Capítulo 9

101 25 82
                                    

"Se eu te dissesse o que eu era
você viraria as costas para mim?
E se eu parecer perigoso, você ficaria com medo?" — Monster // Imagine Dragons

(NARRADOR)

   Otávio sempre foi um dos valentões na escola. O corpo que conseguiu em duros treinos na academia causavam desejo nas meninas inveja nos meninos e intimidava os mais fracos. O garoto sorri ao pensar onde sua aparência o levaria. Não era rico, tampouco inteligente. Mas quem se importava, afinal? Ele era lindo, teria todas as garotas aos seus pés e, quem sabe, poderia até usar sua aparência para enriquecer. Como faria isso? Ele ainda não sabia, mas daria um jeito.

     No momento ele está concentrado apenas em Bianca e no que vai fazer para tê-la em sua cama. Bianca é bonita e popular, namora-lá seria o sonho de qualquer homem, é claro que era o dele também. Ele sabia, o que fez com Drisa não foi certo. Contudo, não liga para isso. Graças a essa brincadeira ganhou um beijo da garota que gosta, um beijo na bochecha, mas ainda assim um beijo, logo ele teria mais e estava feliz com isso.

     Afastando um pouco seus pensamentos adolescentes, o rapaz observou as horas em seu relógio barato, o pai estava drasticamente atrasado para vir buscá-lo. Ele suspirou e decidiu então caminhar até sua casa que não era tão longe dali.

    A rua estava deserta. Desde o brutal assassinato de Caio, a cidade trancava-se cedo em casa. Não era seguro permanecer na rua quando havia um psicopata solto por aí, todos estavam cientes disso e prezavam por suas vidas. Otávio cantarolava uma música baixinha quando sentiu um puxão em sua camisa, ele virou-se para trás e não gostou de quem viu, virou-se novamente para frente e começou a andar, pois não queria confusão. O puxão dessa vez veio mais forte, fazendo com que fosse arrastado para trás.

— Qual o seu problema?! — exclamou o rapaz. O grito soou absurdamente alto, devido ao silêncio na rua, no entanto ninguém o ouviu. Ou ignorou.

     Ele recebeu um soco forte em seu rosto e caiu, surpreso. O sangue espirrou longe, ele soltou um gemido de dor e raiva e levantou-se em um pulo, pronto para revidar. No entanto, o homem em sua frente apontou-lhe uma arma, obrigando-o a se afastar, engolindo em seco.

— Você gosta de brincar, não é? — A voz sai calma, não há hesitação, medo, ou qualquer resquício de brincadeira. — É, eu também sei brincar, e hoje vamos nos divertir um pouquinho.

     📖📖📖

     Otávio seguia pelo corredor escuro, não sabia para onde estava indo, apenas seguia conforme lhe era ordenado. A arma em sua cabeça não o deixava desobedecer.

— O que você vai fazer comigo? — A voz dele é assustada, está tremendo de medo. Seu corpo dói, resultado dos chutes e socos que recebera.

— Se você colaborar comigo, apenas farei o suficiente para que nunca se esqueça desse dia.

— E se eu não colaborar? — Encontrou o olhar de seu agressor, mesmo no escuro pôde ver a expressão calma do outro, como se fizesse isso com frequência. Otávio soube, pela resposta fria e clara que veio logo depois de sua pergunta um tanto quanto perigosa, que aquele homem o mataria sem pensar duas vezes e, apesar de lhe dizer o contrário, não havia nada que ele pudesse fazer para evitar o acontecimento.

— Se não colaborar, sua cabeça estará rolando no chão antes que possa dizer que sente muito pelas merdas que fez durante sua vidinha medíocre.

      📖📖📖

      Acordo com meu corpo suado. Não sei que horas são, mas deve ser tarde ao julgar pelo calor que está fazendo em meu quarto. Levanto e pego meu celular. As mensagens que mandei para Caleb foram todas visualizadas e também ignoradas. Sei que foi ele que mandou a mensagem, mas não o vi em lugar nenhum após recebê-la. Isso me deixou mais paranoica e pensando se tinha sido real, mas eu dormi e acordei e a mensagem continua ali. Como uma prova de que isso está realmente acontecendo.

      Vou até o banheiro onde me encontro encolhida pela água gelada. Já passou do meio-dia, porém não deixo de sentir frio quando a água atinge o meu corpo.

     Um pouco antes de terminar o banho ouço minha mãe gritando com alguém na sala, me enrolo em uma toalha e volto para o quarto, depois de me vestir e continuar ouvindo os gritos cada vez mais alterados de Paula vou até à sala em passos lentos.

— Ele é adolescente, não pode vir aqui e acusar minha filha porque o merdinha do seu filho não voltou para casa do papai ainda. — Minha mãe está parada na porta, segurando a mesma para impedir a passagem de seja lá quem for. Aproximo-me. Quando ela me ver, lança-me um olhar assustado.

— Volte para o quarto! — diz.

— O que está acontecendo mamãe?

— É ela! Ela sabe onde ele está, vocês precisam fazer alguma coisa, ela vai matar o meu menino. — Aproximo-me mais, ignorando os protestos de minha mãe, ao ouvir a voz masculina carregada de angústia, então vejo o pai de Otávio, acompanhado por dois policiais.

Caleb - Não olhe. Não grite. Não corra. Onde histórias criam vida. Descubra agora