19. LIS

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Eiiiii, faltam só 2 capitulos e o epílogo! As coisa tão difíceis pro nosso casal, mas elas merecem um final feliz :)

Boa leitura!


Eu faria qualquer coisa, pularia de bangjump, mergulharia com tubarões ou correria na corrida mais difícil do mundo, se soubesse que aquilo faria Bia mais feliz. Já tinha feito tudo, tinha ficado abraçada com ela o dia todo, pedido comida dos seus restaurantes favoritos, oferecido um final de semana na praia, tudo e a única reação que ela tinha era negar com cara de quem tinha acabado de receber uma fralda suja como presente de natal.

Minha última tentativa era fazer a comida favorita dela, pão de queijo com café diretamente do sítio dos seus avós. Claro que eu não tinha nenhum talento pra isso, mas o capitalismo criou um mundo onde você pode comprar tudo congelado e parecer que é uma receita de família. Minha esperança era que ela finalmente saísse do quarto.

Desde que a foto foi divulgada, Bia estava num estado de negação e, quase, de luto. Na primeira noite ela chorou e eu a acompanhei. Na manhã seguinte ela tentou ligar para a mãe várias vezes, tentou mandar mensagem, mas tudo que a minha sogra fez foi bloquear a própria filha. Sim, uma mãe bloqueou a filha num momento tão difícil.

Tudo bem que a sociedade tem o costume de romantizar a maternidade como se fosse uma coisa fácil ter um individuo dependendo de você por uns bons 18 anos, mas porra, bloquear o número da filha é um pouco demais para qualquer um. Nem a mãe do Bolsonaro o bloquearia no whatsapp e eu garanto que ela tem motivos pra isso.

Depois da sexta e do final de semana sem mandar nenhuma notícia para o trabalho, a chefe de Bia foi bem compreensiva e permitiu que ela trabalhasse em casa o tempo que precisasse. Isso em parte era bom, mas por outro lado, só dava mais um motivo pra Bia ficar o dia todo no quarto sem ver a luz do dia. Ela estava se colocando em uma prisão, cumprindo a pena por gostar de mim.

Eu tentei. Coloquei o notebook na mesa de jantar, perto de todas aquelas anotações malucas que ela fazia, no meio das ideias que ela tinha enquanto escovava os dentes e que escrevia num pedaço de papel higiênico, limpo, e colocava no meio de um dos seus caderninhos fofinhos. Mas nada adiantou, ela passou o dia sentada olhando pra tela do word em branco. Tirar as palavras da Bia era como cortar as asas de uma borboleta, ela nem era mais a mesma pessoa.

Aquilo me doía até a alma, ver a mulher que eu amo se arrastando pelos cantos me fazia querer gritar como o mundo, procurar alguém pra culpar.

Ela não estava ligando mais para a foto, aquele era o menor dos problemas dela. Mas eu ainda estava ferida e pronta pra brigar com o ser humano que a tirou. Apesar de ser quase impossível descobrir o autor da foto e da internet parecer uma terra sem lei, tinha feito uma denúncia na delegacia de crimes virtuais. Foi a válvula de escape que encontrei para não surtar.

Para uma pessoa que nunca tinha feito pão de queijo na vida, a minha primeira vez foi muito válida. Eles não ficaram macios como quando Bia fazia e o café ficou um pouco mais fraco do que ela costumava fazer, mas era uma refeição razoável com nota oito.

Minha ideia de surpreender Bia foi um pouco frustrada, já que ela já estava acordada olhando pra página em branco do Word.

—Pensei que iria te pegar dormindo ainda.

—Meu relógio biológico não para de me acordar cedo. —disse dando uma risadinha meio sem graça.

—Fiz pra você. —entreguei minha produção pra ela. Bia provou o café e fez uma careta. —Eu juro que tentei recriar o seu café e o pão de queijo. —Dessa vez ela riu um pouco mais.

Bia e Lis - A Descoberta De Um Amor [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora