O Palhaço Poético é uma figura emblemática que mostra ao mundo sua autenticidade e potência. Vai de encontro com o mundo com um olhar crítico e sensível sobre a construções sociais e vivências do mesmo, reverberando a voz marginalizada. O livro abor...
Nenhum evento cronológico poderá marcar nossos encontros, minha subjetividade se estendeu quando você me achou, o partilhar do encanto, da bagunça, do entendimento. Duas supostas incompatibilidades mudaram para assim aumentar o fio intensivo que parecia ser predestinado. A estranheza na qual o mundo me enxergava desapareceu, tua vivência, teu olhar dizia, conversava com tudo que habitava em mim, sem dizer uma única sequer palavra. Um fenômeno difícil de se explicar para um incrédulo, a paixão ou amor chegaram como nomenclaturas mais próximas para vestir o corpo que não tinha roupa, poderíamos chamar de sincronicidade ou conexão, sempre foi bom estar fora da caixa, ontem o que era fervente, hoje parece ser frigido, mas nunca vazio.
As nossas conexões sinestésicas, eu e você, um para o outro, era como fosse uma materialização de um sonho utópico que sempre tínhamos em mente, a sensação única, uma magia especial, o mais perto da concepção de perfeição. Era como uma delirante aventura psicodélica, mas seria petulante demais classificar como aventura, pois era uma paixão cheia de fervor e uma conexão indiscutível e inquestionável. Estávamos diante de um estado de uma exultação, marcado como se estivesse nas nossas genéticas e mais nada poderia distorcer aquilo, nada poderia romper nem mesmo a manifestação subversiva das extremidades que nós rodeávamos. Era como um efeito catártico a nossa conjunção. Tudo era tão lúcido, a extensão de mim que era tão boa.
Por um simples momento achei ser uma aventura psicodélica ou mesmo eu estar muito chapado, mas tudo foi real, seus toques, seu cheiro, nossa estranheza, nosso mundo e as nossas singularidades que por mais louco que seja, se pareciam. Jamais poderia machucar o meu eu, ferir minha outra parte, consequentemente feriria eu próprio. Me desvinculei de toda a complicação que parecia deliciosa e aumentava minha vivacidade. Ao meu redor todos assistiam o show narcisista, com uma grande contestação, aquilo feriu egos e me levou ao gozo que parecia eterno, hoje vejo que não tenho a mesma fome, mas ainda sinto necessidade. Não conseguia enxergar sua particularidade tudo era um só, algo intrínseco. Por um lado, aquilo destruía tudo que me prendia dentro de uma caixa, incendiava velhos padrões e me deixava inspirado pela vida, mas ao mesmo tempo, tudo aterrorizava e alimentava minhas paranóias do futuro próximo, enterrei minha outra parte quando abracei minha insegurança, não consegui me despir de mim e fiquei de luto.
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