Um mês.
Serkan olhou pela janela da cozinha. Sirius estava deitado aos seus pés e uma caneca de café fumegante estava ao seu lado na mesa.
Vivia seus dias e suas noites como um fantasma. Estava ocupado o suficiente com o trabalho, de modo que todas as suas energias eram despejadas em seus projetos, mas passava as noites se revirando na cama, sem dormir. Pensando em Eda e em seu filho por nascer.
A campainha tocou.
Sacudiu a cabeça, despertando de seu devaneio, e foi até a porta. Tia Ayfer e Fifi aguardavam na calçada.
A tristeza se abateu sobre ele ao ver os rostos familiares, mas ele reprimiu as emoções e abriu a porta.
– Ayfer, Fifi. A que devo a visita?
Só poderiam estar ali por um motivo: para escorraçá-lo. Preparou-se para as lágrimas de Ayfe, que falaria sem parar de seu filho ainda por nascer. Esperava receber um soco de Fifi por magoar sua amiga.
Ele endireitou as costas e se preparou para o impacto. No fundo, estava surpreso que tivessem demorado tanto. Talvez a raiva da família de Eda até o ajudasse. Ele precisava sentir alguma coisa – qualquer coisa, nem que fosse dor. Uma hora ele teria de entrar em contato com ela a respeito do restante do contrato e ver o que poderia ser feito para preservar as aparências. Perguntou-se que tipo de historinha ela teria contado.
– Podemos entrar? – perguntou Ayfer.
– Claro.
Ele os levou até a cozinha. Sirius ainda não estava acostumado à presença de outras pessoas e se escondeu atrás da cortina. Ao passar pelo cão, Serkan fez um afago distraído em sua cabeça antes de pegar duas canecas e dizer:
– Tenho chá e café.
– Café, por favor. – disse Fifi.
Ayfer não quis nada, e se sentou. Serkan buscou creme e açúcar, tentando ignorar o nó em seu estômago.
– Presumo que vieram falar de Eda. – começou ele. As duas trocaram um olhar estranho.
– Isso mesmo. Ela está nos evitando, Serkan. Achamos que há algo errado. Ela não atende nossos telefonemas. Fomos até a floricultura para ver se estava bem, mas ela deu uma desculpa qualquer e nos enxotou de lá.
Fifi assentiu e continuou a partir dali:
– Ela não tem falado conosco, nem com Kaan e Melo. Resolvemos vir até aqui para tentar conversar com ela. Serkan, pode contar para nós, vocês estão tendo problemas? Onde ela está?
Aquela bizarra cena de Além da Imaginação fez sua cabeça girar. Serkan olhou as duas sem saber o que dizer. Eda não havia contado a eles sobre o bebê. Nem sobre o término. Ela não devia fazer ideia de como lidar com a situação.
Ele conteve um grunhido de agonia. De maneira alguma ele iria confessar o que havia ocorrido. Essas pessoas não eram sua família, não eram sua responsabilidade.
– Hum, acho que tem um evento hoje na floricultura. Noite de poesia.
Ayfer envolveu os dedos dele com suas mãos, e a mistura de força e gentileza que emanava dela quase fez Serkan chorar. Os olhos dela estavam pesados de preocupação, e ela disse:
- Chega de mentiras. Você é parte da família agora. Pode nos contar a verdade.
As palavras dela resvalaram na tranca da caixa que havia dentro dele. Família. Ela ainda achava que ele era parte da família. Ele queria que aquilo fosse verdade e que sua esposa não tivesse traído sua confiança. Ele baixou a cabeça e as palavras escaparam de sua boca antes que ele pudesse se conter:
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Um acordo irresistível [Edser] ✅
Hayran KurguUma florista ambiciosa. Um arquiteto perfeccionista. E um relacionamento por conveniência de tirar o fôlego! Esperta, impulsiva, dedicada e prestes a se formar na faculdade de paisagismo, Eda Yildiz tem apenas um problema em sua vida: a falência da...