Capítulo 10

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João Henrique saiu apressado. Havia dois meses que estivera em casa de Maria Antonieta pela primeira vez e a cada dia sentia aumentar seu interesse por ela.

Comparecia ao teatro todas as noites e depois acompanhava-a à casa, onde permanecia durante horas, saindo sempre a contragosto. Falara-lhe do seu amor, dos seus sonhos, e ela não o levava a sério, procurando conduzir o assunto para outros interesses.

Entretanto, João Henrique, cada dia mais apaixonado, alimentava planos para o futuro. Finalmente, acabara seu curso. Dentro de duas semanas, haveria a cerimônia da formatura e o baile de gala. Pretendia comparecer com Maria Antonieta e apresentá-la aos pais e à sociedade. Dias depois, fariam o jantar de noivado e marcariam a data do casamento, para o começo do ano seguinte.

Contava com a tolerância dos pais. Não a apresentaria logo como artista. Depois de conhecê-la, ficariam encantados o que facilitaria as coisas quando descobrissem a verdade.

Não os enganaria durante muito tempo. Ela era muito conhecida para isso. No baile mesmo, depois que a tivessem apreciado, diria tudo.

Olhou as horas e refletiu que não chegaria em tempo de assistir o espetáculo. Resolveu ir mais devagar. Esperaria por ela no final. Chegou ao teatro com a peça em meio e, enquanto esperava, fazia planos para o futuro.

Estava interessado em um projeto para melhorar a cidade. Não podia aceitar que a capital do país fosse tão descuidada com a higiene das ruas e a beleza de suas praças. Contava obter o auxilio do prefeito e da população abastada. Organizaria um escritório, trabalharia muito e contava com o dinheiro dos pais, a influência do seu nome para conseguir seu próprio dinheiro e fazer carreira.

Tinha certeza de poder oferecer à Maria Antonieta uma vida de rainha e todo seu amor.

Naquela noite, quando ela saiu do teatro, rodeada de muitos amigos, quis ir ao restaurante cear. Apesar da sua ansiedade em Conversar com ela sobre o futuro, ele não teve outro remédio senão segui-la. Fazia parte de sua fama, de sua carreira, esses jantares, onde quase sempre, programavam-se novos Contratos e mantinham a popularidade. Passavam da meia-noite quando finalmente João Henrique despediu-se dela na porta de sua casa, para retornar meia hora depois, discretamente

Quando entrou, ele abraçou-a com paixão, beijando-lhe os lábios repetidas vezes. Vestindo longo traje de cetim cor-de-vinho, justo no corpo e aberto dos lados à moda chinesa, ela deixava-se beijar. Quando sentiu-se mais calmo, João Henrique tomou-a pela mão conduzindo-a ao sofá, fê-la sentar-se, sentando-se a seu lado.

— Precisamos ter uma conversa séria - disse olhando-a nos olhos.

Ela desviou o olhar.

— Por favor! Hoje não. Estou cansada. Não quero Pensar em nada.

- É preciso. A cada dia que passa sinto que a amo mais. Não posso mais viver sem você. Diga que também me quer.

Ela aproximou-se e beijou-o levemente nos lábios.

- Eu gosto de você. Senão, não estaria aqui. Mas, eu preferia que não se precipitasse. Afinal, nos Conhecemos há pouco tempo. Falaremos sobre isso outro dia.

— Não. Tem que ser hoje. Eu a amo. Quero casar com você.

Ela levantou a cabeça assustada.

— Está louco!

— Você me ama, eu a quero para sempre. Juntos seremos felizes.

Ela olhou-o com Preocupação.

QUANDO A VIDA ESCOLHE - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora