Serkan virou-se para olhar a esposa adormecida. Sua cabeça estava apoiada na porta da limousine. O véu fora arrancado de sua cabeça e uma massa de renda branca estava jogada aos pés dele. Os cachos escuros dela estavam espalhados em todas as direções e escondiam seus ombros. A taça de champanhe no suporte do carro estava intocada e já havia perdido todo o gás.
Os últimos raios do sol poente banhavam um diamante de dois quilates que brilhava em seu dedo, fragmentando-se e explodindo em mil pontos de luz. Os generosos lábios vermelhos estavam entreabertos, deixando o ar entrar e sair na cadência da respiração lenta e ela ressonava delicadamente a cada expiração.
Eda Yildiz era agora sua esposa. Eda Bolat.
Serkan pegou sua taça de champanhe e brindou silenciosamente ao próprio sucesso. Era agora o dono da Art Life. Estava prestes a correr atrás de uma chance que só acontece uma vez na
vida e não precisava da permissão de ninguém. O dia havia transcorrido conforme o esperado.Tomou um gole generoso do Dom Pérignon e se perguntou por que estava se sentindo tão mal. Sua mente voltou para o momento em que o padre os declarara marido e mulher.
Olhos de mel cheios de medo e pânico quando ele se inclinou para dar o beijo obrigatório. Pálida e abalada, os lábios de Eda tremeram sob os seus e ele sabia que não era de paixão. Não daquela vez.
Forçou-se a se lembrar que ela só queria o dinheiro. Sua habilidade de fingir-se inocente era perigosa. Ele zombou de seus próprios pensamentos, virando a taça e sorvendo o que restara do champanhe.
O motorista abriu alguns centímetros do vidro que o separava dos passageiros e disse:
– Senhor, chegamos.
– Obrigado. Pode parar ali na frente.
A limusine subia a longa e estreita entrada da casa e Serkan sacudiu a esposa delicadamente para acordá-la. Ela se mexeu, soltou um ronco e voltou a dormir.
Serkan tentou reprimir um sorriso e começou a sussurrar. E então se conteve. Voltou ao seu papel de algoz com certa facilidade, inclinando-se e gritando o nome dela.
Ela se ergueu de um salto, olhos arregalados de susto. Afastou os cabelos das orelhas e olhou o amontoado de renda branca como se fosse Alice e tivesse descido pelo buraco do coelho.
– Ai meu Deus, a gente... a gente fez...?
Ele entregou a ela os sapatos e a grinalda.
– Não, ainda não. Mas é nossa noite de núpcias e eu ficarei feliz em comparecer se você estiver a fim.
– Você não fez nada por esse casamento além de comparecer. Eu queria ver você tentar organizar todos os detalhes de uma cerimônia de casamento em uma semana... eu ia me sentar e observar você desabar depois.
– Eu disse para você arrumar um juiz de paz e nada mais.
Eda riu com desdém.
– Típico macho. Não levanta um dedo sequer para ajudar e se declara inocente quando confrontado.
– Você ronca.
O queixo dela caiu.
– Não ronco, não!
– Ronca sim.
– Ronco nada! Alguém teria me dito.
– Talvez seus amantes não quisessem ser expulsos da cama. Você é bem rabugenta.
– Não sou, não.
– É, sim.
A porta se abriu e o chofer estendeu o braço para ajudá-la a sair. Ela fez uma careta para Serkan e saiu da limusine com a altivez da rainha Elizabeth.
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Um acordo irresistível [Edser] ✅
FanficUma florista ambiciosa. Um arquiteto perfeccionista. E um relacionamento por conveniência de tirar o fôlego! Esperta, impulsiva, dedicada e prestes a se formar na faculdade de paisagismo, Eda Yildiz tem apenas um problema em sua vida: a falência da...