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Eu estava feliz e um pouco preocupado depois que Ana aceitou meu pedido. Ainda não sei se fiz certo em pedi-la em namoro, mas foda-se, só experimentando para saber se vai dar certo ou não. Agora tenho outra questão tão importante quanto essa para tratar. Assim que voltamos para casa após o jantar, passei no quarto de Isabel. Minha filha ainda estava acordada, parece até que sabia qual seria minha primeira ação ao chegar em casa.
Porém, diferente do que ela imagina, não estava ali para brigar com ela, chamar sua atenção ou coisa do tipo. Estava ali para fazer exatamente o que Ana sugeriu, mostrar que ela pode contar comigo sempre, que estarei por perto quando ela precisar e que jamais estarei contra ela em qualquer situação parecida com a que estava vivendo.
A porta do seu quarto está entreaberta, empurro em busca de passagem. O lugar não está tão escuro apesar de ter as luzes apagadas. Entretanto, um abajur em forma de flor está ligado sobre o criado mudo, ao lado da sua cama. Isabel está deitada de lado, de frente para o abajur, coberta até a cintura por um edredom cor de rosa com flores brancas. Os braços repousados em frente ao seu rosto, uma mão sobre a outra e por cima delas parte do seu rosto, como um verdadeiro anjinho.
Me aproximo mais da sua cama, ela parece sentir minha presença e abre os olhos.
- Papai! - sussurra.
- Boa noite, princesa. - sussurro de volta, enquanto sento ao seu lado - Não queria te acordar. - digo fazendo um carinho em seu rosto.
- Eu não estava dormindo. Na verdade, não consegui dormir ainda. - revela e noto uma certa preocupação em seu rosto.
- Anastasia me contou tudo que você disse para ela. - revelo de uma vez.
Como um animalzinho acuado, com medo do próximo golpe que pode levar, Isabel se senta mais do que de pressa na cama, se afasta encostando as costas na cabeceira da cama, encolhe as perninhas e as envolve com seus braços.
Eu nunca vi minha filha com tanto medo como agora, isso me surpreende e não é de uma boa maneira. Só me faz lembrar da dor da culpa que senti assim que Ana me revelou tudo que minha filha havia lhe contado sobre o tratamento que recebia da própria mãe, e que até agora não me desceu o fato de que ninguém conseguia perceber nada.
- Eu não estou aqui para brigar com você, meu amor. - tento soar o mais amável possível, além de tentar passar a confiança que ela precisa sentir em minhas palavras.
- O senhor não vai brigar. - pede me olhando com os olhinhos brilhando pelas lágrimas que se acumulam.
- Não minha princesa. - ofereço minha mão.
Ela olha por um momento então segura e eu a puxo para meus peito, envolvendo meus braços em volta do seu corpinho e a abraço forte, tentando demonstrar toda proteção que não pude dar a ela anteriormente.
Isabel solta um soluço, então sei que não aguentou mais segurar o choro, assim como eu. Sinto seu corpinho tremendo, afago suas costas sem soltá-la.
- Me perdoa! - peço, sentindo um nó na garganta que quase me impede de falar - Perdoa o papai por não ter percebido nada! - minha filha chora ainda mais, porém sinto sua cabeça balançar em afirmação.
Afrouxo um pouco meu aperto em seu corpinho e a afasto para que me encare, ela fica ajoelhada na cama, de frente para mim, e mesmo sentado nossa diferença de altura ainda é grande.
Seu rostinho está vermelho e banhado pelo choro. Levo minhas duas mãos para a evolver seu rosto, passo os polegares por suas bochechas, limpando como posso e levando um pouco seu rosto para que foque seu olhar no meu.
- Quero que saiba que o papai sempre estará aqui para quando você precisar. Não tenha medo, nem vergonha de falar comigo sobre nada, principalmente se for sobre algum mal que estejam fazendo a você, entendeu? - novamente ela apenas balança a cabeça confirmando - Eu estou aqui para te proteger de tudo! Quero que me veja não apenas como seu papai, mas também como amigo, ok?! - peço.
- Ok... Eu te amo papai. - essa frase me fez desabar de vez.
Puxei minha filha para meus braços novamente, sentindo seus bracinhos em volta do meu pescoço, seu rostinho deitado em meu ombro e seu coraçãozinho acelerado contra meu peito.
- Eu também te amo, minha princesa. Amo muito! - declaro.
Ficamos abraçados por um bom tempo, até que sinto seu corpinho relaxar contra o meu e sua respiração mais pesada.
Ela dormiu!
Com todo cuidado para não acordá-la, acomodo-a de volta a cama, cobrindo seu corpinho da mesma forma como estava quando cheguei e saio do seu quarto sentindo meu coração um pouco mais leve.
🍃🍃🍃
No dia seguinte faço uma reunião com minha família, na qual passo para eles tudo sobre os maus tratos que Isabel sofria. Nem preciso dizer que todos ficaram chocados, certo? Minha mãe e Mia estavam aos prantos e, assim como eu, estavam se perguntando como nunca notaram nada. Apenas usei as mesmas palavras que Ana me disse enquanto me questionava da minha falta de atenção. Porém isso não as tranquiliza.
Já Elliot e meu pai, além de muito revoltados, juraram intensificar ainda mais as buscas por Leila.
- Eu vou buscar essa mulher até no quinto dia infernos, mas ela vai pagar por todo mal que fez a minha neta. - garantiu meu pai e assim o fez. Porém aquela víbora parece ter sumido como fumaça. E não é só por ela que estamos atrás, ainda tem a pessoa que a ajudou a sair daqui.
Buscamos em todos os registros das câmeras da casa, mas a pessoa que a ajudou parecia saber muito bem o que estava fazendo. As imagens não conseguiram pegar nada desta pessoa, nem um flagrante. Pelos registros ela entrou com o carro que usou para tirar Leila daqui e não saiu dele por momento algum.
O que ainda me deixa preocupado por não ter certeza de se essa pessoa ainda está por aqui ou não. Se é algum dos funcionários que trabalham aqui em casa, ou se foi alguém de fora. Mas se fosse o caso, como teria entrado?
Não é permitida a entrada de estranhos, o que me faz crer na primeira possibilidade. Essa pessoa ainda está por aqui. Mas não vou fazer alarde sobre isso, assim como meu pai instruiu. Leila pode querer usar essa pessoa para se aproximar, ou ter informações sobre o que está acontecendo por aqui.
E uma hora ou outra essa pessoa vai acabar pisando em falso e vamos pegá-la. Só precisamos ficar atentos aos passos de todos nossos funcionários, deixamos Taylor com essa responsabilidade. Sua formação e experiência em segurança e investigações será de suma importância neste momento.
Nada nem ninguém fará mal algum a qualquer pessoa da minha família. Não mais.
Até o próximo capítulo 😘 Ps.: Perdão pelos possíveis erros!
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