3 - As piores lembranças nunca dormem

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Só é fácil lidar com mudanças quando elas são boas, não é?

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A campaninha da casa número quatro da Rua dos Alfeneiros tocou pela terceira vez.

— Mas o que... — Petúnia Dursley resmungou, abrindo a porta novamente, mas desta vez com uma expressão impaciente. Não havia ninguém do lado de fora. De novo. — Ah, francamente!

A mulher trancou a fechadura e espiou o lado de fora pela janela em cima da pia. Seu coração estava acelerado. Válter ainda não havia chegado do trabalho. Duda tinha ido passar o dia na casa de um dos amiguinhos, o que não era uma surpresa, popular como seu filhinho adorável era. Petúnia respirou fundo e alisou o avental cor-de-rosa com as duas mãos, tentando se acalmar.

A campainha tocou novamente.

E de novo.

E de novo.

Petúnia espiou pela janela, mas ainda não havia ninguém.

A campainha tocou mais uma vez.

Ela andou a passos apressados até a porta da frente e abriu-a com as mãos trêmulas. Um vento frio bateu contra o seu rosto, fazendo-a cruzar os braços enquanto andava para fora, a fim de pegar qualquer trombadinha que estivesse pensando em fazê-la de boba. Quando conlcuiu que a rua estava vazia, correu de volta para dentro e fechou a porta o mais rápido que conseguiu, trancando a fechadura pela que deveria ser a vigésima vez naquele dia. Então encostou a orelha na porta, esperando ouvir os passos quando viessem apertar a campainha novamente. Ela iria pegar quem quer que fosse.

— Quem você está esperando? — Uma voz grave a fez dar um grito de susto bater o corpo num baque surdo contra a madeira.

George King estava parado do lado de dentro da casa, observando-a com tranquilidade.

— C-como você entrou? — A mulher gaguejou, espremendo-se contra a porta com o intuito de aumentar a distância entre ela e aquele... bruxo estranho.

— A porta estava aberta. — George respondeu, sorrindo.

— O garoto está lá em cima. — Petúnia disse com aspereza. Parecia ligeiramente desesperada.

George King sempre se impressionava com o quão realista Olívia havia sido ao descrever Petúnia Durlsey quase dois anos atrás; porque, sempre que encontrava a mulher trouxa, George conseguia imaginar perfeitamente a cena de ela esticando o pescoço de girafa pela janela da cozinha e apurando os ouvidos para escutar qualquer fofoca irresistível que estivesse a seu alcance.

— Boa noite para você também, Petúnia. — A voz soou formal quando ele baixou educadamente a cabeça em cumprimento. A mulher estava com uma careta de desgosto. — Também é um prazer enorme te ver.

Petúnia torceu o rosto numa careta. Para ela, não era prazer nenhum vê-lo, isso ficava claro a cada visita.

— Aquele... Lupin disse que você só viria amanhã. — Ela engoliu em seco.

— Qual o problema de eu ter decidido vir mais cedo? — George perguntou num tom cortante. — Alguma coisa que você não quer que eu saiba?

— É claro que não! — Petúnia exclamou, parecendo ofendida.

Ela não deveria, considerando que estava claro para ele e para todos os membros da ordem o quão detestáveis os Dursley eram. E, por mais que os conhecesse há pouco tempo, George simplesmente os odiava. Odiava que Harry vivesse ali. Odiava que o sangue de Olívia não tivesse a proteção de Lílian Potter, e que Dumbledore tivesse selado essa proteção ao sangue de Petúnia Dursley antes de saber que Olívia estava viva. Antes de pensar em uma alternativa... qualquer alternativa que fizesse a proteção correr pelas veias da garota também. Odiava como o Universo parecia conspirar para que tudo ao redor da família Potter desse errado.

OLÍVIA POTTER [5]Onde histórias criam vida. Descubra agora