capítulo 6

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Homens, tão cheios de marra, acham que conseguem oque quiser e que só eles são capazes de jogar com sentimentos mas não, eu também sei brincar com sentimentos, engraçado né, é incrível jogar com os sentimentos, me dá uma sensação de poder, fazer oque né, eu sou filha de um demônio, adoro ver o sofrimento alheio, está no sangue, já que nasci com um fardo enorme, porque não aproveitar um pouco.
Finalmente estava se aproximando a fuga, Mercúrio me olhava, eu sabia que ele não tinha ido embora, ele não me conhece, eu sou imprevisível, mas ele é totalmente previsível, eu sabia que ele estava me observando enquanto eu "dormia" óbvio que eu não tinha dormido, ainda sem abrir os olhos disse:

- eu sei que você tá aí.

- como você sabe ? - dava pra ouvir os passos em minha direção.

- dois motivos, você é previsível e eu senti a sua magia. - me sentei na cama e o olhei.

- ah, claro, bruxas sentem a magia alheia. - ele debochou.

- não, bruxas não sentem a magia alheia, eu sinto a magia alheia, você ainda não entendeu ? Eu sou meio demônio, com isso eu tenho algumas cartas na manga, além dos benefícios dos dois lados, a mistura de sangue me deu algumas coisas, por exemplo, a habilidade de sentir a magia alheia.

- assim não tem graça, como eu vou te surpreender ?

- não é sempre que funciona, eu não sei controlar.

- sabe eu estive pensando... Que tal irmos mais cedo ? - o fitei.

- está falando sério ?

- sim, quanto mais tempo demoramos, mais perigoso fica.

- tem razão, eu vou arrumar as coisas, preciso que você ative o seu colar. - disse já pegando o meu e fechando os olhos.

- tudo bem.

Ficamos um minuto ali, em silêncio de olhos fechados, dava pra sentir o ar passando, eu conseguia sentir a magia indo para o colar, era uma sensação incrível, abri meus olhos e peguei um abridor de cartas que estava ali, fiz um furo em meu dedo e pinguei uma gota de sangue sobre o pingente, uma luz branco se ascendeu do colar e em segundos o sangue havia sumido, Mercúrio fez o mesmo.

- uau, que incrível. - ele fitava o colar

- precisamos ir rápido. - falei enquanto pegava uma pilha de roupa e socava na mala.

- eu vou com vocês. - Kalus abriu a porta e adentrou no quarto.

- quem é você ? - Mercúrio perguntou.

- Você não sabe pra onde a gente vai e eu não quero que você vá.

- eu sei pra onde vocês vão, eu sei seu plano Blair, quero te dar apoio. - Mercúrio me encarava.

- tá ok, merda, eu não tenho mais colares.

- eu não preciso, eu posso passear por aí sem problemas, posso me disfarçar como um humano.

- porra, você vai deixar ele ir ? - Mercúrio franziu o cenho.

- claro, por que não deixaria, ele pode nos ajudar.

- tá bom, precisamos ir logo.

Terminei de arrumar a mala e nos três corremos em direção aos portões do castelo, tinha dois guardas na porta.

- e agora oque faremos ? - perguntou Mercúrio.

- deixa comigo. - Kalus e eu falamos em uníssono.

- eu vou, eu sei oque fazer - falei ficando de pé e andando em direção aos guardas.

Eles me cumprimentaram, cheguei perto deles e com uma palavra, uma única palavra, eu dei um jeito de passar.

- boa noite senhorita Wichester, algo te...

- morram !

Os olhos dos dois vieram de encontro ao meu, suas expressões de curiosidade viraram expressão de dor, suas mãos tremiam, começava a sair sangue da boca e do nariz deles, depois da orelha e por fim dos olhos, os dois caíram já sem vida no chão, Mercúrio e Kalus se aproximaram.

- como você fez isso ? - Kalus me pergunto.

- um mágico nunca revela seus segredos - sorri - agora vamos.

Corremos para fora do castelo e entramos na floresta, Kalus me ajudou a abrir um portão indetectável para o mundo humano.

- coloquem os colares, eu vou usar um feitiço de transformação até chegarmos na casa da minha família.

- você tem uma casa no mundo humano ?

- sim, minha ex mulher era humana, morei lá por um tempo, até ela morrer de câncer, voltei pra cá e deixei a casa pra trás, ela está bem cuidada.

- você já foi casado ? - Mercúrio perguntou.

- sim, mas foi por alguns meses, me casei aos 18 anos, ela morreu perto do meu aniversário de 19.

- você tem quantos anos ? - perguntei.

- 22, agora vamos, antes que nos achem aqui.

Mercúrio colocou o colar primeiro, os cabelos ficaram loiro, os olhos ficaram castanhos, até a roupa dele mudou, ficou com uma camisa branca, uma bermuda e sapato preto.
Já em mim a mudança foi menor, meu cabelo ficou preto, meus olhos ficaram marrons, fiquei com um vestido preto e uma bota de cano curto também preta.

- mesmo parecendo humana você fica linda - zombou Mercúrio.

- fica quieto.

Atravessamos o portal e como parar de frente a uma mansão, ela era enorme.
Entramos na mansão e começamos a explorar, Kalus nos mostrou o quarto dele, Mercúrio e eu ficamos nos quartos de hóspedes, era um de frente para o outro, Kalus também me deu as roupas da ex mulher dele e algumas roupas para Mercúrio.

°•°

Era de madrugada, Kalus dormia e Mercúrio estava na biblioteca lendo os livros que falavam sobre a profecia, eu estava no meu quarto, havíamos decidido que eu iria para a escola, para manter o disfarce, Kalus fez uma poção para Mercúrio não morrer queimado e ir para a escola também, ele seria meu tio, meus pais tinham morrido em um acidente de carro e ele cuidava de mim, Mercúrio seria um estudante de intercâmbio que estava em nossa casa.
Mercúrio entrou no quarto com um livro na meu e me tirou dos meus devaneios, como sempre.

- sua profecia é totalmente estranha, ela tem alguns furos, em alguns livros elas estão iguais, em outros diferentes, o escritor do primeiro livro ainda está vivo, podemos ir conversar com ele.

- olha, pode ser porque pessoas diferentes escreveram para anunciar com suas palavras e como iríamos encontrá-lo ?

- não Blair, no primeiro livro diz que uma híbrida salvará as bruxas de um mal vindo de outros bruxos, e em outros diz que uma híbrida salvará as bruxas dos vampiros. - o encarei.

- ok, agora eu me preocupei, mas como vamos achar ele ?

- no livro diz que ele mora por aqui, podemos perguntar a Kalus onde fica o endereço.

- você não morou aqui ?

- sim, mas eu fiquei em outro país, não no Brasil.

- tá bem, amanhã nós procuramos.

a filha das trevasOnde histórias criam vida. Descubra agora