capitulo 21

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Cansada de chorar, sai do chuveiro e fui para a cama, enrolada em uma toalha macia, cada passo que eu dava parecia que meu pé se afundava no chão, eu sentia meu corpo pesado, me joguei na cama, deixando a toalha cair e tentei relaxar, meu corpo inteiro doia, cair na neve não é igual eu tinha imaginado.
Fui deixando o cansaço físico e mental me levar para um sonho, até que eu ouvi barulho de fogo, suspeitando que era o meu pai que havia entrando no quarto, peguei com as mãos o máximo de coberto da cama que consegui e enrolei em volta do meu peito.
Olhei em volta e não vi ele, mas havia uma fumaça sobre um papel em cima da comôda, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha, me levantei e coloquei uma roupa confortável, apesar de estar frio e nevando lá fora, o quarto estava bem quente, por isso coloquei um pijama bem fresco.
Parei aos pés da comôda e vi que se tratava de uma caixa e uma carta.
Deixei a caixa de lado para ler a carta.

Blair.

Fiz oque podia para arranjar oque você me pediu, pra imediato estava ao meu alcance esses dois anéis, você não me falou quantos queria, mas supondo que é pra você e para o seu amigo, creio que esses dois estarão bom, se precisar de algo ficarei contente em ajudar.

Papai

Passei o polegar sobre a caixa, não era pequena, com cuidado eu á abri e vi os dois anéis com outra carta, ainda estava saindo fumaça dela, ou seja, ele tinha acabado de me mandar aquela.

Esqueci de dizer na primeira carta, dei o meu jeitinho e te matriculei na escola, você começa amanhã cedo, a escola fica a alguns quarteirões descendo a rua do hotel, é fácil chegar .

Mais fumaça, dessa vez do guarda roupas.
Abri a porta devagar, ele tinha acabado de deixar milhares de roupas, todas humanas, provavelmente para eu ir á escola.
Já havia recebido diversos presentes dele por uma noite só, tava mais que na hora de eu me presentear, com oque, uma noite de descanso.

°•°

- Levanta Blair, vai se atrasar pra escola.

Me espreguicei na cama, alguém tinha me chacoalhado, porém quando eu abri os olhos não tinha ninguém por perto. Isso era coisa do meu pai...
Fui sonolenta para o chuveiro e deixei a água cair sobre meu corpo.
Depois de tomar meu banho, escovei os dentes e passei uma maquiagem básica, já que era pra ir a uma escola humana, por que não parecer uma humana.
Coloquei uma calça jeans, calcei um par de coturnos pretos e um casaco de lã branco, com um sobretudo castanho e um cachecol vermelho, além do gorro que eu ganhei do meu avô quando ele ainda estava vivo.

- hora de ir a escola. - disse a mim mesma de frente para o espelho.

Notei que sobre a mesinha de centro tinha outra caixa, com um papel do lado, caminhei tranquilamente até a mesinha e peguei a caixa.
Abri lentamente e tinha lente de contato castanhas, o papel que estava ao lado era as instruções de como higienizar, colocar, manter, tirar, lavar e guardar.
Coloquei aquele troço pegajoso nos olhos e sai pra ir até a escola.

°•°

Eu observava cada rostinho, era incrível, cada aluno, professor, funcionário, todos, eu realmente não tinha paciência pra me enturmar com ninguém, então enquanto a professora explicava a inutilidade da matéria humana, eu pensava em como eu iria fazer pra encontrar o Mercúrio.
Não fazia a mínima ideia de quanto tempo eu ia enfrentar aquela escola.
A professora Rita era insuportável,tinha uma voz insuportável, a voz dela me irritava.

- eu posso ir no banheiro ? - levantei a mão e pedi, queria um pretexto pra sair da sala.

- vá rápido.

Levantei sentindo os olhares me fuzilando.
O silêncio do corredor era ensurdecedor, a escola tinha três andares, os banheiros ficavam no primeiro e no segundo andar, e para o meu azar, minha sala ficava no terceiro andar, e o banheiro do segundo andar estava interditado, ou seja, eu tinha que ir no primeiro andar e voltar.
Uma garota morena, cabelos cacheados curtos caminhava com seu casaco preto e uma calça jeans, com botas aveludadas.
Ela esbarrou em mim de propósito, estava nítido, a minha vontade foi fazer com que ela explodisse, mas eu ignorei, como ela estava caçando briga óbvio que ela abriu a boca.

- hey menina ! Tá louca, não tá me vendo aqui não!?

- patética. - falei alto.

- como assim patetica !? Quem você acha que é pra falar isso !?

- devo ser tua mãe, já que ela não tá fazendo o papel de te educar.

Virei as costas e desci as escadas, deixando a menina com cara de taxo parada no corredor.
Dava pra saber que ela me fuzilava com o olhar, era nítido.
Eu sabia que ela ia me encher o saco, ela se achava e provavelmente ela iria tentar me desestabilizar, mas meu cérebro só pensava no Mercúrio, eu queria saber onde ele tava e o por que dele não ter vindo atrás de mim ainda.
Passou tanta coisa na minha cabeça que eu passei por uma coisa que vocês humanos chamam de crise de ansiedade.
Fiquei sozinha no banheiro, passando mal com falta de ar.
Até que eu desmaiei.

O breu tomou conta de tudo, depois de algum tempo eu vi uma luz... primeiro eh achei que tava morta,depois eu andei até ela.
Andei ate dar de cara com uma parede invisível, eu vi uma sala, era linda e empoeirada, tinha um homem olhando pela janela, estava tão quieto que dava pra ouvir a respiração dele.
Depois de algum tempo o homem deu um soco na parede... mais um soco... mais um... E mais um...
Finalmente o homem se virou e era o... MERCÚRIO!?
As lágrimas escorriam pelo seu rosto, meu coração palpitava, ele estava sofrendo, eu estava sofrendo, eu só queria descansar um pouco, parar com essa palhaçada.

- Blair, Cadê você?? - ele perguntou ao vento.

Antes que eu respondesse, eu acordei e corri pra sala com os olhos cheio de lágrimas

a filha das trevasOnde histórias criam vida. Descubra agora