a cafeteira fazia seu trabalho junto a torradeira, Amélia ainda dormia, mas ela sabia que a morena não demoraria a acordar.
Suspirou em cansaço seguindo para a geladeira em busca dos ovos e do bacon que fritaria, havia passado boa parte da noite encarando a cidade em silêncio junto a Amélia que por algum motivo não fez piadas por ela gostar de Meredith — já que sempre fazia — e a outra parte da noite terminando uma planta, já que não tinha sono algum, pois seus pensamentos se infiltraram em sua mente causando insônia.
Mas decidiu que deixariam as coisas acontecerem, o que de errado poderia dar se apaixonar pela primeira vez? Sua mente logo gritou que tudo poderia dar errado e ela decidiu ignorar aquele pensamento pessimista, poderia fazer Meredith se apaixonar caso não tivesse algum retorno vindo da loira, certo? Certo, mas por hora, deixaria a vida seguir seu curso, sem interferências maiores ou drásticas, não precisava de um clichê, na verdade os odiava, então faria tudo estar de acordo com a vida real, manteria a calma e deixaria acontecer, não havia nada mais a fazer além disso, viveria um dia de cada vez e cada surto como se fosse uma brisa.
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Sobre estarmos disposto a compartilhar uma vida, sejamos sinceros, é uma completa loucura, não nos achamos bonitas durante a manhã e babamos enquanto dormirmos, mas idai? A irrelevância de alguns detalhes são tão grandes que esquecemos como é importante viver e apreciar, afinal a vida torna-se tão insignificante quando não estamos com quem desejamos estar e tão triste quando jamais poderemos estar junto a ela, um conto de fadas sem as fadas e com algumas pitadas a mais de dor, é tão simples amar sem complicações, é tão simples dizer que ama, mas há certas coisas que não precisam ser ditas.
Meredith encarou a tela do notebook, não achava que aquilo estava bom, algo faltava dentro dela, algo não fazia sentido, novamente sentiu-se hipócrita por não vivenciar o que escrevia e inspirava outras pessoas a sentirem.
Fechou a tela do notebook respirando junto enquanto passava as mãos no rosto e virou-se em direção a janela que agora estava aberta, sentou-se no sofá posto na varanda e abraço o próprio corpo quando uma brisa fria bateu contra seu corpo e encarou os prédios e carros, também observou algumas pessoas que caminhavam mais abaixo nas calçadas, naquele momento tudo o que sentiu além de vazio foi vontade de ir para casa e adoraria saber onde ela ficava.
Entre o sentir absolutamente tudo e não sentia completamente nada estavam em uma briga profunda dentro de seu ser, a beira do desespero e da confusão, sua mente dava voltas e mais voltas, seu estômago embrulhou, seus olhos marejaram e seu ar pareceu sumir por uma leve fraçãose segundos e palavras ditas por Ellis a tantos anos antes ecoaram em sua mente.
Você nunca vai ser feliz — Fora o que ela lhe disse quando indagou que seria feliz longe dali e naquele momento, de volta a Seattle depois de tanto tempo, ela começava a cogitar a possibilidade de Ellis ter completa razão.