44 - M

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Bárbara

Eu só sabia chorar em silêncio, já que tomei bem um bico na cara falando que se eu gritasse ia estourar minha cabeça. Fiquei meio que deitada naquele banco com as mãos amarradas pra trás, até que o carro parou e eles me tiraram de dentro.

Eles tentaram me fazer entrar na mala, mas eu resisti. Aí que eu vi, tomou foi uns socão maneiro, bando de filha da puta covarde. Quando me jogaram lá dentro ainda tentei dialogar, questionar!

Bárbara: Covardes! - falei puta. - Pra onde vocês vão me levar? Pqp... Vocês pegaram a pessoa errada, cara! Não entendendo nada. - só ouvi um riso debochado.

Pronto, pelo riso debochado eu já entendi tudo se antes eu ainda tinha dúvidas. Os bofes sabiam quem eu era, de quem eu era filha, tudinho. Aí que eu surtei!

Ouvi só o baque da mala travando bem na minha cara e eu ficando literalmente no escuro. Andei pra caralho naquela mala, ia pra um lado e pro outro, batia minha cabeça a cada quebra-molas e freada que o carro dava.

Bagulho desesperador demais, não enxergava nada, me sentia perdida, acuada, tensa... Tentava contar os segundos e depois minutos na mente pra ter uma noção se eu estava muito longe de onde eles me pegaram ou não, mas teve uma hora que eu mesma me perdi.

Horas, foi papo de horas eu lá rodando naquela mala chamando por Deus e tudo que é santo. Maior medo de ser morta, violentada, deles fazerem uma covardia maior comigo, sabe? Deus que me livre!

Uma coisa é ter alguém apontando uma arma pra tua cabeça dizendo que vai te matar, que tu vai morrer, ali você sabe que pode morrer ou não, mas sabe que vai tomar dois tiros e acabou.

E eu aqui? No meu caso eu não tinha isso, o que me dava milhões de opções pra pensar e trazia vários pensamentos do que poderia acontecer comigo, tava sujeita a todo tipo de maldade!

O carro já tinha parado, não se movimentada mais, só que eu também não ouvia mais bct nenhuma a não ser a minha própria respiração.

Verdadeiro pesadelo que eu estava vivendo, sensação de desespero, abafamento pelo calor dali, estava com fome, com sede, uma vontade de fazer xixi do caralho que eu tava quase mijando nas roupas.

Ja não tinha mais lágrimas pra chorar, nem forças pra chutar aquela porra daquela mala, então fiquei quietinha por um tempão até que ouvi destravarem o porta malas novamente e eu me encolhi!

Moço me deu uma sacudida pra ver se eu tava viva mesmo, depois trancou de novo a porta e o carro voltou a andar. Rodaram a beça comigo, até chegar em um lugar que parecia ser cheio de buraco, porque eu me bati demais ali dentro a cada entrada que o carro dava.

Quando eles pararam o carro, destravaram novamente a mala e um dos caras me tirou dali pelo braço na maior brutalidade. Eles me colocaram em pé em algum lugar, eu maluca da vida já pensei que seria executada.

Comecei a chorar, querer gritar, implorar por tudo que era mais sagrado! Os bofes não trocaram uma palavra comigo, só colocaram o telefone no meu ouvido e eu ouvi a voz do meu pai!

Automaticamente eu já chorei pra caralho, conseguia nem falar direito. Geralmente sou eu quem mando meu pai ter calma, mas dessa vez foi ele que tava mandando eu ter, pois eu nem conseguia falar nada!

Ligação: 📞

Escuta o que eu to falando, Bárbara. Calma!
- Pai? Pai? Me tira daqui, por favor! Por favor... to te implorando, me tira daqui. Eu to com medo, não sei o que tá acontecendo, por favor!
Tú tá bem? Eles tocaram em vc? Fizeram alguma coisa contigo? - falou nervoso, reconheço.
- Não, não, eles não fizeram nada comigo não.

INIMIGO DO ESTADO (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora