7 - O primeiro jantar no largo

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Deveríamos estar mortos, gênio.

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— Adorável. — Olívia comentou, sentindo um alívio no peito por ver Sirius. Não que não soubesse que ele estava, mas... atestar com os próprios olhos que ele estava bem era reconfortante.

— Espera, aquela era mesmo sua...?

— É, minha velha e querida mamãe. — Confirmou a animago. — Faz um mês que estamos tentando tirá-la daí, mas achamos que ela pôs um Feitiço Adesivo Permanente atrás do quadro. Vamos descer, depressa, antes que os outros acordem novamente.

— Espera. — Olívia se apressou para chegar até Sirius, quando passaram por uma porta do corredor que dava acesso a uma escada, acompanhados de perto pelos demais. — Aqui é sua casa? Foi aqui que você cresceu?

— Não é minha casa, era a casa dos meus pais. — Sirius disse com amargura. — Mas sou o último Black vivo, por isso ela agora pertence a mim. Eu a ofereci a Dumbledore para usar como sede. — E, antes que Olívia fizesse outra pergunta, acrescentou: — Acho que foi a única coisa útil que pude fazer até o momento.

Olívia parou por alguns segundos. Aquilo era pura amargura na voz dele. Ela sabia pouca coisa sobre a família de Sirius, mas o suficiente para ter em mente que ele os odiava, e que a ausência deles não era motivo de grande comoção. Não que ela demonstrasse, ao menos. Eles todos acompanharam o homem e, ao fim da escada, passaram por uma porta que se abria para a cozinha do porão.

Não era menos sombria do que o corredor acima, um aposento cavernoso com paredes de pedra bruta. Quase toda a iluminação vinha de um grande fogão ao fundo. Fumaça de cachimbo pairava no ar como a névoa escura sobre um campo de batalha, e nela avultavam as formas ameaçadoras de tachos e panelas penduradas no teto escuro. Muitas cadeiras tinham sido amontoadas no aposento para a reunião e no meio havia uma longa mesa de madeira, coalhada de rolos de pergaminho, cálices, garrafas de vinho vazias e algo que parecia uma pilha de trapos. O Sr. Weasley e seu filho mais velho, Gui, estavam conversando em voz baixa com as cabeças juntas a uma ponta da mesa. A Sra. Weasley estava do outro lado conversando com Jessie e outra mulher loira. O cabelo da desconhecida era loiro quase branco e, embora seu rosto fosse praticamente idêntico ao de Audrey, os olhos azuis da mulher estudaram Olívia de cima abaixo com uma objetividade aristocrática que a fazia parecer extremamente intimidante. O Sr. Weasley, um homem magro, óculos com aros de tartaruga e cabelos ruivos que começavam a ralear, olhou para os lados e imediatamente se levantou.

— Harry! Olívia! — Exclamou o Sr. Weasley, apressando-se a cumprimentá-los, cujas mãos apertou com força. — Que bom ver vocês dois!

Por cima do ombro dele, Olívia deu um leve sorriso para Gui, que ainda usava cabelos longos presos em um rabo de cavalo. Ele retribuiu antes de enrolar as folhas de pergaminho deixadas sobre a mesa.

— Boa viagem? — Perguntou Gui, tentando recolher doze pergaminhos de uma só vez. — Então Olho-Tonto não obrigou vocês a passar pela Groenlândia?

— Ele bem que tentou. — Respondeu Tonks, se aproximando para ajudar Gui, e, logo em seguida, virando uma vela em cima do último rolo. — Ah não... me desculpe...

— Aqui, querido. — Disse a Sra. Weasley, exasperada, consertando o pergaminho com um aceno da varinha. No lampejo de luz produzido pelo feitiço. Por um segundo, Olívia achou ter visto linhas, como de plantas de construção. — Essas coisas deveriam ser retiradas assim que terminam as reuniões. — Disse a Sra. Weasley com rispidez, antes de se dirigir em grandes passadas a um armário antigo de onde começou a retirar pratos de jantar.

OLÍVIA POTTER [5]Onde histórias criam vida. Descubra agora