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Olá estranho, meu nome é Caroline mas por favor me chame de Carol.

Estou no segundo ano do ensino médio, rodeada de pessoas que dizem querer meu bem mas não dão a mínima pra ele realmente.

Estou sozinha, todo mundo está. Mas isso não é mais um problema pra mim já que eu me acostumei com o vazio... talvez isso seja um pouco triste mas eu realmente não me importo.

A vida perdeu todo o seu sentido e eu não tenho mais um porquê de estar aqui, não tenho um propósito. Realmente não faz a mínima diferença... só gostaria de achar uma razão pela qual eu gostaria de acordar, pela qual eu desse um sorriso verdadeiro.

Acho que não estou pedindo muito, só um motivo para sorrir já que eu não tenho nenhuma vontade de fazer tal coisa.

Talvez você se pergunte "por que uma menina em plena juventude, aparentemente inteligente e com alguns amigos ao redor se sente assim, sozinha?" eu lhe respondo:

Sim, talvez eu seja rodeada de pessoas, dê risadas falsas e me obrigue a conversar. Mas ninguém está comigo em meus piores momentos... todos usam máscaras para ter um pequeno momento de prazer para se sentir um jovem minimamente popular ou então uma pessoa legal mas no fundo todos nós sabemos que essa são as últimas coisas que realmente somos.

Consigo disfarçar bem, ao contrário do que você deve estar pensando.
Para meus parâmetros, sou uma menina que conversa muito e com muitas pessoas, mas somente para manter a imagem que tenho preguiça de desconstruir de menina popular, extrovertida e que tem da vida um livro aberto.

Não tenho ninguém que compartilhe minhas angústias e isso me assusta, pois quando isso acontece a probabilidade de você sair ferido é enorme. Você entregou sua vulnerabilidade na mão de alguém, você mostrou onde dói, o lugar que pode ser colocado uma faca sendo torcida até sangrar um pouco mais e, se ousar reclamar, lembre-se que a culpa foi sua de mostrar onde doía. Pelo menos penso assim.
Você que confiou nesse alguém as suas fraquezas e quando se trata disso não podemos confiar nem em nós mesmos, somos os primeiros na linha de sabotagem própria.Não gosto dessa ideia, prefiro evitar.

As pessoas só vêem o que eu deixo que elas vejam e sei que elas gostam do que estão vendo agora então irei manter.

Eu realmente não me importo, mas seria mais difícil deixar a imagem que todos já conheciam de mim e tornar reclusa pois fariam perguntas que eu não gostaria de responder.

Então essa decisão está definidamente tomada:

Eu vou me mudar de cidade, desmontar máscaras de uma menina popular que a tanto tempo vem me sufocando e me isolar totalmente, como eu quero a muito tempo.
Não me julgue falando que sou uma menina mimada que não sente o que diz, você não passou minhas dores assim como eu não senti as suas. Quero apenas ser e deixar de ser no momento mais próximo possível.
Que alguém nesse universo se compadeça e me ajude a fazer passagem por aqui.

Você agora deve achar que eu enlouqueci, e que preciso parar e pensar com mais calma antes de tomar essa decisão "importante". Mas eu já estou ponderando isso a muito tempo, não se preocupe. Quem sabe em um lugar novo eu consiga me desligar totalmente da minha antiga vida se é que sou capaz de construir algo tão do zero assim. Nunca estive aqui, não sei dizer.

Ok, eu nunca fui totalmente sozinha, mas infelizmente uma das únicas pessoa que me dava luz nesse mundo escuro se foi. Se foi sem data de volta, sem um bilhete ou uma carta de despedida, uma roupa usada com um cheiro que iria durar por alguns meses... nada. Me deixou com a sua falta e memórias. É tão difícil pensar nisso.

Mas em contraponto com meu sofrimento, fico feliz que meu irmão Rafael não ficou aqui para sofrer mais. Ele tinha sérios problemas no coração e aos dezoito anos, faleceu. Isso fez dois anos há três dias atrás. Óbvio que ninguém ficou feliz, meus pais ficaram arrasados e meu outro irmão, Renan, também ficou muito triste. Nós três éramos muito unidos mas, quando ele se foi, certa parte nossa se foi também.

Acho que junto com ele boa parte da minha felicidade foi embora se não ela toda... meu querido irmão que sempre me amparou nos meus piores momentos, e me aplaudiu de pé nas minhas conquistas. Não me julgue, parece que não dou o devido valor ao irmão que ainda está aqui, ele também se sente assim. Nos ajudamos no que conseguimos, mas não deixamos de ser dois quebrados tentando se ajudar.
Com certeza é um dos motivos por querer sair dessa cidade... todo local que olho me remete ele de alguma forma.

Nada me prende aqui e muito provavelmente nada irá me prender lá também. Quem sabe eu volte como eu disse, nada me impede. Mas agora eu quero mudar os ares, me renovar e sendo um pouquinho otimista, voltar a sentir a tal da alegria que se despediu de mim já faz algum tempo.













Heey pessoas, minha primeira história eu apresento à vocês.Estou aberta a críticas construtivas e espero de verdade que vocês curtam essa história que eu pensei com tanto carinho! Comentem e votem por favor, é realmente muito importante.

É isso crianças, até o próximo!

My Dear Confidant - DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora