32 - Gritos, beijos e suco de uva

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É que vocês são surpreendentemente bons em fingirem que se gostam.

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No dia seguinte (domingo), Marcel, Audrey e Josh estavam num corredor ramificado do terceiro andar, esperando, havia quase quinze minutos.

— Você não disse que ela estava na biblioteca? E que estava saindo? — Audrey reclamou, impaciente. — Por que essa demora toda?

— Não sei, mas esperar é o que dá para fazer. — Marcel, que estava espiando o corredor que saía da biblioteca e levava direto à escadaria, disse. — Por quê? Está apressada?

— Para isso acabar logo? — Ela pensou rápido. — Claro. Josh também deve estar, não é?

Josh, que estava recostado numa da paredes do corredor, em silêncio, pensativo, apenas olhou para ela e assentiu, murmurando "Claro". Os dois não tinham se falado direito dese que combinaram tudo no dia anterior.

— Ou talvez a demora seja um sinal de que devemos deixar isso para lá. — Audrey falou depois de algum tempo.

— Acho que é meio tarde para isso. — Josh falou.

— Exato! Ninguém vai se arrepender. — Marcel disse com firmeza, olhando para os dois com firmeza. — Vocês prometeram me ajudar a ganhar. Além disso... — Ela se virou novamente. — Ei! Isso! Olívia está vindo! Vão, vão.

Audrey e Josh se entreolharam, igualmente tensos, porque, seguindo a deixa que haviam combinado, sabiam o que deveriam fazer a seguir. A garota conteve o nervosismo. Não tinha pelo quê ficar nervosa.

Primeiro, porque já tinha feito aquilo antes.

Segundo, porque deixar na cara que estava nervosa era o jeito mais ridículo possível de Josh perceber que ela não estava fazendo aquilo só porque eles tinham feito um acordo.

Ele, a propósito, não parecia nada nervoso quando se desencostou da parede e estendeu teatralmente a mão para ela com um sorrisinho besta, como se estivessem estrelando alguma cena de filme.

— Sério? — Ela riu, segurando a mão estendida.

— É, faz a gente parecer um pouco menos idiota do que só se beijar do nada. — Ele deu de ombros, o sorriso se tornando ligeiramente maior enquanto a puxava lentamente pela mão.

Na verdade, Audrey não se sentiu menos idiota, mas esse pensamento foi imediatamente esquecido quando os dois se beijaram mais uma vez. Ela ficou em choque por alguns segundos, antes de lembrar que precisava beijá-lo de volta. Em choque, porque uma parte pequenininha dentro de si esperava que, no dia anterior, a sensação boa do beijo tivesse sido por causa da adrenalina ou clima do momento, e era desesperador e, ao mesmo tempo, um alívio, perceber que não. Que, um dia depois, a sensação era exatamente igual, senão melhor; que ainda tinha a mesma vontade intrínseca de prolongar aquilo por quanto tempo pudesse.

— Alarme falso. — A voz de Marcel estava em algum plano muito distante, mas Josh devia ter ouvido também, porque se separou e, depois de um olhar que pareceu durar vários minutos – mas foram apenas meros segundos – ele engoliu em seco e encarou o amigo.

— Como "alarme falso"?

— É, foi mal, você tinha que ver, a menina parecia muito com a Olívia. — Marcel explicou.

E Audrey teria acreditado nele, teria mesmo, se, nos vinte minutos que se seguiram, não tivessem havido mais três "alarmes falsos"

No quarto, Josh se irritou e foi até Marcel para ver quem é que ele estava encarando quando disse "Ela está vindo!"

OLÍVIA POTTER [5]Onde histórias criam vida. Descubra agora