12 - O Bicho-Papão

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Eu não sei de nada. Mas suspeito de várias coisas.

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— Bom dia, meus amores. — Jessie, que estava ajudando a Sra. Weasley com o café da manhã, cumprimentou Olívia e Harry e assim que eles entraram na cozinha. — Por que demoraram tanto a acordar?

— É. — George, que estava do outro lado da mesa com a cabeça de Clarice apoiada em seu peito, dormindo, olhou para os três com os olhos brilhando. — Por que vocês demoraram tanto a acordar?

Harry e Olívia se entreolharam e, quase ao mesmo tempo, reviraram os olhos. Se havia alguma dúvida de que George os estava vigiando na noite passada, agora não restava mais nenhuma.

— A limpeza ontem foi cansativa, eu estava morta. — Olívia respondeu, puxando a cadeira ao lado de Audrey para se sentar.

Sirius entrou alguns minutos depois, não parecendo nada exausto, e sim energizado em vez disso. Olívia mal prestou atenção às conversas inúteis do café da manhã, mantendo-se atenta para não deixar os olhos fecharem ou a cabeça cair sobre o prato. Após o café, ela se jogou na cama novamente e cochilou por quase meia hora antes de Hermione acordá-la para que começassem a limpeza de um dos quartos reservas, abarrotado de poeira e traças.

Sirius zombou deles mais vezes que o usual, o que, por si só, já provava que ele havia entendido o que ela e Harry disseram sobre não remoer o fato de estar preso naquela casa. Não que Olívia achasse que aquilo ia durar muito tempo, considerando que o início de Setembro se aproximava cada vez mais rápido. O resto do dia foi preenchido pela faxina exagerada da Sra. Weasley, os gritos casuais do quadro da mãe de Sirius e as brincadeiras com Clarice, que havia escolhido Hermione como seu novo colo favorito e Harry, seu novo parceiro de montagem de blocos; posição esta de que, surpreendentemente, seu irmão parecia gostar. Apesar de Olívia ter se forçado a aceitar que eles não receberiam os detalhes importantes sobre o que estava acontecendo, Harry não parecia ter lidado bem com isso, mas era o fato: nenhum adulto do Largo achava que eles precisavam saber mais do que já descobriram na noite em que chegaram.

A passagem dos últimos dias de Agosto se deu de forma lenta, preenchida pela finalização da faxina no Largo Grimmauld e por preciosos momentos em que os integrantes e visitantes da casa pareciam todos se esquecer ao mesmo tempo que havia uma pedra redonda de desastre prestes a rolar ladeira abaixo a qualquer momento, como quando Fred e Jorge pregavam alguma peça com alguém (e ganhavam um tapa da Sra. Weasley logo depois); ou quando Clarice saía distribuindo peças de quebra cabeças (que ela encontrara na bolsa de Josh) para todos, ou quando as meninas ficavam conversando até tarde, baixando a voz quando a Sra. Weasley se aproximava da porta; ou quando Aluado se empolgava e até mesmo contava uma história ou outra sobre quando os marotos eram "jovens, despreocupados e inconsequentes" (segundo ele próprio).

Mas seu padrinho fazia isso raramente, porque contar histórias sobre antes da primeira guerra incluía lembrar de todas as pessoas que fizeram parte da Ordem da Fênix original, mas não faziam mais. Aquela luta não era mais deles. Olívia imaginava frequentemente se o grupo havia crescido de modo a compensar as perdas, que ela sabia terem sido muitas. Imaginava onde Dumbledore estava concentrando suas forças, como estava recrutando membros e... onde diabos estaria Hagrid, que nunca fora a nenhuma das reuniões?

As cartas de Hogwarts com as listas de materiais só chegaram no último dia de férias.

— Droga! — Olívia exclamou, levantando da cama assim que Audrey entrou trazendo cinco envelopes consigo.

OLÍVIA POTTER [5]Onde histórias criam vida. Descubra agora