Capítulo 16

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- Coincidência... O Edu me contou que vocês moravam aqui, mas não sabia o endereço de vocês... - Tetê comentou com Rafa. - Deve ser legal morar perto de praia, né?!

- Ãh? - Apesar de estar dividindo uma cerveja com Tetê, a atenção de Rafa era no lado de fora do restaurante, onde estavam Edu e Carol. - Nós fomos na praia sim...


Tetê sorriu.


- Nao foi isso que eu perguntei...

- Oi? - A menina sorriu e Rafa sorriu de volta. Sem graça. - Desculpa... Eu me distrai...

- Fica tranquila... O Edu sempre fala da Carol. Ele adora ela... - Fez um sinal com o queixo em direção aos dois irmãos. Eles pareciam discutir. - Isso aí é coisa de irmão... - Tetê afirmou. - Faz tempo que vocês namoram?


Carol estava furiosa com Edu. Apenas aceitou conversar com ele pois sabia o quão teimoso o irmão poderia ser. Para ela a arma na cintura do garoto já explicava qualquer coisa, mas ainda assim Edu insistia em se explicar. Como o bate papo entre os dois era delicado, Edu sugeriu que Tetê fizesse companhia a Rafa enquanto ele e Carol dialogavam. O tom do papo entre os irmãos não era nada leve.


- Não sei qual é o teu, lance... - Edu replicou. - Você nunca foi careta...

- Uma coisa é bolar pra relaxar, em uma festa, pra curtir... Outra bem diferente é virar bandido! - Carol jogou na cara de Edu.


Seu irmão mais velho explicou que arma fazia parte de um emprego que havia arranjado. Edu era uma espécie de "traficante de luxo". O garoto repassava drogas da maior qualidade para pessoas da alta sociedade. Dependência química é um mal que não escolhe cor, sexo e muito menos conta bancária. Muita gente de dinheiro é viciada em drogas. Para conseguir o produto para seu consumo tinham que ter disposição de entrar em favela ou ter contato com alguém para fazer imediação, fato que encarecia o produto que nem era de tão alta qualidade.


Inteligente como sempre foi, Edu usou sua posição social como um belo disfarce. Quem desconfiaria que um herdeiro Mattos Nogueira repassava produtos ilícitos. Edu não era necessitado de dinheiro, vestia boas roupas, frequentava restaurantes de luxo, seu biótipo estava bem distante do que normalmente é o das pessoas que são abordadas pela lei, Edu pegou a oportunidade com unhas e dentes. Ele não queria depender do dinheiro da família para sempre e tinha preguiça de estudar. Viu na marginalidade sua grande saída.


- Credo, Cá... Não fala assim comigo. A gente nunca ficou tanto tempo sem se ver, irmãzinha. Eu senti sua falta.

- Pelo amor de Deus, Du! Não se faz de idiota que burro você nunca foi!

- Relaxa, Cá... Que importa é que eu estou bem. Meu produto é de qualidade, não pego qualquer porcaria, misturo com talco e saio vendendo por aí... Eu tenho tirado um legal.


Carolina estava indignada.


- Tirado um legal? Eduardo, isso que você está se metendo é tráfico... Você pode ir preso! - O garoto fechou a cara. - Mano, arma só tem funcionalidade pra uma coisa!

- Você sabe que eu não curto violência! - Edu disse fazendo Carol revirar os olhos. - Essa pistola nem é minha... É do Ganso... Ele que tá fazendo eu usar... Disse que é pra minha segurança... Eu tenho uma parceria com ele que está rendendo uma grana boa e tem Zé que tem inveja da gente e quer matar.

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