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Sanji queria se convencer de que não se importava com o aniversário de Zoro, mesmo sabendo que era uma mentira. Acima de todos os outros do grupinho de amigos, ele sempre era o que aguardava mais ansiosamente pela data, ainda que fingisse não se importar. Todo ano era o loiro que planejava uma surpresa, o que costumava ser bem simples, já que o espadachim idiota sempre se esquecia da data. E por mais que estivesse estampado na expressão do cozinheiro o quanto ele estava animado, continuaria a insistir que não era devido ao monstro verde e sim pelo dia do pocky.
Bom, não que fosse totalmente mentira. Era uma data em que ele podia sair pelos corredores da universidade com um daqueles palitos doces na boca, oferecendo para as mulheres belíssimas, na expectativa de conseguir roubar um beijo delas. Infelizmente, não estava sendo bem como ele havia planejado, o que era completamente injusto. Às vezes Sanji achava que era muito feio para ser tão rejeitado assim.
Estaria mentindo se falasse que não ficou cabisbaixo. Talvez algum dia ele encontraria sua alma gêmea e poderiam juntos ter um romance igual aos filmes. Ele suspirou enquanto comia o pocky sozinho, o que era completamente sem sentido, já que aquele negócio existia apenas para realizarem o pocky game e até mesmo o gosto era tão artificial que ele realmente não sentia nenhum prazer em comê-lo.
Enquanto balançava distraidamente o palito, começando a confundi-lo com o costumeiro cigarro, Sanji ouviu um estrondo a seu lado e já sabendo o que era, sequer deu ao trabalho de olhar. Não era novidade para ninguém a falta de modos de Zoro e naquele dia em especial ele não estava de bom humor para aguentá-lo. Ainda assim, atrevidamente o loiro o ofendeu tão baixinho que se não fosse os sentidos apurados daquele homem que praticamente era um animal selvagem, Zoro nem teria escutado. Como de costume, eles começaram a brigar.
Zoro o puxou pelo ombro, obrigando-o a encará-lo nos olhos e diferente do que uma pessoa normal deveria sentir, Sanji não demonstrava nenhum medo diante a brutalidade do outro. Algo que com certeza sempre o irritaria. Sem perceber, ele continuou movendo o pocky para cima e baixo, vendo que os olhos verdes o acompanhavam como se fosse um gato, fazendo o cozinheiro sorrir vitorioso.
Sanji só não esperava que aquele imbecil fosse puxar o doce de sua boca e comer como o ogro que era. Muito menos que antes de poder reclamar e dizer o quanto aquilo era inapropriado, Zoro fosse puxá-lo pela nuca e beijá-lo sem nenhuma vergonha, deixando-o completamente sem reação ou ter tempo para evitar... Não que ele fosse.
Como se aquela situação já não fosse constrangedora o bastante, ao se separarem, Zoro ainda lambeu os lábios e sorriu daquele jeito malditamente predador que Sanji odiou desde o dia que percebeu gostar de um retardado como ele. E para acabar ainda mais com sua postura, Zoro agradeceu pelo presente, obrigando-o a esconder o rosto corado com as mãos e amaldiçoar aquela alga pelo resto de sua vida, jurando que cancelaria a festa daquele e nunca mais tentaria preparar nada para um ogro sem modos como aquele, além de deixá-lo sem comer pelo resto dos anos que estariam juntos... O que nem mesmo Sanji conseguia acreditar que se tornaria realidade.
