Jade - Pedras preciosas

Bônus - Irmãos Tales - Parte um

    Harris

     Depois do trabalho, Nicholas vai embora sem dizer nada, do jeito que anda ultimamente. Então, eu vou buscar a minha esposa no trabalho e levo ela para casa. Quando Safira estiver no terceiro trimestre da gravidez, eu acho que não vou deixar ela trabalhar. Ela não imagina como é difícil me concentrar no trabalho sabendo que o bebê pode fazer ela perder o controle, desmaiar ou vomitar. Aconteceu com Esmeralda, por isso Peter anda agindo como um marido possessivo e autoritário às vezes.
     Fecho a porta do escritório, depois de deixar Safira dormindo. Peter e Renner olham para mim, ambos de pijama, sentados no sofá. Tiro o bilhete de Nicholas do bolso e deixo por cima da mesa. Não foi possível fazer isso ontem por causa da agitação da festa e hoje a gente tinha que trabalhar.
     — Então, eu vou ler em voz alta e tentar achar a mensagem escondida. — Renner diz.
     — Pode ser. — Digo.
     Ficamos os três à volta da mesa. Renner começa a ler, mas nada surge. Nicholas poderia ser mais especifico, mas ele tinha razão. Safira leu o bilhete e achou um bilhete normal.
    — Acho que quando ele diz que já não é o mesmo Nick, ele quer dizer que... — Renner pensa. — Não. Eu não sei. Não me vem nada. Parece que...
    — Espera! — Peter diz e olha para mim. — Lembra quando a gente foi passar as férias na casa dos nossos tios em adolescentes? A gente não tinha celular porque eles guardaram. E Nicholas gostava da filha da vizinha.
     — O que isso tem a ver? — Renner boceja.
     — Tem a ver que ele mandava cartas com códigos secretos, que eu entregava para ela.
     — É isso que a gente está tentando descobrir. — Digo.
     — Nicholas nunca escreveria uma carta assim. Ele dá dor de cabeça, lembra?
     — Então, o que é? — Pergunta Renner.
    Eu entendo o que Peter quer dizer, quando olho atentamente para a folha de papel.

    Meus irmãos.
    Acho que devo um pedido desculpas.
    Renner está bravo comigo. Entendo.
    Infelizmente, estou confuso.
    Acredito que devo muitas explicações a vocês, mas prometo que quando estiver pronto, eu darei.

     Agora é um pouco complicado.
     Já não sou o mesmo Nicholas.
     Últimamente ando perdido.
     Devem ter notado.
     Agora estou tentando concertar alguns erros. Espero que entendam.

     — Maria! — Peter e eu falamos em uníssono.
     — O quê? — Renner parece confuso.
     — As iniciais dos primeiros cinco parágrafos dizem MARIA. — Peter diz. — E as últimas cinco dizem AJUDA.
     — Então, Maria está precisando de ajuda?
     — Não, Renner. Tenta acompanhar. Maria é a má da fita. Ela é a vilã, Nicholas é que precisa de ajuda. — Explico.
     — Eu sabia que ela era estranha. Porquê ele simplesmente não escreveu isso no bilhete?
     — Porque alguém poderia ler. Como a minha esposa, por exemplo. — Digo. — E ela diria para a Jade, que diria para a polícia, e Nicholas deve ter um bom motivo para não ter ido a polícia, não acha?
     — Tem razão. — Peter olha o papel novamente. — Então, a gente precisa fazer alguma coisa.
      — Eu... — Recebo uma ligação da Karly.
      — Quem é? — Renner pergunta.
      — Karly. — Atendo. — É um pouco tarde para ligar para um homem casado, não acha?
      — Não se acha, Harris.  — Ela responde. — Eu estou ligando pelo Nicholas. O celular dele está sendo rastreado e controlado por um capanga hacker daquela sósia da Jade. Eu sou a informadora.
     — Então, o que ele quer?
     — Preste muita atenção no que eu vou dizer. — Coloco no viva-voz. Karly dá as instruções e o que devemos fazer, depois desliga.
      Renner se joga no sofá. — Eu só espero que os nossos filhos não tenham essa maldição.
     — Não é hora para descansar, Renner. Vamos trabalhar. Nicholas precisa da gente. — Peter diz.
     — O plano do Nick é bom, mas eu tenho alguns ajustes. — Olho para eles.
     — Qual é?
     — Usar todas as forças necessárias. Talvez a gente esteja lidando com alguém pior que Maise ou Courtney, Marcus e Luke.
     — Então, está bem. Vamos usar a artilharia pesada. — Peter diz.
     Vai ser um por todos e todos por um. Até ao fim.