Never be Alone /Elycia

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NARRADOR POV

Alycia suspirou ao abrir a porta de sua casa em LA, o suave cheiro de flores no ar misturado ao cheiro natural de sua casa golpeou seu nariz, denunciando que Marny havia borrifado o spray bom ar pela sala aparentemente vazia. Ela entrou no cômodo arrastando a mala de rodinhas atrás de si. Estava em casa. O sonho havia acabado.

Ela largou a mala e se jogou no sofá do jeito que estava, as lembranças da noite passada ainda vivas em sua mente, assim como as lembranças dessa manhã, quando acordou aconchegada nos braços de Eliza. Elas não conversaram sobre a noite intensa que tiveram, muito menos sobre as declarações. Eliza não tocou no assunto, e ela não teve coragem de abordar o mesmo. Apenas se beijaram com desespero, como se estivessem se despedindo inconscientemente do sonho que viveram. Então Alycia deixou a barraca da loira sem dizer uma palavra. E assim ficaram até a hora de ir embora.

Alycia repetia em sua cabeça as palavras que Eliza a disse na noite anterior, cada uma delas gravadas em sua mente. Principalmente o "Eu te amo". Nada mais a fez sorrir essa manhã, nem mesmo as piadas de Lindsey sobre a marca em seu pescoço ela rebateu, apenas conseguia pensar em tudo que tinha acontecido, a lembrança da declaração de Eliza nublando qualquer outro pensamento. Ela precisava saber se era real, se Lindsey estava certa em suas suposições, se ela realmente a amava, e se amava porque ainda estava com Tasya, porque não falou nada sobre isso quando acordaram. No aeroporto, antes do embarque, Alycia decidiu que era sua última chance de tirar essa dúvida de sua mente, Eliza não pegaria o mesmo vôo que ela para LA, ela na verdade seguiria de volta para Ohio afim de concluir as gravações de Thumper. Após se despedirem de Lindsey no check-in, que só voltaria para Los Angeles dois dias depois, ela e Eliza entraram juntas na sala vip para aguardar o embarque de seus vôos. Alycia usou a desculpa de usar o toalete para tomar algumas respirações antes de voltar para a sala e iniciar aquela conversa antes que sua coragem se desvanecesse. Quando finalmente se sentiu pronta ela saiu do banheiro, o coração batendo descompassado e as mãos suando entregando seu nervosismo. Eliza estava de costas para ela, encarando a parede de vidro distraidamente. Ela começou a andar rápido, mas ao se aproximar diminuiu os passos por perceber que ela estava ao telefone. Alycia não precisou escutar a voz da pessoa no outro lado da linha para saber de quem se tratava. Pelas palavras que saíam da boca de Eliza era nítido que ela falava com a namorada. A raiva chegou ao mesmo tempo que as lágrimas para Alycia, lágrimas essas que ela com muito esforço tratou de controlar enquanto corria de volta para o banheiro. Alycia tomou respirações profundas ao sentir seu peito arder com a dor que agora ela já conhecia tão bem. Claro que não era verdade, foi só um sonho, lindo, mas ainda assim apenas um sonho. Ela já sabia o final dessa história quando Eliza entrou em sua barraca duas noites atrás, não podia culpar ela por amar a namorada, só não entendia o porque dela ter dito tudo aquilo na noite anterior, talvez apenas por um impulso, pensando na namorada que não estava lá, movida pelo álcool. Era isso, com certeza foi isso. Alycia precisou de algum tempo para vestir sua máscara de atriz e voltar para a sala vip, e como se nada tivesse acontecido ela se despediu alegremente de Eliza antes de entrar ao avião com o coração mais uma vez em pedaços.

Alycia acordou de seu momento de recordações com o barulho da porta principal se abrindo, ela levantou a vista para encontrar Marny parada na entrada vestindo roupas de corrida e com uma sacola de supermercado no braço. Marny sorriu largamente ao ver a amiga.

- A dona da casa está de volta. - murmurou enquanto deixava a sacola sobre o centro de sala e sentava no sofá para abraçar Alycia. - porque você não me pediu pra te buscar no aeroporto, debnam?

Alycia riu.

- Eu queria vir só, eu precisava.

Marny afastou estreitando os olhos.