75● Não temos nada

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Julie Molina

Viro a esquerda no corredor, estou indo até a sala de música, e se algum professor me achar perambulando pela escola, estou completamente ferrada.

O que só me deixa mais irritada.

Quero bater em Luke com toda força e isso não é legal. Eu não costumo ser irritada, acho, faço o possível para controlar meus nervos.

Eu chego a sala de música e paro na porta. Luke está sentado no banco do piano, tocando uma melodia que nunca ouvi antes, mas que me ganha assim que chega aos meus ouvidos.

Depois de alguns segundos ele me nota ali, sorri para mim.

-- Não vai entrar? -- Pergunta, eu dou passos em sua direção.

-- Estava apreciando o som. -- Digo, eu paro na frente do piano, deixando-o entre nós dois.

Luke demora seu olhar em mim, seus olhos parecem mais escuros, mas talvez seja apenas a iluminação.

-- Você gostou? -- Pergunta, sua voz carrega um tom misterioso por trás, mas tento não focar nisso.

Aceno com a cabeça e sorrio.

-- Adorei. -- Eu batuco os dedos sobre o piano, e fecho a cara me lembrando de porquê vim até aqui, em primeiro lugar. -- Luke, apaga aquele comentário.

Ele faz uma micro expressão de raiva.

-- É tão ruim assim deixar as pessoas pensarem que temos alguma coisa, Julie? -- Pergunta, eu batuco os dedos levemente mais rápido, ele desce os olhos para minha mão e eu paro de mexe-lá automaticamente.

-- Não temos nada. -- Respondo, a pontada que sinto no estômago me diz outra coisa. Mas veja só, sou muito boa em ignorar meus sentimentos, é uma verdadeira pena, que eu não seja tão boa assim ignorando minha cabeça.

-- Não? -- Insinua, morde o lábio inferior e se levanta do banco, mas continua do outro lado. Enquanto o piano estiver entre nós, está tudo bem, enquanto o piano estiver entre nós, estou segura (de mim mesma) -- Tem certeza, arconauta?

Como não sei se sou capaz de responder a pergunta sem me comprometer, desvio o assunto.

-- Você disse que se eu viesse aqui, você apagaria o comentário. -- O lembro, ele abre um sorriso mínimo como se tivesse entendido minha desviada de assunto.

Tira o celular do bolso de trás do jeans.

- Se você faz tanta questão. - dá de ombros, e clica na tela do celular diversas vezes.

- Obrigada. - Digo, ele me olha por meio segundo antes de voltar o olhar à tela.

- Prontinho, madame, seu pedido foi concedido. - Brinca, reviro os olhos, agora que já fez o pedi, me vejo no horário de ir embora da sala de música e aproveitar que ninguém veio atrás de mim, que ninguém me pegou matando aula. - Mereço até um beijinho de agradecimento, né?

Agarro as bordas do piano, e encaro Luke.

- Isso não tem graça, Patterson. - Garanto, ele abre um dos seus sorrisos, mas não se move, ainda está do outro lado do piano, e isso conforta meu coração.

- Não contei nenhuma piada, Molina.- Replica, tiro minhas mãos do piano e as trago para perto de mim, ele acompanha meus movimentos com os olhos.

- Nunca sei quando está falando sério, ou quando está brincando. - Digo, minhas mãos seguram uma a outra. Estou tentando manter meus nervos sobre controle, eles parecem estar bem desgovernados a um tempo.

Não sei se isso se deve a adolescência, tpm, ou se esse é simplesmente o efeito Luke Patterson em mim.

- Eu estou sempre falando sério com você. - responde, me falta fôlego, enquanto raciocínio suas palavras.

- Queria conseguir ser direta igual você. - admito, ele lambe os lábios e arruma a postura.

- Por que não tenta? - Pergunta como se fosse fácil assim. - O que está pensando agora? O que quer fazer agora?

Enquanto pergunta contorna o piano vindo em minha direção, o sinal vermelho volta piscar no fundo do meu cérebro.

- Quero te dar um tapa. - resmungo, ele solta uma risada, o fato de Luke nunca parecer ofendido com absolutamente nada que eu dizia, me fazia gostar e desgostar dele com a mesma proporção.

Ele da mais alguns passos para frente, ando para trás por puro reflexo, meus movimentos não passam despercebidos.

- Está fugindo de mim? - Semicerra os olhos enquanto me olha, engulo em seco.

- Você está brincando com fogo. - Aviso, ele dá mais um passo para frente completamente inconsciente dos efeitos que tem sobe mim.

- Com medo de se queimar, arconauta? - Estou tentando com tudo que sou fugir das insinuações dele, mas ele é muito bom em flertar, e eu sou muito ruim em resistir.

Fecho a cara e me afasto mais ainda, mas a sala tinha que acabar em algum momento.

- Me diz que você não pensou no nosso beijo em momento nenhum. - Ele abaixa o tom, meu coração martela contra meu corpo, posso sentir a adrenalina em minhas veias.- Me diz que não pensa sobre mim, me diz que não pensa sobre nós.

Não posso. Não posso. Não posso.

Sempre que vi filmes em que a personagem simplesmente não conseguia mentir, eu ficava irritada, aquilo era claramente uma mentira de Hollywood. Se você quer mentir abra a boca e minta, não é tão difícil assim.

Nesse momento percebo que nunca estive mais errada, porque quero mais que tudo dizer para ele, que nem sequer existe um nós para pensar, mas estou me engasgando com as palavras, estou me afogando em mim mesma.

Ele se aproxima mais um pouco, estende a mão e contorna o formato dos meus lábios com o polegar enquanto segura meu queixo com o resto da mão.

Não consigo decidir se isso é o céu ou o inferno.

- Nosso beijo foi um erro. - Finalmente forço minha voz a sair, ela sai desregulada entregando o efeito que ele tem sobre mim, e isso não é justo.

Ele sobe os olhos aos meus assim que ouve minhas palavras, parece maravilhado, se aproxima mais e sussurra contra minha pele.

- Você não faz idéia do quanto eu quero errar novamente.




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O capítulo só saiu as 01:00 porque eu sou instável, mas não desistam de mim

É isso que eu ofereço a vocês hoje, e tchau tchau

Bisous
D.

Her Boy ️‍🌈⃤ Juke (Julie and the phantoms) [TERMINADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora