Quatro

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Amanda

Eu estava me divertindo muito, não me divertia assim fazia um tempo, umas vinte e quatro horas para ser mais exata. Camila estava linda, com um vestido estampado bem justo e algumas tranças no cabelo crespo. Andava pra lá e pra cá, cumprimentando todos que chegavam e mandando ficarem no jardim para não estragarem a cozinha da mãe dela, sempre de braços dados comigo, me carregando como se fossemos um casal de adolescentes apaixonadas. 

Encontramos alguns copos de bebida pela cozinha, mesmo deixando bem claro que não era permitido deixar copos por lá, as pessoas não davam a mínima. Então Camila teve a brilhante ideia de misturar todos eles em um só e sair distribuindo para quem ela sabia que tinha abandonado o lixo pelos cantos. 

– Digamos que é uma mistura de tudo de bom que tem nessa festa. – Dizia Camila, rindo quando via os amigos fazendo careta e perguntando o que tinha ali.

Como se tivesse saído de um transe, ela se deu conta de que Fernanda não estava mais na festa. A procurou por toda casa, ainda me carregando como um pet, e ficou muito brava quando viu que a garota realmente tinha dado um jeito de escapar. 

– Não acredito que ela fez isso! Me deixou aqui sozinha e foi embora! 

– Hã... Obrigada pela parte que me toca? 

– Não amor, não é nada com você. – Ela colocou uma mecha do meu cabelo para trás e me encarou. – É só que a Fer sempre faz isso, ela sempre prefere fazer outras coisas que não incluem ficar perto de mim, sabe? 

– Não quero me intrometer nesse lance de família, mas acho que ela ficou bem desconfortável depois que você a empurrou pra Carolina. – Camila se desvencilhou do meu braço e pareceu ficar irritada com o que eu tinha acabado de falar. – Não fica brava, mas você sabe que ela pode ser um pouco... fechada?

– Eu não empurrei ela pra Carol, só queria que ela fosse mais sociável, e que arrumasse alguém né porque a Fernanda não dá uns beijos já faz uma década. 

– Ela vai voltar, tá? Mas pega leva com a sua irmã, ela tem motivos pra ser assim. 

– Você mal a conhece Amanda, o motivo é que ela é uma insuportável. 

– Quem é insuportável? 

Fernanda estava apoiada na porta do corredor, com os braços cruzados, nos encarando como se fosse arrancar nossos olhos com as mãos. Provavelmente tinha ouvido toda a conversa, mas ela não daria o braço a torcer. 

– Ah, oi Fer. – Tentei parecer o menos culpada possível.

– Oi Amanda. Pode me dizer quem é a insuportável que a Camila tanto falou?

– Você sabe de quem eu tô falando.

– Se soubesse não teria perguntado. 

– Uau, que madura. – Camila revirou os olhos, a situação estava ficando tensa demais rápido demais e eu daria tudo para sair dali correndo o mais depressa que conseguisse. Talvez eu não estivesse mais me divertindo tanto quanto antes, brigas de família definitivamente não eram meu entretenimento favorito, pelo contrário, me causavam pânico. 

– Não consegui estacionar o carro, eu disse que nunca vou aprender a... Tá tudo bem por aqui?

– Ah, ótimo. 

Camila deu meia volta e saiu da cozinha, me deixando plantada lá, confusa. Me virei para Fernanda novamente e reconheci a dona da voz suave, a caixa do mercado. Merda. Acho que ela também me reconheceu, já que estava parada atrás da amiga, como se tivesse tomado um susto muito grande, as orelhas estavam vermelhinhas nas pontas de um jeito fofo, e eu poderia jurar que ela tentou se esconder um pouco, sem sucesso. 

– Oi, você por aqui!

– Que coincidência, Amanda né?

– Isso. 

– Vocês se conhecem?

– Ela foi no mercado agora a pouco, eu trabalho lá lembra?

– Só as vezes.– Fernanda andou até o meio da cozinha, deixando algumas sacolas no balcão. Ela deve ter percebido que estávamos um pouco desconfortáveis pois logo em seguida começou a nos apresentar.– Amanda, essa é a Maria Luiza, eu chamo ela de Malu, mas você precisa merecer pra chamar ela assim. Malu, essa é a Amanda, como você já deve ter reparado, namoradinha da minha irmã.

– Eu não sou

– AMANDA! VEM AQUI!

– Como eu disse, namoradinha da minha irmã.

– Preciso ir, mas foi um prazer te conhecer de novo, Maria Luiza.

– O prazer foi meu. 











Amanda e Maria LuizaOnde histórias criam vida. Descubra agora