Capítulo trinta e três - Jade

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      Tenho muita informação para digerir. É muita confusão e tudo por causa de uma mimada que acha que deve ter tudo o que quer. É perigoso quando as pessoas erradas têm muito poder. É isso que dá, agora está infernizando a vida de todo mundo. Ela teve a coragem de incendiar a nossa casa, fez chantagem comigo e acha que pode controlar nós dois. Eu não sei como ela pode ter o mesmo sangue que eu, eu não tenho coragem de matar uma barata.
     Mamãe olha para mim, preocupada enquanto a gente toma o café. Rubí está distraída no celular, comendo uma torrada. Nicholas disse que vai resolver isso, então eu não tenho tanto medo como antes. Confio nele. Tenho que fazer isso.
     — Você está bem, Jade? — Mamãe pergunta.
     — Eu acho que sim.
     — Eu sei que a separação está deixando você assim, mas vai ficar tudo bem. Isso vai passar e vai encontrar alguém.
     — Eu sei que vou. — Suspiro. — Mãe, o que aconteceu comigo quando a senhora me adotou?
     — Como assim?
     — Eu tinha algum problema?
     Rubí olha para mim, confusa. — Claro que não.
    — Não. Quer dizer, você ficava doente com muita frequência, pelo que me disseram, mas eu não me importei. Eu sabia que o que precisava era de uma família. Então, eu e Philippe decidimos adotar você e Safira.
    — Eu tinha um nome?
    — Porquê isso agora, filha?
    — Eu só quero saber.
    — No orfanato chamavam você de Meredith, eu acho. Safira era Rose, mas eu quis mudar os vossos nomes, porque achava que precisam de algo melhor e pensei que seria um jeito de pagar o vosso passado. Do mesmo jeito que Esmeralda não tinha nome. Chamavam ela de Menina.
     — Meredith... — Lembro que Maria me chamou de Meredith. Ela sempre soube.
     — E eu? — Rubí pergunta.
     — Você ainda era um bebê. Não tinha nome também.
     Ela bebe o suco. — Também não quero saber qual era ou seria. Eu amo Rubí. E amo ser a sua filha.
     — Sim. A senhora cuidou tão bem da gente e nos amou, que não importa o nosso passado. Sempre fez tudo por nós, mesmo quando Philippe nos abandonou.
    — Isso é ser mãe. — Ela segura as lágrimas. — Agora, eu preciso ir trabalhar. Não quero chegar tarde.
     — Eu vou com você, mãe. — Rubí bebe todo o suco e levanta para ir embora também. Pega na sua bolsa e abre a porta para mamãe, saindo em seguida.
     Eu também termino de comer, mas não vou a lado nenhum. Acho que vou ficar em casa até a hora do trabalho. Deixo tudo arrumado e ligo a TV para ver Bob esponja. Nicholas viu comigo uma vez e disse que não fazia sentido,  tentando usar as suas lógicas e perguntei se ele já tinha visto desenhos animados alguma vez na vida. Mesmo que ele tire toda graça, às vezes, gosto de estar perto dele.
     Minutos depois, alguém toca a campainha, me obrigando a levantar e abrir a porta. Sinceramente, depois de tudo o que tem acontecido na minha vida, esperava que fosse qualquer pessoa. E nem estou surpresa por ver o amigo do Nicholas aqui.
      — Oi! Eu vim deixar algumas coisas para você.
      — Como assim? — Pergunto.
     Ela entra sem a minha permissão com algumas sacolas. Talvez faça parte do plano de Nicholas, não sei. Mas eu pensei que não faria parte do plano. Nas sacolas tem vestidos, sapatos e... perucas?
      — Porquê tem perucas aqui?
      — Houve mudanças de planos. Você vai entrar em ação.
     — Ouve, moço, eu...
     — Thaddeus.
     — Eu não sei matar uma barata, como acha que vou conseguir seguir o plano de Nicholas?
     — Você não vai usar as perucas. São da Karly. Mas você vai usar os vestidos.
     — Por favor, não diga que vai ter outra festa.
     — Sim. Na casal dos Royal. Você é parte crucial do plano, então tem que ir.
     — Qualquer um pode ir?
     — Há convites. Você vai com o do Nicholas. Pode levar quem você quiser, mas não esqueça que deve aparecer cedo. Tudo o que tem a fazer é ir nessa festa.
     — Só isso? Não vou fazer mais nada? Fingir um sotaque ou lutar?
     — Você vê muitos filmes. A sua missão é apenas essa. E ela é a mais importante de todas.
     — Mentira. A da Karly é que é.
     Ele ri. — Tem razão. Ela não é incrível?
     — Deve ser. Já terminou?
     Ele sorri e me entrega uma rosa. — É do Nicholas. Você sabe que ele não pode conversar com você.
     — Eu sei. — Olho para a rosa vermelha. — Obrigada por ajudar ele.
     — Eu não estou fazendo nada demais. Mas não esqueça o que eu disse sobre você ser parte crucial no plano.
     — Entendido.
     Abro a porta para ele e espero que saia. A rosa aqueceu o meu coração e me deu ainda mais esperança. Nicholas deve saber o que está fazendo. Com certeza que vai dar tudo certo. Se os irmãos dele ajudarem, não gostaria de estar na pele daquela cascavel.
     Suspiro e vou para o quarto, apenas deitar na minha cama, deixando a rosa ao meu lado e pensando em como a família Tales mudou a nossa vida. E mudou bastante. Principalmente o Nicholas.

Jade - Pedras preciosas Onde histórias criam vida. Descubra agora