Bia e Lis - A Descoberta De Um Amor [CONCLUÍDA]

18. BIA

As coisas tão ficando mais tensas agora no final, mas boa leitura!

*cabe falar que esse capitulo pode ter gatilhos relacionados à homofobia, se você não se sentir bem com isso e quiser conversar, eu estou aqui*

Eu estava nas nuvens, me sentia a própria Cinderela depois que começou a vida de princesa, mesmo que a história seja um pouco problemática. Nos três primeiros meses que se passaram desde que tinha me acertado com Lis, minha vida melhorou muito. Trabalho novo, amigos novos e, é claro, um amor novo. Estar com ela era sempre novo e excitante, cada pequena coisa era uma grande novidade.

Com ela eu tive várias primeiras vezes, a primeira vez que publiquei como colunista oficial do Buzzie, a primeira vez que fui entrevistada, a primeira vez que comi sushi, a primeira vez que fiz um stories de blogueira no meu instagram, a primeira vez que vi o mar e, o mais importante, a primeira vez que eu admiti amar uma mulher.

No meu trabalho novo estava tudo dando muito certo, minhas colunas semanais estavam tendo muitos acessos e eu era livre para escrever sobre qualquer assunto que me desse vontade, tinha carta branca para preencher as minhas 2 mil palavras. Além de escrever, eu estava na produção da minha primeira websérie dentro do canal deles no Youtube. Exatamente, Beatriz Ribeiro iria virar uma youtuber. Se alguém me falasse isso no ano anterior eu teria achado graça e perguntado que tipo de substância alucinógena a pessoa tinha consumido.

Apesar de toda essa enorme onda de felicidade e paixão e de muitas sessões de terapia, eu ainda não tinha conseguido contar isso para minha família. Estava mais feliz do que já tinha sido em todos os meus anos como habitante terrestre e não conseguia falar. Só de imaginar a reação da minha mãe quando descobrisse, sentia calafrios. Tive vários pesadelos nos quais ela descobria e resolvia me jogar na fogueira. Minha mente criativa conseguia criar inúmeros cenários, mas conhecendo a minha mãe, nenhuma deles era positivo.

Esse meu medo estava atrapalhando meu relacionamento com Lis. Mesmo ela dizendo que respeitava o meu tempo, eu sabia que a chateava quando a escondia durante as ligações por vídeo ou quando a apresentava apenas como uma amiga. Eu sabia, Letícia já tinha me falado, o Rafa já tinha me dado esse toque, mas eu ainda não tinha forças para sair do armário. Nós duas seguíamos assim, nessa necessidade de esconder nosso amor da internet, fingindo sermos apenas boas amigas, mesmo sendo muito mais que isso.

~*~

Na faculdade, eu tive várias oportunidades de treinar o jornalismo de frente para as câmeras, mas esse nunca foi meu forte, sempre gostei da parte escrita. Mas quando Roberta, a minha mais nova chefe, me pediu para tentar gravar uma websérie sobre a história do feminismo, eu não pude negar. Engoli minha vergonha e meu medo de errar, disse sim para ela.

Depois disso, trabalhei igual louca, horas de pesquisa, escrevendo roteiro, entrevistas, iluminação, enquadramento e, por fim, as gravações. No inicio era péssimo, eu pedia para parar a cada quinze segundos, gravava cada parte umas dez vezes para ficar minimamente satisfeita. No fim do dia, eu já não sabia como os meus colegas de produção ainda me chamavam para o happy hour, eu passava o dia enchendo o saco deles com as minhas paranoias. Apesar desse novo desafio, eu estava muito feliz no trabalho e com o resultado das gravações.

Uma das melhores coisas de trabalhar no Buzzie era a comida. Todos os dias tinham várias receitas novas do departamento de culinária. Enquanto eu fazia o favor de experimentar mais um bolo de chocolate perfeito, meu telefone apitou com uma mensagem do meu irmão mais novo, Vítor.

"Bia, é você mesmo nessa foto?"

A mensagem que veio junto com uma captura de tela do twitter.