16. Só você

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Uma semana depois, Serkan olhava sua esposa andar pelo salão como se a festa fosse dela e admitiu que tinha cometido um erro. Dos grandes.

Se fosse um homem fraco, desejaria voltar no tempo e viver novamente a cena do beijo com Selin; ele a afastaria, contaria o episódio à esposa orgulhoso, e colheria resultados diferentes. Mas como ele desprezava tais desejos mundanos dos fracos de caráter e coração, Serkan só podia fazer uma coisa: Sofrer.

Eda caminhava por entre os convidados como um pavão cintilante, vestida de vermelho forte em vez do preto sofisticado que as elites costumavam preferir. O cabelo dela estava preso num coque alto, com alguns cachos soltos em volta de seu pescoço e ombros. Quando, mais cedo, ela apareceu no alto da escada, praticamente o desafiara a fazer algum comentário, mas dessa vez ele manteve a boca fechada, fez um elogio educado à aparência dela e a conduziu até o carro.

O episódio foi acompanhado pelo mesmo silêncio frio que já durava uma semana. Serkan sentiu a irritação crescer. Ela virara uma taça de sorvete nele. Mas ela pediu desculpas? Não. Só passou a semana tratando-o com aquela cordialidade neutra que o deixava louco. Ficava fora de seu caminho, passava a maior parte do tempo em seu quarto e quase não falava durante o jantar.

Serkan tentava não pensar em como isso o fazia querer agarrá-la pelos braços e forçá-la a demonstrar algum tipo de emoção. Não queria analisar a solidão que o corroía por dentro, a saudade que sentia de seus jogos de xadrez ou de suas brigas por motivos absurdos ou simplesmente de estar com ela à noite. Sentia falta dos telefonemas irritantes dela enquanto ele estava no trabalho para falar de Otto ou para implorar que eles adotassem um cachorro do canil.

Em vez disso, tinha agora o que desejara desde o início: uma esposa apenas no nome. Uma companheira de negócios que cuidava da própria vida e o deixava em paz. E estava odiando cada minuto.

Imagens de seu último beijo passaram rapidamente por sua cabeça. No entanto, ficara confuso com o que ela dissera na noite da discussão. Será que ela não percebia o quanto ele a desejava? Serkan achou que seu interesse havia ficado muito claro na noite em que o policial apareceu. No entanto, Eda disse que ele jamais a desejaria com a mesma intensidade com que desejava Selin.

Por Deus, ele nunca havia desejado Selin como desejava sua esposa. Nunca havia sonhado com Selin, nunca havia sentido a necessidade intensa de tocá-la ou de rir com ela. Nunca havia desejado discutir, ou jogar jogos idiotas, ou ter uma vida com ela. O que estava acontecendo com ele?

Virou garganta abaixo o que restava em seu copo e andou pelo salão. Talvez fosse hora de descobrir.

💐

– Alerta de marido se aproximando.

Eda olhou para a frente e viu que Serkan se afastava dos demais convidados. Ela o ignorou e concentrou sua atenção em Miran, que, pelo brilho em seus olhos, parecia estar se divertindo.

Ela apontou o dedo para seu novo amigo e disse, em tom de brincadeira:

– Comporte-se.

– E eu não me comporto sempre, cara mia?

– Esta já é a segunda vez que você me afasta de meu marido esta noite.

Ele a conduziu em direção ao seu escritório, os saltos dela emitindo um leve clique ao entrar em contato com o chão de tábua polida. A casa de Miran era decorada em tons ricos de terracota e vermelho-escuro, e a elegância fluida do rico assoalho que permeava os quartos era contrabalançada por espelhos com molduras em dourado, tapeçarias e esculturas delicadas em mármore.

O sistema central de som tocava uma ópera. Eda gostava da sensualidade tácita na decoração de Miran.

– Então estou fazendo a coisa certa, signora. Você está triste esta noite e eu percebo que é por causa dele.

Um acordo irresistível [Edser] ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora