Luke Patterson
Toda sua atenção estava voltada a mim, dessa vez não tinha como fugir.
E tudo bem, porque eu estava cansado de fugir.
-- Eu tinha um irmão... -- Solto a frase, Julie não diz nada, continua em silêncio esperando que eu complete meus pensamentos. -- O nome dele era Marcus.
Viro meu rosto para ela.
-- Como um dos evangelhos do novo testamento, sabe? Eu sou Lucas, ele é Marcus. -- rapidamente me corrijo. -- Era Marcus.
Bebo mais um gole do meu suco de morango.
-- Eu tinha 11 anos, e ele 13, estávamos brincando de bola no quintal, mas eu era péssimo nisso, parecia que a bola sempre para o lado contrário ao meu pé. Em um momento, a bola foi parar no meio da rua, Marcus me disse que eu era ridículo enquanto ria, e eu mostrei a língua para ele. Ele desceu para rua para pegar a bola, mas não olhou para os lados. -- Digo, tudo de uma vez. Fecho os olhos com força enquanto a cena se repete de novo e de novo em minha cabeça. -- Passaram por cima dele.
Tudo parece real de novo, as sensações voltam com força.
Bola na rua.
Marcus na rua.
Um carro azul passando.
Marcus morto.
Jules pega minha mão me trazendo de volta para realidade, uma realidade sem mortes, onde seus olhos me olham em um misto de preocupação e empatia.
-- Sinto muito -- Sussurra, eu aperto sua mão.
-- Eu também. -- respondo.
Ela espera que eu leve meu próprio tempo para me recomponhor, para voltar aos trilhos. Isso não deveria me surpeender, Julie sabe muito bem como é perder alguém que ama.
-- Meus pais nunca mais foram os mesmos depois, papai passava o tempo todo no trabalho. Todos os dias, o dia todo, até em fins de semana. -- Conto, Julie ainda não soltou minha mão. Espero que ela não solte nunca. -- Minha mãe não reagiu bem a perder um filho, ela ficava o tempo todo com medo de me perder também.
As cenas da minha adolescência inundam minha mente, cada bronca, cada proibição.
-- Luke, você não pode mais andar de bicicleta. Luke, sair depois das 19:00 nem pensar. Luke, de jeito nenhum vai tirar carteira de moto. Luke, não jogue esse videogames violentos. -- Puxo ar, tentando respirar normalmente. -- Luke, nem por cima do meu cadáver você entra em uma banda de rock!
Viro todo o copo de suco em minha boca de uma só vez, Julie solta minha mão para que eu possa realizar a tarefa, e sinto sua falta instantaneamente.
-- Música era a única coisa que mantinha são dentro daquela casa, e mesmo assim, eu acabava brigando com ela. O tempo todo. Discussões a todo vapor e a todo volume, ninguém nunca cedia, ninguém nunca se desculpava. No final, um de nós ia embora, dava as costas e corria para longe. -- Agora soo irritado. Irritado com ela, comigo, com papai, com Marcus. Com os céus e com o universo.
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Her Boy ️🌈⃤ Juke (Julie and the phantoms) [TERMINADO]
Fanfiction- Você acha que planejei isso? acha que eu queria estar apaixonado por você? - Sua voz fica cada vez mais alta, eu tento manter a calma. - Eu não sei. - encontro minha voz, finalmente. - Eu só sei que a gente não pode ficar junto, Luke, eu não...