João Henrique chegou ao teatro um pouco ansioso. Estava elegantemente vestido e discretamente perfumado. Parou alguns instantes no hall, onde os cartazes da peça encontravam-Se em exposição.
Aproximou-se e fixou-os. Maria Antonieta Rangel era a estrela da companhia. Vinha de vitoriosa excursão pela Europa onde brilhara encantando todos com sua voz e seu desempenho.
Os olhos de João Henrique brilhavam. Ela era maravilhosa! A peça, uma revista musical de alto luxo, estava fazendo muito sucesso. Mandara-lhe flores e delicado cartão convidando-a a cear depois do espetáculo. Aceitaria?
Entrou na sala de espetáculos. Estava repleto. Quando ela apareceu em cena, os aplausos explodiram entusiastas.
João Henrique vibrava de satisfação. Já havia visto a peça mais de dez vezes e sempre se emocionava. Conhecia as canções e até algumas falas.
Ao cair o pano, ela teve que voltar à cena repetidas vezes. João Henrique saiu apressado, dirigindo-se aos camarins.
A custo conseguiu aproximar-se. Abrindo alas entre as pessoas, alguns funcionários cercavam a estrela que sorrindo, dirigiu-se ao camarim. João Henrique continuava fascinado. Um homem saiu do camarim e disse sorrindo:
— Antonieta agradece a todos os cumprimentos, as flores, a bondade dos senhores. Porém, está exausta. Pretende descansar. Ela tem representado todas as noites. Tem conversado- com os admiradores, contudo, hoje, deseja recolher-se. Obrigado por tudo.
Ele entrou novamente, fechando a porta do camarim e, contrariadas, as pessoas foram aos poucos, deixando o teatro.
João Henrique afastou-se um pouco e ficou esperando. Quarenta minutos depois, quando ela saiu, não havia ninguém mais além de João Henrique. Vinha acompanhada pelo homem que falara e duas mulheres. Vendo-a, ele aproximou-se.
— Perdoe-me se fiquei esperando. Fiz-lhe um convite. Desejo resposta.
Longe de enfadar-se, ela sorriu:
— Convite? Não me lembro.
— Sou João Henrique. Convidei-a para cear comigo esta noite.
O homem interveio:
— Já disse que ela deseja recolher-se. Está cansada.
— Garanto que apreciaria. Conheço um lugar maravilhoso, onde se come muito bem!
Ela olhou-o, sorriu e depois disse:
— Obrigada, mas pretendo repousar. Vamos.
Fez ligeiro aceno com a cabeça e saiu. Os demais a seguiram. Apesar de decepcionado, o moço não desistiu. Aspirava o delicioso perfume que ela espalhara no ar e intimamente formulara projetos para conseguir seu objetivo.
Seguiu-os de longe até o hotel onde se hospedavam. Por certo voltaria à carga no dia seguinte.
Eram 16 horas em ponto, quando o carro de Maria Helena parou frente à bela casa de Luciana no sábado.
Parada frente ao portão de entrada, Maria Helena admirada tocou a sineta e imediatamente uma criada vestida elegantemente abriu a porta, fazendo-as entrar e conduzindo-as à sala de estar.
Luciana abraçou-as com prazer dando-lhes as boas vindas e apresentando Egle.
Maria Helena cumprimentou-a com prazer.
— Tem uma linda casa, muito acolhedora, — disse, amável.
— Obrigada, — respondeu ela com simplicidade.
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QUANDO A VIDA ESCOLHE - Zibia Gasparetto
RomanceO homem acredita numa grande ilusão: que a vida seja algo separado dele, mas a realidade mostra que cada um é a própria vida se tornando gente. Portanto, quando você escolhe é a vida escolhendo em você. A vida jamais erra. Assim seja qual for a deci...