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Bárbara

Pagodinho comendo no centro, só tocando vou pro sereno, nem gosto. Minha mãe em pé sambando com o Paulinho e eu sentada na cadeira.

Isabel: Vai levar minha filha pra onde, Andrelle? Deixa minha cria aqui, caralho!

Andrelle: Não, a gente vai ali e volta rápido, Bebel.

Isabel: Tá viçando já é?

Bárbara: Kkkkkkkkk - dei um berro, minha mãe é foda.

Andrelle: Não, coé? Kkkkk ela já volta po, calma! Vai me ajudar em uma parada aqui.

Vim pro pagofunk com a minha mãe, mona me arrastou, pois tava dizendo que eu tava muito borocoxô. Pprt, eu tava cabisbaixa esses dias mesmo.

Era uma ansiedade do caralho pra minha menstruação descer, o que atrasava mais ainda pelo nervosismo e por esse motivo nem tava saindo de casa.

Já tava ficando depressiva, viado. Tava mais maluca do que já sou, eu pensava tanto nisso que até sonhei com o meu pai me matando quando descobria que eu tava grávida, maior doideira. Tá repreendido!

Quando ela desceu até chorei de felicidade, nunca fiquei tão feliz na minha vida em acordar toda suja, tá maluco? Senti uma paz enorme, alívio grande. Obrigada, Deus.

Bárbara: O que foi?

Andrelle: Bora ali!

Segui a sapatão de olhos fechados né, confio. Mas essa vagabunda tá de sacanagem comigo, me fez sair do meio do furdunço pra ir lá parte mais afastada onde tinha vários carros e motos estacionados.

Quando bati o olho na minha diferença já comecei a xingar ela de safada e vacilona. Fiquei logo puta, não queria ir, sabia que era estresse.

Dito e certo, foi dois minutos conversando na moral e o resto todo quebrando o pau. Fui falar que esse bofe não era ninguém ele se estressou!

Cada coisa, cara me xinga horrores, fala pra caralho, faz maior ignorância e depois ainda quer que eu vá lá falar pra ele? Eu não, ele que lute!

Bárbara: Você não me íntima em nada.

Atanásio: Pois deveria! Dia que eu sair da lógica contigo tu vai ver.

Bárbara: Pois saia, to doida que isso aconteça. Hahahaha! - debochei.

Atanásio: Fica com teu deboche, só fica sua filha da puta! - falou puto.

Bárbara: Fico mesmo. Ah, quer saber? Tchau! - dei as costas ele me puxou pelo ombro virando de frente de novo na maior brutalidade.

Atanásio: Num me dá as costas não que eu não terminei de falar contigo.

Bárbara: Problema teu, eu já terminei de falar e é isso que importa. Me erra, cara!

Fui pra dar as costas de novo ele me deu um empurrão que eu fui com tudo pra frente me batendo no carro, pois daí eu já virei puta empurrando ele de volta também.

Eli: Bárbara? - me gritou e eu olhei na hora. - O que é que tá pegando? - já veio se aproximando.

Bárbara: Nada, tio! - ele colocou o braço no meu ombro me abraçando de lado.

Eli: Qual foi? Algum problema aí? - falou encarando o Atanásio serinho.

Bárbara: Problema nenhum, o que eu tinha já resolvi.

Eli: Então bora! - saiu me tirando de lá, mas antes deu uma encarada no bofe que sustentou o olhar também.

Sai abraçada com meu tio falei nada, nem ele, maior silêncio, eu preocupada abeça se ele tinha visto mais alguma coisa, sei lá.

Eli: Qual foi desse menor? Ele é filho do finado Renatinho lá do dendê né?

Bárbara: Sim.

Eli: E tu tem o que com ele?

Bárbara: Amizade ué.

Eli: Não era o que parecia né? Quer meter sete logo pra mim? Logo eu? - falou risonho.

Pior que não dá, não dá mesmo. Meu tio Eli é o maior 71 que existe nesse rj, esquece. Quando começa os papos antigos que o povo fala das caozadas que ela inventa, pra mim não dá!

Até que tinha se convertido pra crente o bofe meteu, demorou nada tava no mundo. Leva qualquer um de engano ele, tu acredita fácil.

Bárbara: Ah, cara!

Eli: kkkkk quando teu pai souber menó, to até vendo o caô que vai dar. Princesinha dele cresceu!

Bárbara: Brinca não, nem brinca! Tu não viu, nem ouviu nada da minha boca. Kkkk

Eli: Posso até não ter ouvido, mas o que eu vi não tiro da mente não, porque não gostei. Não gostei da forma que esse moleque tava de tratando não, ein?

Ele me dando vários papos, falei onde tava com minha mãe e ele foi me levar até lá. Perguntei pra ele o que ele tava fazendo pelo pagode, cadê a mulher dele, desconversou maneiro que chega eu esqueci que ele não tinha respondido. Kkkk

Isabel: Não entendi nada! Você sai com a Andrelle e volta com o Eli.

Bárbara: Encontrei ele no meio do caminho cara, deixei a sapatão lá e voltei conversando com meu tio.

Isabel: Hum... sei! Aiai, Bárbara. Depois a gente vai conversar! - falou seríssima.

INIMIGO DO ESTADO (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora