Capítulo trinta e seis - Nicholas

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      Maria me leva para dançar, enquanto espero que a fase quatro do plano comece. Fase um foi equipar os nossos smokings com dispositivos de comunicação, escutas e essas coisas, a segunda fase foi chegar no local que vai ser cometido o crime, a terceira foi adquirir informações sobre o local. Tenho a certeza que meus irmãos estão fazendo um ótimo trabalho. E espero que tenham notado as câmaras de vigilância. Não podemos cometer erros.
    Jade está conversando com suas irmãs nesse momento, me deixando aliviado por ter se afastado daquele homem. Se ela queria me fazer ciúmes, pode ter a certeza que conseguiu, fiquei com ciúmes e com vontade de socar a cara dele. Ele não sabe que está se metendo com a mulher errada.
     — Tenta disfarçar um pouco e fingir que está completamente apaixonado por mim. — Maria vira o meu rosto para ela.
     — Não consigo.
     — Devia tentar. E daqui a uma hora, eu quero que faça o que a gente combinou.
     — Eu já tinha dito antes que os seus motivos são ridículos? — Pergunto. — E que odeio você mais do que tudo nesse mundo?
     — Não importa o que você pensa. Eu serei uma Tales mesmo assim. E parece que a Jade está se divertindo. Ela já não quer saber de você.
     Tenho até medo que isso seja verdade. — Isso não muda o que eu sinto. Eu nunca vou amar você.
     — Com tempo, vai sim.
     — N-U-N-C-A!
     Ela fecha a cara. — Vou adorar mostrar o quanto está errado.
     — Eu também, meu bem.
     Faço ela girar. Jade olha para a gente, mas não parece com ciúmes, eu diria que seu olhar é de tristeza. Talvez seja pelo que aconteceu ontem, que acha que não sinto nada por ela, mas vou acabar com isso essa noite, se tudo der certo.
     Maria apoia o rosto no meu ombro, olhando para Jade também, depois beija o meu pescoço. Eu piso no seu pé, fazendo ela gritar baixinho.
     — Pensei que soubesse dançar! — Olha para mim.
     — Preciso ir ao banheiro. — Afasto ela de mim.
     — Espero que quando voltar seja mais educado e carinhoso comigo.
     Reviro os olhos e deixo ela sozinha. Passo por Jade, mas não digo nada. Vou para o banheiro e verifico se a escuta continua na minha gravata. Enquanto faço isso, Harris também entra no banheiro.
     — A festa está ótima. Tenho a certeza que vai ficar mais interessante depois. — Ele diz.
     — Tem a certeza?
     — Claro que eu tenho. — Ele dá o sinal que estamos prontos para a fase quatro.
     Lavo as mãos. — Bom, é o que vamos ver.
     — Vamos sim. — Ele também lava as mãos.
     Peter também entra no banheiro, mas ele realmente veio fazer o número um. Ele sorri e olha para a gente. Só está faltando o Renner.
     — Então, a festa está incrível, não é?
     Harris ri. — Eu já disse isso.
     — Vou voltar para a festa. Espero que vocês se divirtam bastante. Minha namorada ia ficar muito feliz.
     Peter ri. — Não se preocupe. A gente vai deixar ela sem palavras.
     — Vai ser um grande dia. — Harris seca as mãos.
     Tiro a caixinha de veludo do meu bolso do paletó. — Espero que ela goste. Esse anel custou uma fortuna.
     — Ela vai adorar. — Peter diz.
     — Me desejem sorte. — Guardo a caixinha e volto para a festa.
     Maria está esperando, tanto que vem até mim. Eu estou farto dela e completamente arrependido por um dia achar que ela era Jade. Podem ser irmãs, mas não têm nada em comum. Essa é uma cobra sem sentimentos, uma endemoniada, não vejo a hora da noite acabar e a gente cumprir com o plano.
     Ela me leva ao pé dos seus pais, que estão com o homem que estava dançando com a mulher que eu amo. Estou um pouco nervoso pelo que vai acontecer, mas tem que ser. Temos que acabar com a festa.
    — Papai, você disse que queria falar com o Nick, lembra? — Ela me empurra para ele.
    — Sim. Acho que não conversamos bem na festa passada.
     — Eu estava com algumas coisas na cabeça.
     — Eu fico muito feliz por escolher a minha filha. Ela é muito especial.
     Especial. Ela é especial para os demônios e todas as criaturas do mal com certeza.
     — Com toda a certeza que sim. Ela é única. — Digo. Com o nível de maluquice e maldade também. Não existe igual a essa.
    — Assim eu fico sem jeito. — Ela sorri. Detesto o sorriso dessa mulher.
    — Seria uma honra que os Royal e os Tales fossem unidos por vocês. Seríamos imbatíveis. — Ele diz. — Também espero que cuide muito bem da minha filha.
    — Não se preocupe. Eu vou cuidar muito bem dela. Ela vai ter o que merece.
    — Assim espero.
    Maria conta sobre minha função na Tales Tec, o que me deixa surpreso porque não me lembro de ter dito para ela alguma vez na minha vida. Com certeza que ela tem me vigiado e investigado tudo sobre mim. Ela não perde por esperar.
     Olho para Jade mais uma vez, que está sozinha num canto olhando para todo mundo. Depois de tudo o que eu fiz, espero que ela me perdoe e acredite em mim. O que mais quero é fazer tudo certo com ela dessa vez.
     Nunca pensei que diria isso, mas é a verdade. Tenho saudades do seu sorriso, da sua boca grande, do seu abraço, seus beijos, seu olhar apaixonado, seu toque, seu cheiro, o som da sua gargalhada, seu ciúmes, tudo. Ela é a mulher que conseguiu me colocar no lugar. Eu tive medo de me apaixonar por ela no princípio, mas vejo agora que nunca ninguém me fez sentir o que ela faz sentir.
     Ela nota o meu olhar, depois tenta disfarçar, talvez porque Maria está do meu lado. Eu não vou deixar ninguém machucar ela, nem ninguém. Está na hora de começar com a fase quatro.
     Olho para Maria. — Quer dançar?
    — Claro.
    Levo ela para dançar, dando sinal para Harris, que beija Safira e vai dançar com Jade. Ele me dá o sinal e diz alguma coisa para Jade, ou para um dos meus outros irmãos. Também estou esperando o sinal de Karly. Espero que ela esteja bem.
    Mais convidados chegam e Maria sorri. Pelos vistos, ela convidou muita gente para essa festa. Espero que todos estejam presentes para ver quem ela realmente é.
    — Você é muito linda, não parece a mulher que incendiou a casa da minha ex.
     — As aparências enganam. É para você ter uma noção do que eu sou capaz, meu amor. Por você e para ter tudo o que eu quero.
     — Você quase matou a Rubí.
     — A gente está celebrando e não dizendo o que aconteceu. Então, vamos apenas aproveitar a festa.
     — A gente está. Mas eu preciso saber de uma coisa. Porquê você é tão fria e tão má?
     — Nem sempre há uma causa para a maldade.
     — Estou vendo.
     Ela se aproxima para sussurrar no meu ouvido. — Depois de tudo isso, você não vai se arrepender. Eu prometo. Você vai ser muito feliz.
     Reviro os olhos e olho para a estrada, quando uma mulher loira, vestido branco até ao chão, bolsa com diamantes falsos e sorriso presunçoso entra e chama a atenção de todos. Fico feliz por ver Karly com Thaddeus do seu lado, com smoking preto e o cabelo para trás com ajuda de gel. Fase quatro: vamos jogar xadrez.
     Thaddeus tira o paletó e joga no chão, dando o sinal que eu preciso. Nenhum dos dois olha para mim, na verdade eles parecem não conhecer ninguém. Agora eu sei que é seguro seguir para a fase cinco.
     — Maria, lembra quando eu disse que odeio você? — Pergunto.
     — O que você quer dizer com isso?
     — Apenas observe!
     Me afasto dela e caminho para Harris e Jade que ficam parados olhando para mim. Enquanto alguns estão distraídos com Thaddeus e Karly, outros estão distraídos comigo. Observam quando caminho até Jade e estendo a mão para ela, que fica completamente corada.
     Maria não pode me dar um tiro ou a qualquer um dos meus irmãos na frente de todo mundo. Ela não pode fazer nada na frente de todo mundo.
     — Você quer dançar, amor?
     Harris sorri e se afasta da gente. Jade olha para mim, confusa e olha para trás de mim, para Maria, que deve estar puta e com vontade de matar todo mundo.
     Espero que esteja mesmo porque a festa está só começando.

Jade - Pedras preciosas Onde histórias criam vida. Descubra agora