Como Eu Costumava Ser

Gêmeas

"Ok, eu confio em você.- segurou sua mão dando seus primeiros passos dentro do local  sentindo o todo seu corpo se arrepiar junto com o aperto e a dor em seu coração relembrando se da sensação da última vez em que esteve em um lugar assim, assim como aquele"

- E então?- Hannah perguntou estérica quase gritando de animação enquanto via sua irmã encarando o teto como se fosse uma pateta com um pequeno sorriso no rosto.

Já eram 15 : 00 da tarde quando as duas saíram da escola e resolveram parar no meio do caminho para lanchar já que nenhuma das duas  nunca conseguiam aproveitar  o lanche da escola, já que ambas eram vegetarianas e o cardápio da escola nunca  era pensado para alunos assim.

- Quem é ele? Quem é o sortudo dessa vez?- sua irmã insinuou empurrando Alice que estava distraída presa em seu próprio mundinho.

-De quem? De quem  você está falando?- perguntou sem desviar a sua atenção.

- Como assim de quem eu estou falando?- retrucou indignada .-O garoto Alice! Quero saber desse novo garoto com quem você interagiu! Faz uma semana que você vem lendo esse livro novo e ainda não me contou quem te deu! - virou o seu rosto em sua direção na tentativa de obter alguma resposta.

-Hannah, se você quer saber, não existe nada disso do que você está pensando, ok? Foi só um livro, nada demais!- levantou a mão fazendo sinal para que a garçonete lhe trouxesse a conta.

-Como não existe ninguém? Eu nunca te vi assim irmã! Você tem que me dizer, eu quero muito saber quem é, talvez eu até possa te ajudar. Por favor! Por favor conta!!!- implorou segurando a para que ela não pudesse sair. -POR FAVOR!!!!!

-ok! ok! Eu conto está legal????- prometeu antes que sua irmã fizesse algum tipo de cena ali.-O  nome dele é Ethan, ele é divertido, engraçado, gentil, ama literatura francesa igual a mim, e é capitão do time de futebol americano, eu acho!- pelo menos ele anda com aquela bolo do jogo toda hora junto com ele.- explicou vendo a expressão de euforia da sua irmã se transformar em uma expressão de preocupação.

-Hmm, acho melhor nós conversamos Alice!  -  a garota de mechas coloridas pediu  interrompendo a sua irmã antes que a mesma continuasse a falar.- Por acaso você está falando do Ethan James? Ethan?

-Sim, ele mesmo.

-Certo, Ally, acho melhor que você pare de falar com ele, sabe? Não sei  se você Lembra daqueles boatos do ano passado, sabe? Aquele no qual  um jogador ficou bastante bêbado e abusou sexualmente de alguém? Ou a fama de que ele apenas persegue as garotas até conseguir sexo e depois as descarta feito lixo?

-Acho que sim, eu me lembro disso, mas se eu não me engano a parte de ter abusado  alguém nunca foi comprovada.

-Mas isso não muda o tipo de pessoa que ele é, acredite em mim, ele só quer entrar nas suas calças e depois desaparecer.

-Então foi ele também? Foi ele um dos caras que também magoaram você?

-Sim, também, e eu sinto muito irmã, sei que ele é o primeiro cara na qual você sente algum tipo de atração, mas acredite em mim, caras como o Ethan James não são para você!- a abraçou temendo que alguém machucasse o seu coração igual fizeram no ano passado.

Ano passado Hannah foi alvo de uma dessas apostas sobre conquistar a garota e depois descartar. No início tudo era mágico, parecia que Ethan e ela estavam no relacionamento perfeito até o prazo da aposta vencer e ele terminar com ela sem motivos nenhum, se tornando motivo de chacota na escola. Na época Alice não teve conhecimento disso porque estava longe participando de um intercâmbio linguístico de espanhol, idioma no qual ela amava muito.

-Ótimo agora que terminamos de comer, vamos logo que você já pediu a conta por duas vezes e ainda não pagou!- entregou a folha para ela esperando que ela fosse pagar.- O que? Não me olhe assim, você é a única que trabalha e tem carteira de motorista aqui!- deu leves batidinhas em suas costas- Prometo te pagar assim que eu começar a trabalhar até lá fico te devendo irmãzinha!

-Não precisa me chamar de irmãzinha nós meio que temos a mesma idade!- entrou no carro colocando a chave na ignição.

-Mas temos 17 segundos de diferença!!!- Gritou colocando a música do rádio bem mais alta cantando e dançando o resto do caminho até chegarem em casa.

......

19 de fevereiro de 2018

-Oi? Você está  bem? Não vai entrar querida?- a professora de artes senhorita Violette  perguntou preocupada assim que foi entrar na sua sala de aula e deparou-se com a garota de olhos verdes parada de maneira estática como se estivesse pronta para correr caso alguma coisa ruim acontecesse.

Fazia 12 anos desde a última vez em que  Angeline pisou em uma sala de aula como aquela, cheia de material de arte, tinta, artesanato, cheia de vida. Tanto que ela temia entrar ali e escutar a voz de sua mãe a repreender, ou escutar o som de algo se quebrar seguido de algum tipo de castigo medonho.

-Eu não sei.- recuou dando um passo para trás com medo da proximidade que ela já estava tendo daquele local .- Eu não acho que isso seja uma boa ideia para mim. - anunciou sentindo seu corpo travar no meio do corredor .- Isso é errado, sabe?  Eu não posso, tenho certeza de quando eu entrar aí ela vai aparecer, ou algum tipo de coisa ruim vai acontecer! Isso meio que é proibido para mim! Eu não posso entrar!- afirmou com medo abraçando o seu próprio corpo que já suava frio.

- Errado querida?- a mulher perguntou abrindo um sorriso complacente . -Pequena nada em minha sala é proibido ou  é errado, desde que você manifeste a sua arte e seja feliz!- informou tocando com gentileza a palma de sua mão incentivando a entrar fazendo com que Angeline se assustasse ainda mais dando mais um pulo para trás sentindo que a qualquer momento poderia como fazia quando era criança .-  Hey não precisa se assustar eu não vou machucar você queria, você pode entrar se quiser!- apontou para a porta do cômodo que já se encontrava aberta.

- Você...você tem certeza? Promete que nada vai me acontecer?- perguntou receosa alterando o olhar entre a mulher de jaleco preto e a sala de aula à sua frente .— Eu não posso me machucar novamente, ela não pode me ver entrando aí dentro!

- Sim pequena, eu prometo! Você confia em mim?- a professora  a incentivou entrando junto com a mesma no ambiente para que lhe  pudesse passar um pouco de segurança.

Durante todos seus anos de Ensino nunca tinha visto uma aluna tão traumatizada com algum tipo de aula como ela, era como se Angeline não fosse uma adolescente mas sim apenas uma criança.

-Ok, eu confio em você.- segurou sua mão dando seus primeiros passos dentro do local  sentindo o todo seu corpo se arrepiar junto com o aperto e a dor em seu coração relembrando se da sensação da última vez em que esteve em um lugar assim, assim como aquele.- Não!! Eu não consigo!! Preciso ir!!!!!- fugiu daquele sem ter coragem de olhar para trás enquanto todas as cenas da sua infância voltavam como um flashback em sua cabeça.