Capítulo 8

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João Henrique chegou ao teatro um pouco ansioso. Estava elegantemente vestido e discretamente perfumado. Parou alguns instantes no hall, onde os cartazes da peça encontravam-Se em exposição.

Aproximou-se e fixou-os. Maria Antonieta Rangel era a estrela da companhia. Vinha de vitoriosa excursão pela Europa onde brilhara encantando todos com sua voz e seu desempenho.

Os olhos de João Henrique brilhavam. Ela era maravilhosa! A peça, uma revista musical de alto luxo, estava fazendo muito sucesso. Mandara-lhe flores e delicado cartão convidando-a a cear depois do espetáculo. Aceitaria?

Entrou na sala de espetáculos. Estava repleto. Quando ela apareceu em cena, os aplausos explodiram entusiastas.

João Henrique vibrava de satisfação. Já havia visto a peça mais de dez vezes e sempre se emocionava. Conhecia as canções e até algumas falas.

Ao cair o pano, ela teve que voltar à cena repetidas vezes. João Henrique saiu apressado, dirigindo-se aos camarins.

A custo conseguiu aproximar-se. Abrindo alas entre as pessoas, alguns funcionários cercavam a estrela que sorrindo, dirigiu-se ao camarim. João Henrique continuava fascinado. Um homem saiu do camarim e disse sorrindo:

— Antonieta agradece a todos os cumprimentos, as flores, a bondade dos senhores. Porém, está exausta. Pretende descansar. Ela tem representado todas as noites. Tem conversado- com os admiradores, contudo, hoje, deseja recolher-se. Obrigado por tudo.

Ele entrou novamente, fechando a porta do camarim e, contrariadas, as pessoas foram aos poucos, deixando o teatro.

João Henrique afastou-se um pouco e ficou esperando. Quarenta minutos depois, quando ela saiu, não havia ninguém mais além de João Henrique. Vinha acompanhada pelo homem que falara e duas mulheres. Vendo-a, ele aproximou-se.

— Perdoe-me se fiquei esperando. Fiz-lhe um convite. Desejo resposta.

Longe de enfadar-se, ela sorriu:

— Convite? Não me lembro.

— Sou João Henrique. Convidei-a para cear comigo esta noite.

O homem interveio:

— Já disse que ela deseja recolher-se. Está cansada.

— Garanto que apreciaria. Conheço um lugar maravilhoso, onde se come muito bem!

Ela olhou-o, sorriu e depois disse:

— Obrigada, mas pretendo repousar. Vamos.

Fez ligeiro aceno com a cabeça e saiu. Os demais a seguiram. Apesar de decepcionado, o moço não desistiu. Aspirava o delicioso perfume que ela espalhara no ar e intimamente formulara projetos para conseguir seu objetivo.

Seguiu-os de longe até o hotel onde se hospedavam. Por certo voltaria à carga no dia seguinte.

Eram 16 horas em ponto, quando o carro de Maria Helena parou frente à bela casa de Luciana no sábado.

Parada frente ao portão de entrada, Maria Helena admirada tocou a sineta e imediatamente uma criada vestida elegantemente abriu a porta, fazendo-as entrar e conduzindo-as à sala de estar.

Luciana abraçou-as com prazer dando-lhes as boas vindas e apresentando Egle.

Maria Helena cumprimentou-a com prazer.

— Tem uma linda casa, muito acolhedora, — disse, amável.

— Obrigada, — respondeu ela com simplicidade.

QUANDO A VIDA ESCOLHE - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora