Capítulo 17

2.6K 350 67
                                    

*Revisado*


📑Boa leitura 😘


Algo me faz despertar, não sei ao certo o quê. Olho em volta e ainda estou no mesmo lugar onde paramos para descansar, mas Isabel não está aqui.

Essa garota vai me dar mais trabalho do que eu pensava!

- Nossa, já estou pensando igual aquela bruxa?! - faço um sinal da cruz, sem deixar de rir da minha lembrança. Uma lembrança ruim, mas não deixa de ser uma lembrança..

Espero que não traga para meu dia a dia o lado ruim de tudo que aprendi lá também. Deixo meus pensamentos de lado, começo a me levantar, focando em procurar Isabel.

Uma menina como ela não deve estar muito longe, a não ser que alguém a tenha encontrado. Paro no mesmo momento e me recordo do acidente. Passo a mão na testa e não sinto nada, olho para minha perna e também não tem nada, e me surpreendo ao notar que minhas roupas estão limpas.

- O que está acontecendo aqui? - penso em voz alta.

Eu lembro de ter chegado aqui com a perna e a cabeça machucadas, além de estar toda suja e com o corpo dolorido, mas agora estou assim.

Será que tudo não passou de um sonho? Não pode ser. Saio andando apressada, procurando pela menina, fazendo o percurso que nos trouxe até aqui.

- Isabeeel... - vou gritando, pedindo a Deus que esteja tudo bem com ela.

Estou chegando próximo onde deixamos o carro, ele ainda está lá, mas não tem ninguém. Meu olhar se foca mais ao longe, após o carro, e não acredito no que vejo. O velho nojento Roger está praticamente arrastando Isabel para outro carro.

- Me solta, por favor! - a menina suplica aos prantos, esperneando, tentando a todo custo soltar seu braço do aperto do punho de Roger.

- Vamos logo garotinha, você agora é minha e ninguém vai tirar você de mim. - ele diz firmando o aperto em seu braço e a sacudindo. O choro de Isabel aumenta à medida que os dois se aproximam do carro.

- Isabel! - grito o mais alto e forte que posso, ao ponto de sentir minha garganta arder, como se milhares de estilhaços de vidro estivessem passando por ela - Solta ela seu velho nojento! - meu peito doía enquanto eu implorava.

Comecei a correr na direção deles sem privar minha garganta, gritando a puro pulmões, como se minha vida dependesse disso. Quanto mais corria, mais ficava longe deles, mais difícil era alcançá-los, mesmo que eu os estivesse vendo à minha frente.

Meus gritos eram em vão, Roger não escutava meus pedidos agonizantes e Isabel parecia não ver meu desespero para alcançá-la e livrá-la daquele destino cruel. Mesmo sentindo como se minha garganta estivesse em carne viva, eu não parava de gritar, e já estava sentindo que minha voz estava ficando cada vez mais baixa, mais rouca, mais inaudível.

Mesmo sentindo minhas pernas cansarem, quase sem força para continuar, eu não me permitia abalar e continuaria, nem que precisasse me arrastar para alcançar aquela menina e salvá-la de ter, nem por alguns minutos, o tipo de vida que eu levei esses anos.

Mas eu não consegui. Antes de minha voz acabar e de minhas pernas me abandonarem, meus olhos se fecharam como uma cortina grossa de teatro ao final da apresentação. Nada mais eu senti, nada mais eu ouvi, nada mais eu vi, a não ser a penumbra da escuridão ao meu redor, que logo me deixou inconsciente novamente.

Meu Desejo Onde histórias criam vida. Descubra agora