Ceren pôs uma caneca de chá na frente de Eda, levando embora o cappuccino que vinha testando sua força de vontade pelos últimos minutos.
– Nada de cafeína. Tome o chá. Tem antioxidantes.
Eda deu uma risada fraca e disse:
– Tá bom, mamãe. Mas não acho que tomar um café mocha me faria tão mal assim, considerando o meu estado de exaustão.
- Cafeína prejudica o crescimento do bebê.
– É, e estresse também. E eu não estou ganhando o suficiente para ter um bebê.
– Hummm, devem ser os hormônios, mas você está mesmo muito rabugenta.
– Cen!
– Você sabe que eu gosto de te encher o saco um pouquinho. Só pra me certificar de que você não virou uma daquelas heroínas trágicas e choronas desses livros que você vive lendo.
– Vai se ferrar.
– Viu? Bem melhor assim.
Eda olhou para a amiga com carinho verdadeiro. Ia ficar tudo bem. Após um mês longe de Serkan, cada dia era um teste de vontade e força e ela era teimosa demais para se permitir o fracasso.
Não havia dito nada à família ainda, mas planejava contar tudo no próximo fim de semana. Ceren a ajudaria. E mesmo que ela ainda não houvesse conseguido o empréstimo para a expansão da floricultura e seu tão sonhado cafe, o faturamento da Sen Çal Kapimi crescia de maneira estável. Ela ia sobreviver.
Ela repetia esse mantra a cada hora de cada dia que passava longe do homem que amava, seu bebê crescendo na barriga. Ele havia feito a escolha dele, e ela precisava se conformar com a realidade.
– O conde me levou para jantar uma noite dessas.
Distraída pela perspectiva de uma boa fofoca, Eda sorriu e disse:
– E você não me disse nada?
A loira deu de ombros.
– Nós discutimos. Ele só falou de você a noite inteira. Ele está apaixonado por você, Dada.
Eda riu e disse:
– Pode acreditar em mim, não sinto nada por ele e jamais sentirei. – pôs a língua para fora com interesse. – Então vocês brigaram, foi? Acho que você finalmente conheceu alguém que é páreo para você.
Ceren riu com desdém.
– Que absurdo, Dada.
Eda contraiu os lábios com interesse, dizendo:
– Talvez ele seja o único homem capaz de bater de frente com você, amiga.
– É, realmente, a gravidez está mexendo com o seu cérebro.
Por um momento, Eda pensou ter visto um leve lampejo de mágoa nos olhos da amiga. Fez menção de dizer algo, mas nessa hora os poetas chegaram e assumiram seus lugares. Música ambiente tocava dos alto-falantes para ajudar a criar o clima. A iluminação era suave e a noite caía lá fora. A energia criativa vibrava na sala, e os poetas se alternavam para recitar seus pensamentos e sonhos ao microfone. Segurando o caderno junto ao peito, Eda estava um pouco afastada do palco e se deixou levar pelo conforto das sucessivas imagens mentais evocadas pela poesia. Fechou os olhos e deixou que seus outros sentidos a dominassem, aguçados e intensos, e se entregou às imagens que fluíam como óleo em sua mente e se fundiam como tintas em uma tela.
Houve uma pequena pausa entre um poeta e outro.
Foi quando ela ouviu aquela voz.
A princípio, sua mente estava aberta e neutra em relação à voz grave e profunda do homem que falava ao microfone. Quando seu coração fez a conexão, um medo inominável preencheu seu ser. Sua respiração falhou. Devagar, Eda se forçou a olhar o poeta no palco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um acordo irresistível [Edser] ✅
FanficUma florista ambiciosa. Um arquiteto perfeccionista. E um relacionamento por conveniência de tirar o fôlego! Esperta, impulsiva, dedicada e prestes a se formar na faculdade de paisagismo, Eda Yildiz tem apenas um problema em sua vida: a falência da...