22. Conflitos

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Nublado.

Era como o céu estava naquele dia de agosto, não só os Manobans estavam chorosos, o céu se juntava a eles nessa triste despedida. Lisa não saberia dizer se aquele era o seu fim ou seu novo começo, uma nova história mas sem sua mãe ao seu lado, como lidar? Não conseguia imaginar, ver o caixão de Pitchit e ouvir uma reza vinda do padre, ela nem prestava atenção, muito menos fazia questão. Palavras não descrevem sentimentos, o senhor que estava falando nunca saberia a dor que Lisa sentia, a angústia, vontade de chorar, as pessoas amadas ao seu lado, ela sentia vontade de sumir por um segundo e depois voltar. A realidade era dura demais, tinha medo de encarar o que ainda poderia vir pela frente.

Pediu desculpas mentalmente a sua mãe e começou a dar passos para fora do cemitério, ficar um minuto a mais ali estava fora de cogitação. Não se importava em voltar a pé para casa de seus avós caso não tivesse dinheiro necessário para pagar o táxi, e talvez fosse o que realmente precisasse. Contava as linhas da calçada de acordo com que ia passando por elas ignorando todas as pessoas que esbarravam em si, que tentavam puxar algum tipo de assunto, ela nunca os viu e nem fazia questão de vê-los, já que mantinha a cabeça baixa. Cantarolou uma música triste que lhe vinha a cabeça, a vestimenta preta parecia ainda mais sem cor do que costumava parecer para Lalisa, que via graça em todas as cores. Se dera conta que já estava em seu campo favorito quando levantou o olhar para frente, vendo Chaeyoung com os braços abertos e um sorriso triste, seu coração acelerou, sua mente gelou, se sentia parada no mesmo lugar mas seu corpo estava se movendo, cada vez mais rápido em direção a loira, sendo recebida por um abraço confortável e acolhedor, como se em palavras mudas dissessem "está tudo bem, eu estou aqui com você".

Ah, ela sentiu vontade de chorar, mas não queria, queria ser forte por Pitchit que gostaria de ver sua filha sorrindo mesmo após partir. Contudo, sorrisos não é algo que Lisa está acostumada a dar após um enterro, e não um qualquer, o de sua única e amada mãe.

- Ei, eu estive esperando por você. - Chaeyoung sussurrou ainda abraçada com Lisa, que nada disse, apenas permaneceu do mesmo jeito, sem mover um único músculo. A aquela altura as lágrimas já haviam tomado conta de seu rosto. - Eu deveria dizer bem-vinda de volta?

Lisa maneou a cabeça, indicando que sim.

- Então bem-vinda de volta, Lalisa. - a afastou de seu corpo limpando suas lágrimas, vendo-a sorrir fraco. - O que deseja que eu faça por você?

- Você é minha fada madrinha? - fungou passando os dedos na bochecha limpando a lágrima que escapo involuntariamente.

- Eu não diria fada madrinha, elas desaparecem em questão de segundos após o pedido. - sorriu fraco.

- Então você é o que?

- Hm, eu não estava esperando. - pareceu pensar um pouco formando um bico nos lábios enquanto olhava para cima. Lisa achava fofo a forma que ela se concentrava para pensar em coisas que lhe convinham. - Posso ser sua garota? Assim eu ficaria ao seu lado, e não desapareceria.

- Você quer ser minha garota? - questionou um pouco mais animada que minutos atrás, era incrível como Chaeyoung a tirava da realidade apenas com um olhar, uma fala, um beijo. A viu assentir lentamente e tímida, sentindo seu coração bater aceleradamente mais uma vez. - Eu só aceito essa proposta se for para sempre.

- Eu farei ser para sempre, você fará? - a perguntou com os olhos brilhando, sentindo seus lábios colidirem com o de Lisa por instantes.

- Farei.

Caminharam para dentro da casa destrancando a porta e a fechando depois, Lisa comentou que iria trocar a roupa que estava em seu corpo para poder ficar mais à vontade, e Chaeyoung aproveitou para fazer algo para Lalisa comer, todos haviam saído muito cedo e isso significava que não tinham comido nada até o momento, deixando a Park em vantagem, foi o que pensou após ligar o fogo para poder cozinhar o macarrão.
Pegou os ingredientes que precisava nos armários e na geladeira da casa, os fatiando ao mesmo tempo que observava a água ferver. Por estar concentrada, não percebeu quando Lisa a abraçou por trás apoiando o queixo em seu ombro, a fazendo pular assustada. Acalmou-se quando sentiu o perfume da Manoban invadir suas narinas, lhe fazendo sorrir esquecendo-se do pequeno susto que havia levado.

Em Meio à Flores  『CHAELISA』Onde histórias criam vida. Descubra agora