Bia e Lis - A Descoberta De Um Amor [CONCLUÍDA]

06. LIS

Eiiiii sobrevivente de 2020, como você tá? 
Fico feliz que você esteja aqui pra ler mais um capitulo!

Boa leitura, Rapha <3

Bia não foi a única jornalista que quis conversar comigo depois de tudo que aconteceu, meu e-mail de trabalho estava lotado com mensagens de jornais querendo alguma fala minha. A maioria das propostas eram absurdas, alguns tiveram coragem de me oferecer um lugar pra pedir desculpas ao público, algo que nunca iria fazer, e, se em alguma realidade paralela eu fosse, não seria em um jornal ou em um site que tinha publicado matérias sensacionalistas e ofensivas sobre mim.

—Quando mais eu leio esses e-mails, mais eu perco a esperança no mundo. —disse mostrando um dos e-mails para Rafa. —Parece que a gente vive numa realidade paralela.

—Você não precisa se preocupar com isso. —disse ele, sem dar muita atenção no décimo e-mail sem noção que eu tinha recebido e mostrado. —O que a Bia escreveu ficou muito bom, tenho certeza que ela vai passar no concurso e a matéria vai te ajudar.

—Eu ainda não acredito no que li. —disse. —Quando a gente olha pra Bia, não pensa que ela tem tanta voz.

Quando recebi a matéria completa, tive certeza de que Rafa estava certo, a Bia era a melhor pessoa com quem eu podia fazer minha entrevista pós-polêmica. A escrita dela era diferente do comum de jornais tradicionais, ela trazia os fatos com um ar de ironia e colocava sua opinião com as provas, ela escrevia tão bem que era impossível discordar com o que falva. Achei diferente do que eu já tinha visto e adorei, se ela escrevesse uma matéria sobre a Terra ser plana, eu ficaria muito tentada em ignorar todas as evidencias cientificas para concordar com ela.

Minha rotina depois de toda a polêmica mudou muito, decidi ficar off-line por alguns dias, queria tentar esquecer de tudo, ou melhor, fingir que nunca aconteceu. Nem preciso dizer que não consegui, durante aqueles dias, me foquei na faculdade e coloquei minhas séries em dia.

Diferente de mim, Rafa continuava trabalhando tão intensamente que, mesmo morando no mesmo apartamento, passei um dia sem o ver. Ele se esforçava bastante para crescer e eu ficava feliz por ele, já que todo o trabalho tava dando os primeiros sinais de sucesso. Quando ele, com um sorriso amarelo, me pediu para fazer as compras sozinha pois precisava terminar uma gravação, eu aceitei sem reclamar, era tudo que eu queria, uma caminhada com um pouco de ar fresco, e poluído, do lado de fora.

O bairro que Rafa e eu morávamos era ótimo, tinha mercado, farmácia, restaurante de todos os lugares do mundo e lojas de coisas que eu nem sabia que existia antes de me mudar, tudo maravilhosamente perto do apartamento e nos economizando muito dinheiro com uber. Sempre que tinha tempo, saia caminhando pelo bairro, ouvindo música, vendo os prédios, as pessoas, os carros, pra mim, menina do interior, era quase como andar dentro de um filme, tudo parecia acontecer ali.

Pra quem me conhece, fica claro o quanto eu amo morar em São Paulo, adoro que é sempre muito movimentado, mas que, mesmo assim, você pode encontrar um restaurante calmo com os donos fofos que parecem seus avós. Mas, acima de tudo, adoro que se eu quiser, posso descobrir um canto novo todo dia por muitos anos. Desde meu primeiro dia, eu me sinto em jogo de mistério e aventura, não largaria essa cidade por nada.

Quando Bia me disse que ainda não conhecia nada da cidade, minha vontade era de sair com ela e mostrar cada centímetro dos lugares que eu amava. Tinha certeza que ela teria sensibilidade para entender o que queria dizer, apesar de ser uma caixinha de surpresas, eu sabia que ela era especial. No nosso primeiro contato, pensei que era só mais uma jornalista, que estava pronta pra ser profissional e conseguir a entrevista, mas assim que ela começou a conversar, percebi que, mesmo um pouco nervosa, ela era muito mais que só uma jornalista, ela era uma boa amiga que sabia confortar e divertir. Depois daquilo, eu só conseguia pensar em como o universo mexeu os pauzinhos para que nós duas nos encontrássemos em um momento que precisávamos uma da outra profissionalmente e, provavelmente, na vida pessoal também.