Chapter 20

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Estranheza e familiaridade.

Não consegui deslizar dentre as ruas sem aparentar ser um turista maravilhado com o lugar. Deslumbrado, surpreso com as lembranças que me acertavam a cada segundo.

O mesmo cheiro de antes, as pessoas ainda pareciam pouco receptivas e desconfiadas. Estava quente e a brisa que ia contra a pele parecia querer me sugar para si.

Usava uma máscara por segurança, jaqueta e mangas longas em lã. Depois de tanto tempo a temperatura já me incomodava, esse pequeno detalhe sobre Suna estava mais que claro e vivo na minha cabeça, fervendo e queimado todos os meus sentidos.

Dentro da mochila alguns materiais, armamento de emergência e uma carta que lhe dava motivos para estar ali. Entre a jaqueta e o peito, uma bandana pequena, um tanto desgastada, com uma ampulheta ilustrada no centro, provando, dessa forma, que não eras tão desconhecido assim.

A medida que avançava dentre os bairros, desviava da pressa de Suna entre um esbarro e outro, conseguia observar o Planalto do Kage tomando forma nos limites da Aldeia, e uma pulsão de ansiedade começara a fluir dentre as narinas.

Tentava um caminho mais fácil, menos movimentado, mas ainda era final de tarde e Sunakagure estava mais desperta que nunca.

Tomando uma trilha deserta onde até as sombras eram indecifráveis, pude observar, através das montanhas, o que me faria cair de joelhos, paralisar, entrar num maldito transe paranóide, o pânico temporário que me assolava durante os sonhos; O mesmo prédio de antes, o mesmo orfanato. O mesmo fogo, o terror de sempre.

A mesma dor na nuca persistia, levei uma mão à testa com o objetivo de concentrá-la num único ponto, como me foi instruído por Zatsu. Não era hora para perder o controle, mas aquele montante de informações eram um prato cheio para o troço que eu hospedava.

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Poucas eram as vezes em que Amnki levantava os óculos, mas havia ali uma exceção. Ali, entre as montanhas arenosas, arrasado pelo tempo e a fuligem, estava o primeiro lugar o qual pôde chamar de lar. Os olhos refletiam um pouco da luz dos céus, elo que brincava com o verde e o âmbar das pupilas do rapaz.

Por segurança, voltou a colocá-los sobre a vista. Seus sentidos estavam mais vivos, de certa forma, estar de volta lhe fazia sentir como um animal preso que volta à natureza.

Não havia nada que não passasse pelos seus sentidos. Nem mesmo os passos de uma simples formiga. A ânsia deslizou até os pulsos, fechando-os em forma de coragem.

—Merda.

À frente, soldados de vigília acima das montanhas ao redor do antigo prédio. Mais alguns passos e seria impossível não ser detectado pelos civis.

Suna era conhecida pelo seu tratamento com estranhos, e não eram nada receptivos.

Amnki poderia concentrar chakra na ponta dos dedos e desintregrar-se entre a poeira que era levada pelos ventos até o seu destino, penetrar na crosta e viajar através dela por meio da areia ferrosa, movê-la e causar um pequeno terremoto, mas, além de ser uma perda de tempo, Amnki não estava confiante sobre si mesmo, Suna emanava uma energia pesada e melancólica, o que fazia seu verme interior querer expor-se, e, ali, estava vulnerável.

Como única saída, a melhor decisão seria deletar alguns civis, da maneira mais sútil possível.

Entre arbustos, camuflado pela vegetação seca e a areia, aos poucos, puxou a mochila para si, retirando a flecha acoplada ao arco que posicionou, de maneira sorrateira, em direção aos olhos desatentos dos homens de suna.

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