Chapter 21

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Está tudo aí. Agora se manda.

O sussurro, apesar de suave, carregava consigo um pouco do medo e risco por estar ali.

Suigetsu tomou todo o risco para si, em busca de se livrar de uma vez do peso que era viver com Moegui, tentando esquivar-se dela como se não a conhecesse por medo do que todos iriam pensar.

Seria só mais um risco. O último. E então, tudo estaria acabado.

Já não estava mais lidando com o incoveniente que era ser amigo dela. Por mais que fosse importante, Moegui nunca parecia se importar de fato comigo ou com qualquer outro ser miserável como ela. Os interesses dela estavam à frente de tudo e todos.

Mesmo depois de ter traído a nação de Konoha, de ter se envolvido com a Konzoo e, consequentemente, após isso, ter sido condenada, Moegui não parecia ter aprendido alguma coisa.

Apesar de todos os erros passados e presentes, eu sei que, pelo menos uma vez em toda vida, ela está tentando fazer algo certo. Eu sei que ela jamais se conformaria dentro de uma cela e, uma hora ou outra, ela acabaria dando um jeito de escapar do porão subterrâneo onde estava presa.

Como uma presa inconformada. Como quem não aceita a própria realidade e desgosto. Quem derrete suas grades com as próprias lágrimas.

Ela é grande, e quem sou eu (?).

Sinto que não vamos mais nos encontrar depois que ela finalmente começar as investigações por conta própria, escondida de toda a Aldeia.

Ratinha fugitiva.

—Eu nunca vou poder pagar pelo o que está fazendo por mim, Suigetsu. Desculpe envolver você nisso tudo, eu prometo que...

O rapaz, forçando um pouco de indelicadeza, tosse em sinal de pressa, indicando que ela precisava ir.

—Todos os documentos. Todos. Até mesmo os registros dos soldados, recrutas, agente e ambus mais antigos estão nos arquivos de supervisão.

Agora ele dá alguns passos para trás, tenta ir contra os pés que o pedem para ficar. Mas ele é forte. Ele não vai.

Não mais.

—Eu vou conseguir achá-lo. Vou provar toda a minha lealdade à Aldeia de novo, tudo vai voltar a ser como antes. Vou ter de volta o que é meu.

Ela aperta a bandana contra o peito, molhando os olhos o suficiente apenas para hidratar os globos oculares que ressecam em virtude do frio que se abate sobre as noites da Vila.

—Agora é só você. Tente não ser tão egoísta. Se tudo der errado, não volte nunca mais. Não tenho mais forças para você. Entenda isso como um adeus, Moegui. Nós dois sabemos como acaba. Mas eu acredito em você.

Suas palavras podem soar frias, mas o coração da mulher destemida, perversa e autêntica, bate um pouco mais forte por já ter tomado sua decisão.

—Eu vou me lembrar de você. Serei livre, Suigetsu.

Os alarmes disparam. Suigetsu lhe deu um comando de fuga que mais soou como um lamento.

O vermelho das sirenes começavam a invadir a escuridão. Os rostos de ambos brincavam de esconde. Sumiam, surgiam. Brilhavam em meio o zunido.

Ela seria livre. É por isso que lamentava.

Ser livre é arcar com o tributo da incerteza. Do medo.

Ser livre é cair profundamente em direção o centro do nada, com a certeza de que poderia ter sido diferente.

Ser livre, para ela, queria dizer que não haveria uma próxima vez.





—Câmbio. Sora na linha, Comandante. Ela conseguiu, senhor. Escapou como um rato.

A sílabas tremiam. Nem mesmo o agente conseguira de fato acreditar que algo como uma fuga seria possível naquelas circunstâncias.

Entendo, Sora.

A exclamação fez a testa do jovem franzir do outro lado da transmissão. Agora sua preocupação era com a calma com a qual o superintendente tratara a fuga de Moegi.

—Ela vai morrer, senhor.

O comentário não poderia ter sido mais assertivo. Yamato sabia que o agente tinha a razão consigo, mas se viu de mãos atadas. Uma segunda ordem de caça o faria matá-la. Então, por enquanto, o que poderia fazer era apenas vigiá-la.

—Reúna-se com Aburame. Refaça os passos dela, ajam como ela, mas não deixem que ela chegue perto daquele espião...

A voz do superior falhava a medida que o tempo se fechava. Estava escuro, e os céus se partiam em pedaços brilhantes.

Desliga.




























SEMPRE [EM ANDAMENTO/ REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora