Vai coloca no carrinho, mais uma jaqueta da gucci, hoje podemos comer bem, escolha o que quiser, vamos dar uma volta em algumas lojas, o cartão deve ter um limite, não tô ligando, quero satisfação, entre esse ou aquele, pegue logo os dois, não temos tempo para indecisão, mais uma fila grande, segura essas sacolas, enquanto vou ver um negócio ali. O meu bom dia é tipo um presente novo, compre para eles também, querida tá afim de ganhar uma bolsa nova? Não podemos esquecer que viemos comprar só aquilo. Quanto mais eu tenho, mais eu posso, nunca satisfeito, sempre querendo mais. Uma nova ambição, vivendo em um pêndulo, olhei, provei, comprei. Essa roupa não parece mais agradável, vou procurar novas marcas, tô precisando muito. Ah, passa no outro cartão, acho que vai passar, corrente no pescoço balançando, anel no dedo, tatuagem nova, vários estilos diferentes, um para cada dia, cabelo ok, roupas novas, se eu consumo, logo existo, foda se, eu tô no hype.
Se estão falando mal, isso deve ser inveja. Estou me sentindo confortável com esse Nike Hyper, pegue meu iPhone 7, vem cá tirar uma foto comigo, eles vão babar, uma sobremesa para acompanhar, uma balada para complementar, deixa eu comprar. Sente essa liberdade, somos a cara dessa marca, aumentando cada vez mais o nosso valor. Não só desejo como realizo também, só temos uma vida, se não passa no débito, não tem problemas, toma aqui o cartão de crédito. Estou me sentindo muito atrativo, olha só como estou, nesse mercado me chamam de produto. Olhe aquilo ali, eu não preciso, mas eu quero, a felicidade vem depois. No fim vou acabar atrás de uma vitrine em um dia de liquidação, sempre estou entre o sofrimento e o tédio. O suor de segunda a sexta-feira vale minha satisfação passageira, oito horas diárias difíceis pra caralho, mas foda se, eu tô no hype!
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O PALHAÇO POÉTICO
RandomO Palhaço Poético é uma figura emblemática que mostra ao mundo sua autenticidade e potência. Vai de encontro com o mundo com um olhar crítico e sensível sobre a construções sociais e vivências do mesmo, reverberando a voz marginalizada. O livro abor...