Treze

12 3 1
                                        

Amanda acordou sendo incomodada pela claridade que passava pela janela da sala, não percebeu que tinha dormido e agora estava sentindo dores no corpo pela posição desconfortável. Havia passado a noite com Maria Luiza em seu peito e ela também não havia se mexido. Levantou com cuidado, colocando Maria Luiza no travesseiro, fazendo ela reclamar alguma coisa sem sentido. Esfregou os olhos e olhou para o celular - sete e cinquenta e nove-, sentia um pouco de vergonha por ter passado a noite ali, não costumava dormir na casa de ninguém, principalmente no primeiro encontro, ao mesmo tempo que não se arrependia, dirigir depois de ter bebido e estar morrendo de sono não era uma boa ideia, apesar de saber que não era bem esse o motivo da escolha. Se levantou por completo admirando a mulher que dormia tão profundamente, Maria estava com uma expressão de raiva, a que fazia sempre, e Amanda sorriu ao pensar que nem dormindo a outra conseguia relaxar. Foi até o banheiro, se olhou no espelho arrumando o cabelo que estava dividido ao meio, ficou se encarando tentando decidir o que faria a seguir, em outra situação ela iria embora sem pensar duas vezes, mas agora estava indecisa.

Maria Luiza acordou sentindo dores em partes que nem sabia que era possível, olhou em volta e não viu sinal de Amanda, parecia que tinha dormido sozinha a noite toda. Ela percebeu quando a outra adormeceu mas não teve coragem de acordar-la, além disso, estava muito confortável no abraço, uma noite só não faria diferença. Levantou ainda com os olhos meio fechados, foi em direção a sala e não viu ninguém. Andou até o banheiro, depois olhou a cozinha e nada. Questionou se Amanda teria ido embora durante a madrugada sem que ela percebesse, o que a deixava um pouco incomodada, mas resolveu pensar nisso depois que escovasse os dentes e tomasse seu café. Maria Luiza estava na cozinha agora passando o café quando ouviu alguém destrancar a porta, nem tinha se dado conta de que as chaves não estavam mais lá, levou um susto quase derrubando a garrafa, respirou fundo quando percebeu que era Amanda entrando constrangida com algumas sacolas nas mãos.

- Bom dia flor do dia! - Amanda falou colocando as compras em cima da mesa pequena.

- Bom dia? - Malu olhava para ela e para as sacolas.

- Eu não sabia o que você gostava de comer então comprei tudo o que vi pela frente - Amanda disse analisando as compras - aqui temos: pão, geléia, manteiga, frutas e bom... eu vi que não tinha chá, então comprei.

Maria Luiza olhava incrédula ao mesmo tempo que dava risada da situação, estava acostumada a tomar apenas café de manhã, o que tinha lhe causado problemas de gastrite. Olhou para Amanda que a encarava como quem espera uma resposta.

- Muito obrigada Amanda - disse sincera - eu nem sei se consigo comer tudo isso - falou enquanto pegava uma xícara de café - você quer?

- Café? Não, obrigada! Eu gosto de me manter tranquila, mas eu agradeceria  se pudesse fazer meu chá.

Maria Luiza fingiu estar julgando a outra, olhando-a de cima a baixo - Claro, tinha que ter um defeito, ninguém é perfeita, não é? - deu risada - pode fazer o seu chá, tem um canecão ali, acabei de usar, ali está o açúcar se precisar, e ali ficam os talheres, fica a vontade - apontou para cada um.

Amanda riu com a revelação de que Maria Luiza a achava perfeita, assentiu com a cabeça e foi pegar o que precisava.

Elas sentaram uma de frente para a outra na mesinha, Amanda abria as sacolas tirando as embalagens de dentro e entregando a Maria Luiza que ria com o exagero da outra, era muita comida. O café ocorreu bem, elas falaram sobre músicas que amavam, sobre os livros que Amanda tinha lido e lugares que tinha conhecido, Maria Luiza escutava tudo com muita atenção, tentando não encarar demais os olhos da outra que de vez em quando encontravam os seus. Amanda decidiu que era hora de voltar para casa. Depois de ficarem mais alguns minutos conversando no portão, alguma coisa sobre como o tempo estava bonito, Amanda entrou no carro e foi.

Maria Luiza estava presa em seus pensamentos, de novo. Tinha aberto o livro que precisava estudar mas depois de ler a mesma frase umas dez vezes, decidiu abandonar. Esperava que a palpitação que estava sentindo fosse o excesso de cafeína que ela tinha ingerido, sempre era, mas então por que dessa vez só vinha quando pensava em Amanda? Não sabia se queria descobrir.

Amanda e Maria LuizaOnde histórias criam vida. Descubra agora