"Volte ao passado, e se encontre. Não há nada no futuro que não dependa do antes.Volte, encontre o que foi perdido, e terá as respostas.
Volte, mas não se perca, a não ser em si mesmo." -s.a
Passados alguns anos, já mais velho, o garoto retornou à velha casa onde vivera, com o pai, boa parte de sua juventude.
As Sakuras e Moojis já não cresciam juntos. Os ramos pareciam brigar entre si por espaço. Odiavam-se.
Vários galhos quebrados, espalhados no chão úmido, formavam o tapete da derrota, resultado da intensa disputa entre as duas árvores. Uma luta sem vencedores.
No entanto, suas raízes continuavam bem atadas, unidas. Abraçadas.
Apenas adormecidas.
Esqueceram-se que haviam construído algo maior que qualquer glória.
Fogo. O fruto que jamais fora visto.
-Mas, senhora! -A jovem pupila se mostrava surpresa diante de um pedido que, a seu ver, era uma heresia.
A morena, sentada de frente a um espelho, olhava-se profundamente como quem despedia-se de um ente.
Levou as mãos ao rosto, deslizou-as entre os cabelos longos e deitou-se sob a penteadeira.
Ela estava ansiosa.
-Eu prefiro que seja assim, Itai. Por favor, não me questione. -Ela ergueu-se, e posicionou-se, com a postura reta e imponente, diante do espelho.
[...] -Já está na hora.
O barulho da chuva conferia um ambiente um pouco menos desconfortável para as duas, uma vez que Itai se mostrara totalmente indiferente e sem mais opções para fazê-la desistir.
A umidade do ar ofuscava o rosto jovial, -um tanto maduro, mas oval- de Noah perante o espelho. Gotas de água surgiam ao redor dos vidros espelhados, e agora ela sabia que o inverno chegara.
Novembro, dia 13.
Tinha alguma coisa além de chuva naquele dia. Havia muito mais do que temperaturas baixas, resfriados, céus escuros e chá de hortelã.
Havia lágrimas em seus olhos. Lá no fundo, por baixo dos cílios grossos, do âmbar dos glóbulos.
Aquele rosto de novo, o qual não envelhecia na sua mente, embora já tivessem passado 18 anos.
O mesmo sorriso. Os olhos que eram LSD propriamente dito, bolhas de sabão coloridas, com verde e âmbar. O psicodélico na sua forma mais bruta e pueril.
Logo em seguida o choro da despedida. A lembrança que nunca mais voltou, ou talvez tenha se perdido no presente.
A chegada dele. O primeiro choro. O abrir dos olhos. A angústia.
Tão frágil nos primeiros meses. Alheio aos riscos que estávamos sujeitos. Esperançoso por uma vida normal, estruturada, decente. Feliz.
Era o que eu via em seus lábios, que pareciam sorrir para mim em meus braços enquanto dormia. Para, no dia seguinte, acordar, abrir os olhos e perceber que estava sozinho.
Perceber que era como os outros ao seu redor, e que lamentava todas as noites pelo mesmo motivo: Alguém que deveria estar ali, não estava
É o lema que os órfãos de verdade carregam em suas costas. Mas o orfanato foi o único meio de vê-lo protegido.
Eu estava tão perto dele.
Eu o vi sorrir, ouvi sobre seus sonhos e ideias absurdas. Pintei seus desenhos e cantei até fazê-lo dormir.
Mas ele nunca soube de verdade.
18 anos após o primeiro dia 13 de Novembro. Aquele dia 13. Onde tudo começou e você nasceu.
Você era, e ainda é forte. Como o seu pai, e é por isso que o ainda sinto, todos os dias. Nossos batimentos estão alinhados, filho.
Shinki.
-Quer ajuda, senhora? Pode acabar se machucando...-Itai se dispôs, ainda um pouco relutante.
Noah parecia não ouvir. Ela estava focada e maravilhada com as camadas e máscaras que caíam de seu rosto a cada centímetro de cabelo que cortava.
O barulho do metal das tesouras se espalhou por todo o corredor interno, como uma opera que guiava o bater agitado de uma borboleta que saía do casulo, e via o mundo pela primeira vez.
No chão, fios, emaranhados, restos do que um dia foi alguém. Montante de tingimentos.
Fios de sofrimento e aparência.
Ali jazia Noah. Suas camadas haviam sido removidas, como cascas. Restara apenas o núcleo nu e puro. Abstrato, mas certeiro. O âmago.
Noah estava por todo o chão da sala. Cada fio, cada cutícula.
Ali, de frente para o espelho, estava qualquer um, menos Noah.
-Está vendo isso, Itai?-Ela perguntou sem qualquer cerimônia, sentando-se no chão, e, logo em seguida, levantando um punhado de fios.
Itai ainda está confusa. Ela parecia diferente. Possuída por alguma outra essência.
-S-são seus cabelos, senhora.-Itai gaguejou. Ela ainda era tão insegura, que temia errar até em indentificar meros fios de cabelo.
A jovem pupila debruçou-se junto à estranha, e brincou com aqueles fios, como se não fosse possível de acreditar que aquilo estava acontecendo.
Como se Noah pudesse ocupar o mesmo de sempre e, ao mesmo tempo, ser outra.
-Pertecem à Dakoshi Noah, Itai. Não mais a mim. Me perdoe por isso também.-ela segurou em suas mãos, como penitência por um erro ainda não dito, deixando a jovem confusa.
-A senhora não me parece bem. Quer algo antes da reunião com o Kazekage?
Itai conferiu sua temperatura. Estava normal.
Mas ainda se questionava o porquê daquela conversa incoerente.No entanto, ela viu algo que não notava há anos nos olhos da conselheira.
O brilho tênue no final dos túneis negros da sua retina.
-Eu estou pronta, Itai. E mais uma única coisa.
E então ela ergueu-se. Tirou sua boina, soltou os cabelos e abriu as gavetas do criado à esquerda.
Uma bandana.
Um pouco apagada, mas não escondia suas origens.
Areia.
Apertou fortemente com o pulso, e lembrou que fora ali o início de tudo, e seu coração bateu mais forte. O frio na espinha era inevitável, e a respiração pesada, essencial.
Gaara.
-Me chame apenas de Matsuri.-e sorriu, deixando para trás todas as dúvidas da jovem.
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SEMPRE [EM ANDAMENTO/ REVISÃO]
FanfictionComo vocês já sabem (ou não) eu sou a típica escritora que não sabe fazer sinópse da própria história. Então, seres humanos, essa é mais uma linda (eu acho) história de amor entre Gaara e Matsuri, o meu casal favorita voltou. Aprecie <3 Obs; POR FAV...