Capitulo 22

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Dentro da sala a minha mente se voltava apenas ao Mercúrio, já tinha um tempo que havíamos nos separado e desde então eu não o vi mais.
A professora explicava a matéria, pra mim, era uma baboseira tudo aquilo, eu literalmente não ia usar isso na minha vida, já que o mundo sobrenatural travou na era medieval, é até estranho pra mim, que já estou acostumada com a era medieval, ver as pessoas da minha idade, com celulares e falando sobre umas coisas estranhas, não é como se eu nunca tinha visto essas coisas, minha mãe e eu nos teletransportavamos ao mundo humano pra ver como era á vida deles quase sempre, era até hilário as vezes que tentávamos nos misturar, parecia duas doidas no meio deles, mas deu pra aprender muita coisa, eu já tive até um celular, mas joguei fora, não temos internet no mundo sobrenatural.

- oh, aluna nova. - uma garota sussurrou pra mim.

- oque !? - respondi alto.

- tá vendo aquele garoto ali na frente ? - ela apontou para um menino alto, dos cabelos escuros e pele branca sentado a algumas mesas na minha frente, eu assenti com a cabeça. - entrega essa carta pra ele. - ela riu corada.

Peguei a carta entre os dedos e me levantei pra entregar pra ele.
Joguei a carta na mesa e me virei pra voltar ao meu lugar e ignorar aquela aula chata e inútil, mas como tudo de errado geralmente acontece comigo, a maldita professora tinha que aparecer, e me encher o saco.

- opa, mocinha. - ela disse com a voz enjoada que ela tinha, agarrando meu braço. - oque tinha na carta que você deu pra ele !?

- eu não faço ideia, não fui eu que escrevi.

- e quem foi que escreveu a carta ?

- também não faço ideia.

- então você não sabe de nada né? - ela gritou.

- primeiro, fale baixo, abaixa o tom pra falar comigo, segundo, eu sei muita coisa que o seu cérebro não é nem capaz de compreender. - empurrei a mão dela do meu pulso. - agora, eu vou voltar ao meu lugar.

- você vai pra diretoria, Mikhail, acompanhe ela até lá.

O garoto da carta se levantou e saiu andando, eu fui junto com ele, a professora novamente segurou meu pulso.

- e eu quero a carta.

- mas nem pensar, ela não é sua, isso é roubo, você tá louca !?

- não é permitido durante a aula, ou você me entrega, ou entrega pra diretora.

- pra nenhuma das duas !! De onde eu venho, ler a carta de outra pessoa é uma falta de respeito inadimicivel, como você quer ler a carta de outra pessoa !? - tem uma leve chance, mínima, de eu ter gritado.

- pois bem, você é bem encrenqueira.

- eu só faço oque é cer...

- eu olhei para a janela e tinha certeza que vi a irmã do mercúrio, com um sobretudo preto, cachecol, e gorro, tudo pra esconder a pele do sol humano.

Eu me soltei e saí correndo o mais rápido que consegui, ouvindo cada vez menos os gritos da professora mandando eu voltar pra sala.
Empurrão a porta e olhei em volta mas nada da garota, não era possível isso, era a segunda vez que eu via ela, tinha alguma coisa errada.
Me virei pra voltar a escola e tomei um soco na cara, não deu tempo de ver quem foi, nem de sentir dor, tudo ficou preto e a última coisa que senti foi o choque do meu corpo atingindo o chão,

Novamente o escuro, só o escuro e eu, uma luz se acendeu, mostrando um pedestal, andei lentamente até ele, parei na beirada e peguei o objeto na mão, era um cristal roxo, bem escuro e pulsando, eu não conseguia entender oque era aquilo tudo.

Dava pra sentir que tinha magia dentro dele, ele estava aprisionando a magia, mas... por que!?
Não entrava na minha cabeça o porque, só conseguia entender que por algum motivo tinha magia lá, e que aquilo significava algo.

Outra luz se acendeu, dessa vez tinha um quadro, fui até lá.
Coloquei a Mão na tela e passei o polegar.
Era uma pintura, minha com a minha mãe, do dia que fomos ao parque humano, ela estava tão sorridente, comendo um algodão doce, e rindo.
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, elas desciam cadê vez mas, borrando a minha visão.
Limpei os olhos e voltei a olhar para a pintura.

Um detalhe me chamo a atenção... ela estava com um colar, e nesse colar estava o cristal que eu tinha acabado de ver.

Mas minha mãe nunca teve um colar daqueles, ela odiava ganhar cristais do Cláudio, porque ela havia ganhado um do meu pai no primeiro encontro, depois do término ela nunca mais gostou de cristais.

O ar foi ficando mais pesado, meu corpo estava ficando cadê vez mais leve, mais leve, cada vez mais e mais.
Até que eu comecei s subir.
Tudo se apagou e eu comecei a perder o fôlego, minha roupa ficou pesada e foi ficando frio.

Tentei gritar por ajuda e saíram bolhas da minha boca, aí eu entendi que eu estava debaixo da água, bati os braços e tentei subir, uma luz se acendeu no alto, mas essa era diferente, era meio alaranjada.

Depois de muito esforço consegui sair da água me apoiando no objeto da luz alaranjada.
Levantei a cabeça e olhei pra ver qual era o objeto, dei um pulo quando vi a escola pegando fogo, o corredor central estava intacto, havia um arrepio vagueando pelo meu corpo, meu coração estava acelerado, entrei na escola, no mesmo instante que atravessei a porta, ela se fechou e eu fiquei completamente seca, por dentro não tinha fogo, nem água, nem som, vozes, gritos, risadas nada, apenas um silêncio ensurdecedor.

Caminhei pelos corredores, dava pra ouvir o barulho do meu coração e do meu coturno.
Eu senti a presença de alguém, mas não era magia, só dava pra sentir que tinha alguém na escola além de mim.
Fui na direção da presença, subi as escadas com meu coração disparado ainda.

Assim que virei no corredor, alguém vestido completamente de preto, com uma trilha de corpos e sangue, correu até mim e me empurrou da escada, novamente o breu...

a filha das trevasOnde histórias criam vida. Descubra agora