Maria Luiza estava em casa, finalmente uma noite de sábado tranquila para descansar, mas ela não conseguia. Amanda não respondia suas mensagens a dias, não atendeu a única ligação que Maria tentou fazer e não aparecia em nenhuma rede social. Maria Luiza estava preocupada, ela não sabia o que estava acontecendo e isso a deixava ansiosa, por mais que soubesse que se Amanda tivesse morrido, ou algo do tipo, todo mundo ficaria sabendo. Decidiu então ligar de novo, não gostava de ser invasiva, mas aquilo já estava passando dos limites.
Ligação recusada.
Maria luiza: Amanda, oi, sou eu de novo. O que tá acontecendo? Eu fiz alguma coisa? Me responde por favor, tô preocupada.
Maria luiza: Desculpa por insistir.
Amanda estava no banho, ficou parada ali com a água quente escorrendo pelo seu cabelo enquanto pensava em tudo o que tinha feito de errado na vida. Não sabia exatamente o que tinha deixado ela assim, não queria conversar com ninguém, nem sair, muito menos queria que as pessoas vissem seu estado, ninguém entenderia. Pegou a toalha branca, se enrolou e foi até sua cama, não se importando em molhar o lençol. Pegou o celular e viu que tinha muitas mensagens não respondidas, muitas delas de grupos, pessoas a chamando pra sair e algumas ligações.
Você tem 2 chamadas perdidas de Maria luiza.
Amanda não queria responder, não queria que Maria Luiza visse que ela não tinha a vida perfeita que pensava, Maria era muito, ela era alguma coisa. Amanda era apenas uma mimada que não tinha tomado "rumo" na vida. Sentia vergonha de estar assim, ela tinha tudo e não podia reclamar.
- Filha? - Amanda virou assustada para a porta vendo seu pai entrar apenas com a cabeça, como sempre fazia.
- Esqueceu como bate na porta? - Amanda falou correndo para pegar um roupão.
- Eu bati, amor.
- Eu não ouvi, desculpa - disse desanimada.
- Me falaram que você tá trabalhando, é verdade? Fiquei muito feliz - disse dando um sorrisinho.
- É, tô - deu de ombros - logo o senhor vai ter que me aguentar nas reuniões - riu sem vontade.
- Eu sempre soube da sua capacidade filha - disse sentando na cama.
- Capacidade? - riu sarcástica - sabe o que me disseram quando eu fui lá? Que eu só ia conseguir um cargo porque sou sua filha. A minha capacidade foi ter nascido do pai certo.
- Amanda, meu chefe elogiou o seu currículo várias vezes e na frente de gente importante dentro da empresa - ele falou a encarando com carinho - eu conheço muitos filhos de funcionários que só estão lá por causa dos pais, mas você não é uma delas.
Amanda bufou, sabia que seu pai falaria qualquer coisa para ver a filha bem, até mentiras.
- Pai, eu só queria me sentir importante, entende? Não dentro da empresa, eu não ligo pra isso. Queria me sentir útil - disse olhando para baixo e suspirando - eu conheci alguém - o pai dela a olhou com um sorrisinho desconfiado - calma, não é nada sério - eles riram - É só que... ela é tão independente sabe? Ela não tem medo de nada, por mais que as coisas sejam muito difíceis para ela.
- E como você acha que seria pra ela ver você nesse estado porque conseguiu um emprego privilegiado em uma empresa grande? - ele disse sincero, pegando a mão de Amanda - imagina para essa menina, fazer tudo isso, se matar de trabalhar, pra chegar uma mulher que tem tudo e sempre teve, reclamando que tem tudo? - ele disse dando uma risadinha seca - Eu não estou dizendo que você não pode ficar frustrada minha filha, você pode, mas deixar isso te destruir vai te ajudar em quê?
Amanda ouviu cada palavra como se fosse um tapa, um tapa dado com carinho, mas que ela precisava para acordar. Abraçou seu pai e chorou, chorou porque estava decepcionada consigo mesma, desde quando deixava as palavras da sua mãe entrarem na sua cabeça? Ela sabia o por quê agora, mas também sabia que era alguém, que para o seu pai ela era alguém, sua única filha e o motivo dele voltar para casa, ela sabia de tudo isso.
Amanda: Oi Maria... desculpa o sumiço, não foi nada com você, eu precisava de um tempo, sinto muito por não ter avisado. Como estão as coisas?
Malu: GAROTA? Me dê UM motivo para eu não te matar agora.
Amanda: Você sentiria muito a minha falta...?
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