Capítulo 31

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- Carol... Calma... - Roque engolia em seco. - Você tá maluca?


- Não é uma ideia muito inteligente chamar alguém que está armado de maluca, sabia?


As respirações de ambos estavam muito pesadas denunciando toda a adrenalina que o corpo dos dois passava. Roque estava apavorado. Ele via o ódio nos olhos de Carolina. Até a leve embriaguez por conta de algumas doses de uísque que havia tomado um pouco antes de encontrar com a garota havia passado. Nunca tinha sentido tanto medo na vida. Carol estava nervosa. As mãos seguravam a pistola firmemente, mas seu queixo parecia tremer, não de frio, mas de raiva.


- Carol... Você não é assim... Você não curte vio...

- CALA A BOCA, SEU FILHO DA PUTA! SE EU TE MATAR AQUI NINGUEM VAI SABER! QUEM DÁ AS ORDENS SOU EU, VOCÊ CALA A MERDA DESSA BOCA E OBEDECE, CARALHO! CADE AS OUTRAS CÓPIAS?

- Qu-Que outras cópias?

- VOCÊ NÃO É TÃO BURRO DE TER APARECIDO SÓ COM A ORIGINAL DESSA MERDA... CADÊ AS OUTRAS CÓPIAS? QUEM MAIS TEM? O DANIEL?

- EU NÃO... - Carol deu um passo a frente. Roque tremia a ponto de chorar. Como todo valentão, quando estava acuado não sabia como agir. - Tá- tá no... No...

- FALA DIREITO, CARALHO! ANDA!

- TÁ NO PC DO MEU APARTAMENTO... EM UM PEN DRIVER QUE TAMBEM TA EM CASA E UMA AQUI... NA CÂMERA...

- NÃO TEM COM MAIS NINGUÉM?

- NÃO!

- TEM CERTEZA?


O garoto fez um gesto afirmativo. Sem aviso prévio, o garoto fez um movimento brusco e enfiou a mão no bolso interno do agasalho que vestia. Com medo dele estar armado, Carol, querendo se precaver, mirou em seu ombro direito e atirou. No mesmo instante arregalou os olhos e se deu conta do que fez e a arma caiu de suas mãos empapadas de suor. Também surpreso pela atitude da garota e em choque pela dor, Roque foi se afastando enquanto seu casaco era tomado por uma mancha de sangue. O garoto deu dois passos para trás e alcançou a varanda. O piso da sacada estava muito escorregadio por conta da chuva. Roque deu mais um passo para trás e por conta da dor, apoiou todo seu peso em um entrelaçado de madeira.


- ROQUE, NÃO!


Carol fechou os olhos e apenas ouviu o barulho do corpo se chocar contra o chão. Apenas Siri andava viajando para Ubatuba. A casa passava por uma manutenção geral. O entrelaçado que estava ali para dar proteção não estava encaixado, mas apenas encostado as vigas e cedeu ao peso de Roque fazendo o garoto despencar do segundo andar da casa para a área externa.


- Meu Deus, meu Deus! - Carol correu até a varanda e, por conta de um relâmpago que clareou toda a escuridão do céu de Ubatuba, conseguiu ver a seguinte cena: Roque, morto, estirado no chão de sua casa. A chuva caia torrencialmente sobre o garoto que trazia um ferimento no ombro. A água que caia no chão era tingida de vermelho por conta de seu sangue. - Que merda que eu fiz!


Desesperada, Carol desceu as escadas e correu para a área externa da casa, junto do corpo. Chamou por seu nome e Roque não reagiu. Em um ato de exasperação tentou sacudi-lo, ignorando todos os protocolos de pronto atendimento. Roque não abriu os olhos, mas deu um fio de esperança a Carol pois ela constatou que o garoto respirava, portanto não estava morto, mas sim desacordado. Voltou com o corpo no chão e só então viu o que Roque trazia na mão, o objeto que havia pegado no bolso interno. Não era uma arma, mas sim uma câmera digital. Carol não acreditava.

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