Capítulo 26

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Edu e Rafaela se entreolharam por segundos. O rapaz fez um gesto negativo a Rafa. O dinheiro e a tal agenda eram as únicas moedas de troca que tinham para saírem vivos de lá. Assim que Higuaín colocasse as mãos na mochila recheada, Edu acreditava que estariam mortos. Ele não seria mais interessante a quadrilha e Rafa morreria porque sabia demais.


Rafa não tinha o mesmo raciocínio que o cunhado. Ela podia ser inteligente, mas não tinha a mesma experiência que Edu, não sabia o que passava pela cabeça de Higuaín. Em uma atitude desesperada, Rafa puxou a mochila e disse a Higuaín.


- SE A GENTE TE ENTREGAR O DINHEIRO E A MOCHILA, VOCÊ DEIXA A GENTE EM PAZ?!

- FECHADO! - HIGUAÍN AFIRMOU. - A GENTE DEIXA VOCÊS EM PAZ! DEVOLVE A GRANA!

- RAFA, NÃO!


Edu ainda tentou segurar Rafa, mas a professora de história agiu rapidamente. Segurou a alça da mochila com força e jogou em direção a Higuaín e ao seu cúmplice que estava ao seu lado e ergueu as mãos em redenção. Edu, agitado, fitava tudo sem esconder sua agonia. Apenas não reagiu pois a arma de Huguaín estava apontada para a cabeça de Rafa.


Apesar de ser um bom dinheiro, ele não colocaria a vida de Rafa nas mãos de seu ex-cúmplice armado. Ela foi a pessoa que pode contar naquele momento que era um dos piores de sua vida. Não poderia ser traiçoeiro com ela. O rapaz que acompanhava Higuaín tinha aberto a mochila e conferido tudo.



- Higuaín, acho que tá tudo certo aqui. A negona cumpriu a palavra.


Higuaín sorriu e disse a Rafa.


- Isso aí, gata... Tio Higuaín não gosta de gente metida a esperta. - Ele se divertia ao ver o desespero nos olhos escuros de Higuaín e nos verdes de Edu. Ele conhecia bem Higuaín. Não era um sujeito piedoso. - Eu vou livrar tua cara... - Pegou a mochila e começou a dar passos para trás, se afastava, mas Rafa ainda estava sob sua mira. Chegou na porta de entrada. - Eu fui com a tua cara e vou livrar ela... - Afirmou. Rafa respirou aliviada. Olhou para Edu. - Pena que não dá para te dizer o mesmo... Foi um prazer, Eistein...


Higuain virou a arma em direção a Edu e disparou. Três tiros a seco. Tudo foi muito rápido, não durou cerca de dez segundos, mas Rafa parecia ver tudo se desenvolver na sua frente em câmera lenta. Higuaín mudando a direção de sua mira, destravando a arma e em seguida atirando. Rafa levou a mão sobre a boca chocada. A expressão angustiada de Edu deu lugar a um semblante de dor que fizeram seus olhos claros se empossarem de lágrimas. Ele deu dois passos e caiu no chão ferido. Sua camisa branca e a coxa direita da perna estavam tingidas de sangue. A voz de Higuaín, já destorcida gritava para Edu morrer. O gordo apenas não disparou mais pois o cúmplice o puxou dizendo que precisavam ir. Rafa correu em direção ao cunhado. Desesperada.


- EDU! EDU!


Edu tentou dizer um "estou vivo", mas sua língua pesava horrores e não conseguia obedecer aos comandos do cérebro. Apenas saiu um suspiro entrecortado pela dor das balas. Uma foi em seu abdômen, a segunda entre os peitos e a terceira, que sangrava mais que todas, atingiu a coxa. Rafa entendia um pouco de anatomia devido aos anos dividindo apartamento com Juliana, médica formada. Na época de provas vivia ajudando a garota a estudar. Primeiro tratou de tranquilizar Edu.

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