13. LIS

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Eiiii people! Como vocês tão? Aqui as coisas tão doidas, mas eu continuo amando vocês. 

Esse é um capitulo pequenininho, só pra vocês saberem sobre a Lis e o que tá pensando depois do beijo mais esperado dessa comunidade.

Boa leitura, Rapha <3


Me assumir lésbica não foi um grande problema pra mim, minha família nunca foi muito conservadora e minha tia mais legal já tinha quebrado todas as possíveis barreiras ao se mudar com uma "amiga" no inicio dos anos 90. Na verdade, acho que assim como eu, meus pais sempre souberam sobre a minha sexualidade, então quando uma vizinha fofoqueira foi contar pra minha mãe que me viu beijando uma garota, não foi muita surpresa para minha família.

Nunca fui muito boa com relacionamentos, perdi as contas de quantas vezes acabei me apaixonando por uma menina hétero e, lógico, só me frustrando. Com Bia não foi nem um pouco diferente, no inicio eu tentei tirar da minha cabeça, mas no meio da pista de dança, a bebida só colocou mais gasolina no que já estava pegando fogo. Eu gostava de Bia bem mais do que como amiga, bem mais do que deveria.

Foi impulsivo e irresponsável beijar Bia do nada no meio de uma música, principalmente porque ela nunca tinha me dado nenhum sinal de que estava afim de mim, pior ainda, ela nunca tinha dado nenhum sinal de que, em algum momento da vida, ela se interessava em mulheres. A razão sumiu no meu contexto ontem à noite, parte de mim se arrependia, mas a outra parte estava feliz por finalmente ter realizado um desejo de semanas.

~*~

Várias mensagens inúteis depois, depois de escrever inúmeros pedidos de desculpas, culpar a bebida e não meu enorme crush nela e praticamente dizer que tudo que aconteceu ontem foi uma ilusão, não tiveram efeito. Minha única esperança era ela esquecer de tudo e nós continuarmos como sempre, como amigas e eu tentando não gostar dela. Eu sabia que estava apenas me iludindo, que ela provavelmente iria sumir da minha vida e, apesar de parecer impossível no momento, eu iria dar um jeito de catar os caquinhos do meu coração para esquecê-la.

Como ressaca moral não se cura com estômago vazio e com lágrimas, eu resolvi sair da bat-caverna, meu quarto, e arrumar alguma coisa para comer e que, por sorte, me fizesse parar de pensar na noite anterior. Provavelmente eu não estava com a melhor das caras ao cortar o frango para o strogonoff, já que, assim que chegou na cozinha, Rafa tentou fazer um comentário engraçado para quebrar o clima de ódio eu tinha criado no ambiente.

—O que o frango fez pra você?

—Nada! Na verdade, eu que tô esquartejando o coitado. —disse sem paciência, além de ter agido por impulso e estragado tudo com Bia, eu ainda não tinha vergonha na cara de parar de comer carne de uma vez. Que ser humano perfeito, o universo tava bem orgulhoso.

—Então ele que devia estar puto como você, não o contrário.

—Todo mundo devia tá puto comigo hoje. Eu só faço merda, Rafa! —disse, deixando a faca de lado e o choro sair.

O frango ficou de lado mesmo, o mais importante não era terminar o strogonoff, mas sim falar sobre o que estava sentindo. Então, o frango voltou pra geladeira e o sorvete saiu. Contei tudo que tinha acontecido na noite anterior, enquanto me afundava no pote de sorvete, eu comi o de chocolate e creme, Rafa, como sempre, com o de morango.

—Mas a Bia fica com meninas?

—Não, Rafa! —conclui o drama. —Resumindo eu estraguei tudo com ela, muito difícil de ela voltar a falar comigo. Ela nem visualizou minhas mensagens! —terminei. Com toda a conversa eu tinha esquecido como que se fazia para parar de chorar, algo que estava me deixando extremamente desconfortável.

Sabe quando você faz um merda e tem que lidar com a situação? Quando você sabe que foi culpa sua e, ao invés de reagir, você fica lembrando dos momentos antes de tudo acontecer, sonhando voltar no tempo e mudar tudo. Era assim que eu estava desde que beijei Bia, sonhando com uma fada que iria mudar tudo e fazer ela esquecer daquilo.

—Às vezes nem é isso. —disse Rafa, mas eu não conseguia imaginar um cenário em que isso seria verdade. —Qualquer um ficaria zoado se você beijasse.

Se existe uma cara de interrogação, foi o que eu fiz. Rafa percebeu e continuou a falar.

—Você, uma menina linda dessas, inteligente, sensata e que é a alma de qualquer festa, beija uma pessoa do nada. Qualquer um ficaria desorientado! —explicou.

—Não acho que seja o caso, mas obrigada. —agradeci, voltando para o resto do sorvete que compartilhávamos.

Eu tinha estragado tudo como sempre. Ponto final.

~*~

Mesmo na fossa, a vida não para. O trabalho bate na porta, as contas chegam e ninguém liga se você está perto de um colapso e a única salvação é ficar na cama por 90 dias assistindo ao Discovery Home & Health. Dessa forma, mesmo não estando no clima, eu passei a tarde toda em uma reunião importante de trabalho. Como consequência da repercussão da matéria de Bia, várias marcas me procuraram para fechar parcerias. Se eu pudesse, teria remarcado a reunião para outro dia, outra semana, outro mês, outra realidade na qual que não tinha feito merda, mas não era possível.

A empresa que ocupou minha tarde toda tinha uma proposta irrecusável. O contrato propunha que eu fizesse uma semana de lives falando sobre o feminismo, machismo, violência contra a mulher, homofobia e lesbofobia, tudo isso com participações escolhidas por eles e que me agradavam bastante. Além do valor alto que eu receberia pelas lives, eles queriam algumas publis no instagram. Nunca, em toda a minha carreira, eu tinha tido oportunidade de fechar um contrato tão vantajoso monetariamente e que me traria tanta realização pessoal. Tenho que admitir que, quando recebi o email, achei que era uma pegadinha. Os zeros a direita eram bons demais pra ser verdade.

Meu dia seria perfeito se eu não tivesse beijado Bia na noite anterior. Não que eu não tivesse gostado, claro que eu gostei, mas as consequências não foram boas. Assim que entrei no uber, a caminho de casa, percebi duas coisas, ainda nenhum sinal de Bia, e que eu tinha chegado a 250 mil seguidores no meu canal de lives.

Tudo que eu queria era contar pra todo mundo, minha mãe, Rafa, Bia e Bia e Bia e Bia. Não tinha como negar, eu queria resolver tudo com ela. Se eu tivesse com a mesma impulsividade da noite anterior, eu teria trocado o endereço no aplicativo e ido para o apartamento dela, iria tocar o interfone até que ela cedesse. Mas eu não tinha aquela impulsividade, na verdade, eu estava morta de medo, paralisada emocionalmente, prontinha pra me esconder dentro de uma carapaça de durona.

Não fiz nada. Fiz tudo que estava acostumada a fazer, casa, trabalho, faculdade, trabalho, faculdade, chorar deitada na cama, ver comédia romântica e comer doce. Nada como ser imatura emocionalmente e fugir das consequências dos próprios atos comendo e chorando por romances fictícios. Minha dica sempre será Se Eu Ficar, drama que morre todo mundo, e brigadeiro, melhor invenção do brasileiro.


O coração tá apertadinho? Pq eu fiquei com dózinha da Lis. Ela devia ter beijado a Bia se autorização? Não, mas pra esse casal a gente passa pano, né? (Não me deixem sozinha aqui.)

Me contem tudoooo, também me deixem uma estrelinha e me façam feliz!

Até o próximo capitulo!

Com amor, Rapha <3

Bia e Lis - A Descoberta De Um Amor [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora