João Henrique apressou-se. Estava impaciente para ver Antonieta. Naquela noite, pretendia falar com ela longamente. Fazê-la compreender que a situação precisava mudar. Aquela vida boêmia não tinha sentido. Não que eles não pudessem sair de vez em quando para as noitadas alegres das quais ela tanto gostava. Mas, a vida não se resumia apenas nisso. Eles haveriam de constituir uma família, viver vida regular, como todas as pessoas. Antonieta o amava muito e acabaria por compreender. Deu os últimos retoques nos cabelos e olhou-se no espelho satisfeito. Estava elegante e muito bem vestido.
Desceu as escadas apressado. Sua mãe, no hall, o interpelou:
- Vai buscar Antonieta?
- Não, mamãe. Hoje não viremos ao sarau.
Maria Helena não perdeu a oportunidade.
— Tenho a impressão de que sua noiva não gosta de freqüentar nossa casa. Nunca mais apareceu em nossos saraus.
Ele fez um gesto vago:
- Não é isso, mãe. Temos tido alguns compromissos inadiáveis. Hoje pretendemos ficar em casa e programar nosso futuro. Temos saído muito e estamos cansados. Na semana que vem, viremos com certeza.
- Está bem, meu filho. Fica para a outra semana. João Henrique saiu apressado. Maria Helena suspirou resignada. Nada podia fazer. Circulou pelos salões, ultimando os detalhes. Os amigos já começariam a chegar.
Luciana estava no quarto de Maria Lúcia, observando-a enquanto se preparava.
- Você está linda - disse. - Esse vestido assenta-lhe muito bem.
Maria Lúcia corou de prazer.
- Eu o escolhi.
— Você tem muito bom gosto,
— Obrigada. Vamos descer. Mamãe faz questão da pontualidade
Vendo a filha aparecer no salão, Maria Helena sorriu satisfeita. Ela estava linda.
— Você está muito elegante — disse. — Luciana escolheu o seu vestido?
— Não, — apressou-se em responder Luciana. — Também gostei muito dele, D. Maria Helena. Maria Lúcia tem muito bom gosto.
Maria Helena não respondeu. Ainda tinha suas dúvidas, mas o que lhe importava era que agora sua filha estava apresentável. Qualquer mãe se orgulharia dela.
Luciana, de repente, levou a mão à testa e empalideceu.
— O que foi, não se sente bem? — indagou Maria Helena com Preocupação.
Luciana fechou os olhos por alguns instantes e não respondeu. Quando os abriu, as duas olhavam-na assustadas.
— O que foi? — perguntou Maria Lúcia.
— Nada, — balbuciou a moça. — Já passou. — Sua voz estava um pouco ansiosa ao perguntar: — João Henrique onde está?
— O que aconteceu? Por que pergunta? Não estou entendendo... — disse Maria Helena, admirada.
Ele está em casa?
— Não. Acaba de sair. Foi à casa de Antonieta.
— Ele vai precisar muito do nosso apoio. Vamos pedir a Deus por ele.
A voz de Luciana estava firme.
— O que está acontecendo? — perguntou Maria Helena, angustiada.
José Luiz chegara e vendo-as aproximou-se curioso.
— Vai acontecer alguma Coisa que o deixará perturbado. Sinto que ele precisa de oração.
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QUANDO A VIDA ESCOLHE - Zibia Gasparetto
RomansaO homem acredita numa grande ilusão: que a vida seja algo separado dele, mas a realidade mostra que cada um é a própria vida se tornando gente. Portanto, quando você escolhe é a vida escolhendo em você. A vida jamais erra. Assim seja qual for a deci...