Fumaça entre a metrópole, dias e meses vejo a maioria no piloto automático. O chiqueiro está esparramando a lama nos limpos, os porquinhos nunca estão contentes até encherem o cofrinho por inteiro. É de dar dó esse distúrbio incoerente, vejo uma nova santa inquisição, vejo quem realmente deve ser queimado. Essa é a nova era onde a intolerância vira pó, a liberdade será disseminada e quanto mais tentar sufocar, mais a vontade de subverter será criada.
A objetificação do corpo ainda é presente, essa maldita normalidade que dizem aparenta ser doentia. A perfeição que almejam em corpos e almas são apenas histórias para manter o fluxo do sistema criado. Todos parecem estar com uns óculos cor de rosa e vivendo dentro de um conto de fadas, enquanto são triturados por todos os lados. A consequência só é percebida com o tempo. Vidas se tornam produtos e essa fábrica tem que falir, a dignidade humana não pode ser algo negociado.
Uma moeda de troco nunca acalentará um coração de luto por perder um ente querido. Ao todo parece que somos simples peças substituíveis, mas temos que pensar que estamos falando de vidas, marcas e traumas e não lucros. Existe uma diferença entre direitos e leis. É uma fadiga que demonstra ser quase infinita, essa tal cizânia e comportamentos orgulhosos cristalizados. Tentam transmitir uma linguagem de algo nobre, mas é como um produto fabricado está no rótulo que isto é vil. Na rua a algazarra que traz a narrativa de revolução, vejo que é insano de mais pensar nessa chuva de vaidades que me molha, essas projeções asquerosas sobre mim me causam repulsa, vim para advogar quem está na margem que ninguém vê.
O discurso do topo da pirâmide é sempre persuasivo. Me parece mórbido demais essa corja de embustes, vim derrubar esse sustentáculo. Muito suor derramado, dias encarcerado nas celas desse mundo contemporâneo, conciliando a sobrevivência e o grande sonho. E nessa atual situação apocalíptica talvez eu seja o anfitrião da balbúrdia, o que estão pregando como certo é algo venenoso, estão sempre usurpando do que é bom para no fim ter o regozijo desumano.
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O PALHAÇO POÉTICO
AléatoireO Palhaço Poético é uma figura emblemática que mostra ao mundo sua autenticidade e potência. Vai de encontro com o mundo com um olhar crítico e sensível sobre a construções sociais e vivências do mesmo, reverberando a voz marginalizada. O livro abor...