46 - Departamento de Mistérios

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Quero sair daqui ainda nesse século, andem!

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O Testrálio de Olívia levantou voo antes que ela pudesse se preparar. A garota fechou os olhos e apertou o rosto contra a crina sedosa do cavalo ao romperem pelos ramos mais altos das árvores e saírem voando em direção ao poente vermelho-sangue. Olívia nunca andara tão rápido da vida, nem com Bicuço e nem com uma vassoura embora a segunda opção nem devesse ser considerada, já que seu objetivo ao subir em uma sempre era o mesmo: descer.

O Testrálio passou veloz sobre o castelo, suas grandes asas mal se movendo; o ar frio fustigava o rosto dela; os olhos apertados contra o vento, Olívia olhou para os lados e viu seus amigos acompanhando-a, cada qual mais achatado possível sobre o pescoço do Testrálio para se proteger do turbilhão de ar produzido pelo bicho. Quer dizer, a maioria estava. Josh, por sua vez, tinha a cabeça bem erguida e olhava para baixo o tempo inteiro com um sorriso nervoso no rosto, como se sem acreditar.

— ISSO É O MÁXIMO!

Já Marcel havia sido o último a subir e Olívia jurou que ele não tinha aberto os olhos para apreciar a vista nenhuma vez. Eles sobrevoaram os terrenos de Hogwarts, passaram por Hogsmeade, então chegaram a montanhas e vales
profundos no solo. Quando a luz do dia começou a desaparecer, pequenas coleções de luzes começaram a surgir à medida que passavam sobre outras tantas cidadezinhas, depois uma estrada tortuosa em que um único carro subia com esforço as montanhas a caminho de casa. O crepúsculo caiu: o céu foi mudando para um arroxeado melancólico pontilhado de minúsculas
estrelas prateadas, e não tardou que apenas as luzes das cidades trouxas indicassem a distância a que se encontravam do chão, ou a velocidade a que estavam viajando. Os braços de Olívia apertavam o cavalo com tanta força que começaram a doer. Depois do tempo necessário para a adrenalina diminuir, ela finalmente pôs a cabeça no lugar e percebeu que eles estavam mesmo indo para o Ministério, ou seja, estavam indo salvar Sirius e aquela coisa toda fora uma excelente ideia... ou não tinha perigo nenhum e todos estavam ferrados. Por mais horrível que a primeira alternativa pudesse ser, Olívia desejou com todas as suas forças que a certa não fosse a segunda. Que eles não estivessem ali por nada.

Eles continuaram avançando pela escuridão que se ficava cada vez mais densa. O ronco do frio vento noturno em suas orelhas a fizera ficar temporariamente surda (o que era bom, já que Josh e Rony começaram a soltar gritos de adrenalina em intervalos cada vez mais curtos), e sua boca
estava seca e gelada. Não fazia ideia de quanto tempo havia se passado.

Seu estômago embrulhou quando a cabeça do Testrálio de repente começou a apontar para o solo, e Olívia chegou a deslizar alguns centímetros pelo pescoço do animal. Estavam finalmente descendo... os gritos começaram a ser de medo agora. As fortes luzes cor de laranja iam se tornando maiores e mais redondas por todos os lados; podiam ver os altos dos edifícios, cadeias de faróis que lembravam olhos de insetos, quadrados amarelo-claros assinalando as janelas. Olívia achou que o impacto do pouso seria grande, mas, na verdade, o animal pousou na calçada com a leveza de uma sombra, como se nem fosse corpóreo. Ela demorou alguns segundos para parar de tremer com o frio e a adrenalina e finalmente deslizar pelo dorso do animal. Harry também já havia descido, um pouco mais para trás. Rony aterrissou um pouco adiante, e imediatamente caiu do Testrálio para a calçada. Olívia abafou a risada.

— Nunca mais. — Ele disse, esforçando-se para se erguer. Fez menção de se afastar do cavalo, mas, incapaz de vê-lo, colidiu com seus quartos traseiros e quase caiu outra vez. — Nunca, nunca mais... foi a pior...

OLÍVIA POTTER [5]Onde histórias criam vida. Descubra agora