Ahhhhhhhhhhhh não acredito último capítulo!!!!!!
Espero que vocês gostem!
Eu nunca tinha ficado tão mal em toda a minha vida. As palavras que minha mãe me disse depois que descobriu a minha sexualidade me atingiram como pedras, eu sabia que ela iria reagir mal, mas uma parte de mim tinha esperanças que ela ia me dizer que estava tudo bem e que eu iria ser amada pra sempre.
Apesar de não querer, cai no fundo do poço e, ao invés de tentar sair, comecei a cavar ainda mais o buraco em que estava. Nada fazia sentido, nada me fazia querer levantar da cama, tomar banho e trabalhar. Eu me odiava por estar naquela situação, queria ser forte e não dar tanta importância para as opiniões dos meus pais, mas simplesmente não conseguia.
Estaria mentindo se dissesse que, em algum momento, não pensei que se não estivesse com Lis nada daquilo estaria acontecendo. Se eu terminasse, tudo voltaria ao normal. Ao mesmo tempo que esse pensamento passava na minha cabeça, eu não conseguia parar de pensar que gostava dela. Ela tinha ficado triste comigo, me abraçado enquanto chorava, tinha cuidado de mim todo o tempo, estava tentando me tirar do buraco e, provavelmente, se não estivesse lá, eu teria ficado jogada na cama até começar a morrer de desidratação ou de tristeza, o que viesse primeiro.
Já estava me preparando para tentar voltar para o trabalho, não podia me dar ao luxo de ficar mais um dia em casa, sem esperanças de que algum dia minha mãe iria voltar a falar comigo, quando meu telefone tocou e o visor indicou o nome dela.
Imagine minha surpresa quando ela pediu, no meio do choro, que eu a desculpasse. Eu também chorei é obvio, quando já estava sem esperanças, meus pais tinham resolvido me dar uma chance. Estava tão feliz que, quando terminei a chamada, já estava discando o número de Letícia e correndo até a sala para também dar a boa noticia para Lis. Bom, eu nem precisava ter corrido para dar as boas novas, já que as duas tinham todos os dedos no acontecimento.
—Não acredito que vocês fizeram isso! — disse depois de dar um beijo nela e ainda abraçada.
—Eu faria tudo pra ter ver assim, felizinha. — me beijou de novo enquanto falava. —Mas foi tudo ideia de Lê, eu só falei com eles. Seu irmão é bem legal, pensei que ele seria como todo adolescente, um pé no saco.
—Ele choraria se soubesse que você disse isso dele. — disse rindo dela. Com certeza meu irmão iria começar a fingir agora, mas ele era fã dela a muito tempo, se não fosse, eu não teria a conhecido. —Mas como foi tudo?
Ela me explicou tudo e, enquanto ela falava, eu me arrepiava inteira. Ela tinha sido forte, eu não seria capaz de enfrentar meus pais daquela forma. Na primeira lágrima da minha mãe, eu desistiria do meu discurso e deixaria de lado.
~*~
Depois que meus pais deram um voto de confiança para mim e Lis, nós decidimos que era hora de colocar na internet a verdade e deixar pra trás tudo aquilo. Não foi nenhum vídeo no estilo chá revelação de blogueira ou grande suspense, foi algo simples, mas com muito significado. Uma foto nossa na primeira viagem juntas, junto com um texto explicando tudo que tinha acontecido.
Assim que as fotos foram postadas, sumi de todas as minhas redes sociais. Nós duas ficamos juntas, com os amigos mais próximos —Lê, Rafa e Lucas—, comendo pizza e fazendo maratona de Harry Potter. Queríamos um momento de paz depois de todo aquele furação e assim foi.
Claro que tiveram mil comentários maldosos e mensagens homofóbicas, mas recebemos também várias mensagens de amor e carinho. Como consequência, meu publico aumentou muito, as pessoas pareciam ainda mais interessadas em ouvir o que eu tinha a dizer. Roberta, minha chefe, me disse que as visualizações nas minhas colunas e nos meus vídeos estavam subindo muito rápido.
Não foi fácil fazer essa transição, mas meus amigos e até mesmo família ajudaram bastante. Nos primeiros dias eu respondi dezenas de mensagens de parentes e amigos, perguntas se estava tudo bem e desejos de felicidade, quem não se pronunciou, também deixou claro as suas opiniões. Para lidar com tudo isso precisei de muita terapia, muito mais do que já fazia antes. Apesar de ter sido brusca e contra a minha vontade, minha saída do armário aconteceu e eu lidei com ela. A antiga Bia não teria conseguido reagir bem ou se levantar depois disso, mas a nova versão de mim conseguiu, com o apoio de amigos e, principalmente, da minha namorada.
Todos os dias um diferente eu nascia, mais esperta e mais madura, mas ainda com respeito pela versão anterior e pelas decisões que ela fez. Todos os dias eu me esforçava, aprendia e lutava pra que a versão do amanhã se orgulhasse de mim. Batalhando para deixar a princesa orgulhosa, no caso a princesa era eu.
~*~
— Tem certeza disso? — A ideia de Lis era visitar meus pais no feriado prolongado, algo que pra mim era um passo grande e para qual nenhuma das partes estava pronta. —Tá muito encima da hora, as passagens devem tá custando um rim e um pedaço do fígado.
— Não tem problema, eu fechei um job ótimo na terça-feira. — disse já abrindo o site das passagens.
—Não sei se é um bom momento, agora que minha mãe tá falando 'oi, tudo bem' com você. — falei.
—Que isso? Eu me dou bem com mães, Dona Rosana me achou no facebook pessoal e me mandou solicitação. —ela riu. —A mulher é o próprio FBI. —ri também, minha mãe sabia encontrar tudo no facebook.
Eu queria que tudo ocorresse bem, mas era quase como jogar um cachorrinho na jaula de leões. A mãe da Lis, Anelise, tinha sido uma fofa comigo quando veio visitar a filha. Tinha me tratado bem, contado as histórias de criança de Lis e cozinhado pra mim.
Mas Lis sabia o que queria e acabou me convencendo a marcar a viagem para o próximo feriado. Eu suei frio todos os dias até o dia da viagem, e quando nós duas descemos do ônibus na pequena rodoviária da cidade, que cabia apenas dois ônibus no terminal, eu estava pronta para ter um infarto.
Enquanto eu procurava o taxista que sempre me buscava, Lis puxou meu braço.
—Aquele não é o seu pai? — Meus olhos não acreditavam no que estavam vendo. Meu pai tinha saído, no meio da noite, pra nos buscar. Era algo raro, já que ele precisava madrugar para ir trabalhar na padaria.
Bom, as regalias para Lis não terminavam na carona, minha mãe tinha feito um jantar para esperar a gente, a lasanha de domingo na madrugada de quinta. Isso me fez esperar pelo almoço de domingo, talvez a gente recebesse um buffet inteiro na nossa cozinha. Ela também tinha arrumado a beliche do mesmo jeito que arrumava quando minhas amigas iam dormir, era a forma dela de mostrar que estava aberta a entender.
O fim de semana todo pareceu uma pegadinha, minha mãe estava tratando Lis muito bem e eu só observando e procurando as câmeras escondidas. O auge foi no domingo, quando minha mãe aceitou a ajuda da minha namorada para lavar as louças favoritas dela, algo que eu só tive liberação para encostar depois de 21 anos.
Tudo foi bem, minha mãe ainda fazia um pouco de cara feia quando nós duas nos sentávamos próximas e quando nós duas nos encostávamos, até mesmo nós obrigou a deixar a porta aberta. Meus avós não entenderam muito bem a situação, para eles Lis era apenas uma amiga e eu não iria estragar todo o feriado para explicar algo que eles, no auge dos 80 anos, não iriam entender facilmente. No fim, tudo foi bem, quando nós embarcamos de volta eu estava feliz, não teve nenhum barraco, nenhuma briga, nada demais.
Aqueles três dias foram muito importantes pra mim, com eles eu tive esperança. Voltei acreditando que meus pais e Lis poderiam dar certo com o passar do tempo. Eles estavam se esforçando por mim e eu estava orgulhosa como nunca estive.
Eai? Contentes? Me conta tudooohhhhh, fala se chorou, se passou raiva ou se quer um amor desses! Me deixa um comentário e uma estrelinha :)Até o epilógo! Ps.: prometo que vai ser pra aquecer o coraçãozinho!
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Bia e Lis - A Descoberta De Um Amor [CONCLUÍDA]
RomanceBeatriz é uma jornalista fracassada que largou toda uma vida planejada para correr atrás do seu grande sonho. O único problema é que ela está perdendo essa corrida, passando seus dias reclamando do chefe e cuidando de seus dois gatos, Gus e Amelinha...