01. BIA

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Não acredito que você realmente me deu essa chance! Muito obrigada pela confiança, estou aqui fazendo uma dancinha de comemoração bem constrangedora kkkkkk

Aproveite o primeiro capitulo e conheça um pouquinho da Bia, boa leitura!

Com carinho, Rapha <3


O que eu escolheria se o meu pedido ao apagar as velinhas pudesse se tornar realidade?

É obvio que cada pessoa tem um desejo, né? Minha mãe, por exemplo, pediria para que eu saísse do meu 'surto' e voltasse a morar com meu ex-namorado em Belo Horizonte. Minha vó, com certeza, pediria para que uma grande empresa de jornalismo resolvesse trazer sua sede para a nossa pequena cidade de 50 mil habitantes e me desse o cargo de CEO. Meu pai iria pedir os números da loteria e meu irmão só queria uma internet rápida para não travar o vídeo game. Cada um com o seu maior desejo de alma, quem sou eu para julgar isso.

—Não esquece do pedido! —disse minha mãe enquanto eu me preparava para assoprar as velas. Uma na forma do número 2 e outra de número 4. Não, não é meu aniversário de 42 anos, eu sou uma jovem mulher. Segundo a OMS, estou saindo da adolescência, completando exatamente 24 anos nesse planeta Terra.

Embora eu quesesse ser cética, não acreditar na influencia dos astros ou que o universo pode ouvir meu pedido e retornar a mensagem, eu ainda sou a pessoa que acredita. Todos os anos, desde que descobri que podia fazer um pedido para o universo, eu peço alguma coisa. Era uma Barbie bailarina, uma pista da hotweels ou ser a menina mais popular da escola.

Com 24 anos, fiz um pedido um pouco diferente. Talvez isso seja só um sinal de que eu tenha realmente crescido, ou bitolado de fez. Mas o único pedido que veio na minha cabeça foi a coisa mais hippie e good vibes que eu já consegui pensar: "Quero ser eu!". Acho que, desde o dia que li a definição da OMS, fiquei pensando nisso. Não queria mais ser uma garota, apesar de ainda me enxergar daquela forma, queria ser uma mulher adulta.

Eu estava começando a mudar, com passos lentos, mas pelo menos eram para frente. Depois de 6 anos acomodada em um relacionamento consegui fugir da velha eu, sim aquilo era uma fuga. Terminei com meu ex no fim do ano, consegui um emprego em outro estado e me mudei. Era um emprego bem bosta, mas ainda tá valendo. Em 4 meses minha vida virou de ponta cabeça, num momento eu estava conversando com o meu namorado sobre em que cidade iriamos passar o natal e de repente estava morando em outra cidade com dois gatos e um cachorro.

Ainda estava em estado de choque e voltar para casa depois desse período não foi uma boa ideia. Cada passo que eu dava dentro de casa fazia minha voz interior gritar: Volta pra casa! Você é maluca! Vai morrer de fome ou com um infarto com 25 anos! Você é um cocôzinho!

—Você sabe que é só um pedido, né? Ai a gente come o bolo e fica feliz por você. —disse meu irmão nerd, que tem como única habilidade jogar vídeo game o dia todo, além de, claro, ignorar toda a família.

—Pedi pro pai ganhar na loteria sozinho e descobrir que você não é da família. Aí eu não tenho que dividir a herança com você! —disse enquanto mostrava a língua pra ele. Com 24 anos no mundo e maturidade de uma criança de dois anos.

—Vish, agora que contou perdeu a oportunidade de ficar rica então! —respondeu.

Como sempre, meu bolinho de aniversário foi na casa da minha avó. A casa dela é um lugar bem simples, casinha de interior mesmo. Tem o fogão à lenha esquentando a cozinha, o que é bom no inverno, mas terrível do verão, tem uma mesa de madeira bem grande para acomodar toda a família na hora das refeições. Pensa numa família que gosta de sentar na cozinha e contar histórias, cada visita não pode ir embora sem contar algo sobre alguém diferente. Acho que foi ali que aprendi a ser jornalista, parecia uma mini repórter, buscando informações sobre quem roubou a calcinha de quem no varal.

Bia e Lis - A Descoberta De Um Amor [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora