Introdução

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Domingo, 31 de agosto de 1997. 

21hs 35min. 

Durante a forte onda de furacões e tempestades que assolava o Pacífico.

Temperatura entre 14ºC e 18ºC Ventos fortes, chuva intensa. Lua minguante.

Em uma pequena cidade, em algum lugar da América Latina.

Em fuga, longe de seu planeta de origem, a Lenda se vê em um mundo habitado por bilhões de criaturas inferiores. Carregando em seu ventre as herdeiras amaldiçoadas do reino de Naron. Elas eram o motivo da guerra, a vergonha dos militares, a revolta da população... A total anarquia.

Não sobreviveria por muito mais tempo, afinal sua história já havia se espalhado por muito além dos mundos... Kahara, uma lenda, uma guerreira, uma imortal... Eram nítidos, sólidos, inapagáveis... Inesquecíveis seus feitos. Era o seu fim, mas a história real estava apenas começando. Após trazer ao mundo as criaturas amaldiçoadas sua missão seria passada. E foi então que tudo começou. O caos se instaurou.

***

Alexia trabalhava em um hospital de uma pequena cidade quando ela chegou. Acompanhou o atendimento às pressas da paciente grávida que chegou encharcada pela chuva, uma mulher negra com vestes simples, sujas como as de quem teve que se esgueirar por uma mata densa e lamacenta. Teria sido um resgate? Talvez, mas esse caso não pertencia ao seu departamento.

Horas depois um incêndio no andar da maternidade do hospital colocou todos em alerta. O quarto da paciente misteriosa fora identificado como fonte das chamas. As crianças, com horas de vida, foram resgatadas do quarto pelas enfermeiras e levadas junto com os demais, mas o corpo da moça já havia sido completamente carbonizado sem explicação nem testemunhas.

"Mas não havia ninguém no quarto com ela quando aconteceu?" 

"Ela chegou quase inconsciente, desmaiou durante o parto... Estava praticamente sedada quando tudo aconteceu...".

"E o bebê?"

"É este? Mas espere... Cadê as pulseiras de identificação?"

De fato, um bebê constou nos registros. Uma menina, ainda com ferimentos do ocorrido, resgatada às pressas. 

Alexia apenas observou toda a situação, recordando-se dos orfanatos que já vira na vida, do sentimento nos olhos das crianças... E então Alexia, que nunca pudera engravidar, fez uma importante escolha naquela noite.

Uma garotinha que carregava uma pequena cicatriz na nuca proveniente dos ferimentos daquela noite, que apesar de seus traços étnicos; como os lábios bem delineados; cresceu albina com cabelos cacheados de um loiro quase branco, olhos tão claros que oscilavam entre verde e azul, fisicamente frágil e mal coordenada... Tornando-se assim o floquinho de neve da família Meireles.  A garotinha a qual Alexia e seu marido chamaram de Melissa. 

Mas Melissa possuía raros e poderosos dons adormecidos. Sua mente era ágil; a garota era inocente, tímida, porém muito esperta e perceptiva. Apesar de se sentir deslocada, Melissa teve em sua família e amigos o apoio necessário para fazê-la sentir-se bem sendo ela mesma, mesmo em frequente luta interna contra sua própria mente ela se mantinha sob controle.

A televisão anunciou – quando Melissa ainda tinha dois ou três anos – que um orfanato próximo se desfez em chamas por um incêndio o qual jamais encontraram a causa.

Alexia e seu marido nunca souberam que a jovem mãe naquela fria noite de agosto havia dado a luz à duas crianças. Nunca souberam dessa segunda aberração solta pelo mundo.

Mas a maldição as acompanhava e um dia elas se encontrariam para terminar a história que Kahara havia começado.

Mas a maldição as acompanhava e um dia elas se encontrariam para terminar a história que Kahara havia começado

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As Filhas de Kahara e o Trono MalditoOnde histórias criam vida. Descubra agora